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Rastreabilidade: a importância do Médico Veterinário na inspeção de carnes

A rastreabilidade surgiu com a alta demanda do mercado consumidor por produtos de origem animal mais seguros e saudáveis. A rastreabilidade bovina engloba a identificação de todas as etapas e processos de produção da carne, do campo até a mesa. Permite conhecer a propriedade em que o animal foi criado, o manejo sanitário, a alimentação, o local de abate e outros.

O Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalino – Sisbov, instituído pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estabelece normas e procedimentos para o processo produtivo de bovinos e bubalinos nas propriedades rurais. A adesão ao Sisbov é voluntária, no entanto todos os animais destinados a exportação para países que exigem um sistema de rastreabilidade devem ser inscritos no Serviço.

O produtor interessado, deve solicitar o cadastramento da propriedade a uma empresa certificadora credenciada pelo Ministério da Agricultura. Após a correta identificação dos animais, a certificadora efetua a vistoria na propriedade e uma vez cumpridas as exigências da legislação, os animais são incluídos no Banco Nacional de Dados do Sisbov e a propriedade passa a ser considerada Estabelecimento Rural Aprovado no Sisbov – ERAS. A partir daí, os animais terão monitoramento individual e as movimentações serão comunicadas.

Leia agora um entrevista feita com as veterinárias: Therezinha Bernardes Porto (Fiscal Agropecuário / Médica Veterinária do Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA) e Patrícia Alves Ferreira (Fiscal Agropecuário / Médica Veterinária do IMA – Instituto Mineiro de Agropecuária).

1 – Como funciona a rastreabilidade bovina? Quais são as etapas? (Só para entendermos um pouco)

Resp.: O Sistema de Identificação e Certificação de bovinos e Bubalinos – SISBOV, tem como objetivo o controle ee bubalinos. É  de adesão voluntária para os produtores rurais, mas será obrigatória no rastreabilidade do processo produtivo no âmbito das propriedades rurais de bovinos caso de comercialização de carne bovina e bubalina para mercados que exijam a rastreabilidade. O  mercado que exige a rastrealidade é o Mercado Comum Europeu. Toda cadeia produtiva da carne está envolvida com o desenvolvimento, implantação e execução do SISBOV. Estão envolvidos os produtores rurais, certificadoras, fábricas de elementos de identificação, frigoríficos, Escritórios Locais de Atenção Veterinária e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA. Os Estados que estão habilitados a exportar para União Europeia são: Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O MAPA mantêm uma lista atualizada dos países que exigem rastreabilidade e dos frigoríficos habilitados para exportações destinadas aos referidos mercados disponível em seu site – www.agricultura.gov.br

2 – Em relação a contratação, o pecuarista tem fácil acesso? Como é esse processo de contratação? E sobre a divulgação?

Resp.: Sim. O produtor tem que procurar uma certificadora credenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA. As certificadoras estão disponíveis no site do MAPA.

A informação está disponível no site do MAPA, site do  IMA, nos Escritórios Seccionais do IMA e nas Certificadoras.

3 – Quais são os benefícios em contratar o serviço?

Resp.: O principal benefício é a organização da Fazenda. O produtor tem uma ferramenta que o ajuda na gestão da propriedade. (Movimentação de bovinos-Entrada, Saída e Mortes,  Controle dos Nascimentos, Controle de aplicação de Medicamentos e Insumos, e etc.)

4-Para o abate, o que é levado em conta para ser feito? Tem um tempo limite?

Resp.: Para o abate, o animal tem que estar em dieta hídrica e com jejum de no mínimo 12h. Para os animais que serão abatidos e exportados para a União Europeia(U.E.) os

animais tem que estar brincados e terão que ficar 90 dias na Base Nacional de Dados do MAPA e 40 dias na última propriedade. Essa é uma exigência da União Europeia.

5 – Quais as patologias que fazem com que o produto não seja adequado para o consumo?

Resp.: São diversas patologias que fazem com que toda a carcaça, ou parte dela (incluindo vísceras), sejam condenadas. Dentre as mais importantes, podemos citar:

Carcaças: tuberculose, brucelose, cisticercose, neoplasias, contusões, linfadenite, pneumonia, caquexia, magreza, septicemia.

Nas vísceras: congestão, contaminação, evisceração retardada, esteatose, teleangiectasia, cirrose, pneumonia, aspiração, neoplasia, nefrite, linfadenite.

6 – Quais são os selos que devem conter no produto? O que representa cada selo?

Resp.: Após inspecionadas pelo serviço de inspeção oficial, as carcaças são então carimbadas (carimbo do serviço oficial – carimbadas pelo serviço oficial de inspeção) e levam consigo uma etiqueta contando sua origem, data de fabricação e validade, dentre outras informações da empresa de origem. São três esferas de inspeção oficial: municipal SIM – Serviço de Inspeção Municipal), estadual (SIE – Serviço de Inspeção Estadual) e federal (SIF – Serviço de Inspeção Federal). Há ainda o SISBI que é o sistema de equivalência à inspeção federal. Cada esfera da fiscalização contempla uma área para comércio:

SIM – comércio apenas dentro do município de origem,

SIE – comércio apenas dentro do estado de origem,

SIF – comércio em todo Brasil e mercado externo,

SISBI – possibilidade de comércio fora do mercado de origem, mesmo que esta origem seja municipal ou estadual (observadas as normas para adesão ao SISBI).

7 – No caso das carnes, quais os critérios usados na hora do abate para que a carne seja ideal para o consumo?

Resp.: São utilizados critérios técnicos de inspeção e de julgamento de carcaças, que de acordo com cada caso, são destinadas ao consumo humano, ou não.

8 – Como o consumidor pode avaliar se o produto é de qualidade?

Resp.: Através da observância dos selos de inspeção (SIM, SIE, SIF ou SISBI). A presença destes selos nas embalagens atesta que aquele produto foi inspecionado por profissional capacitado (serviço de inspeção oficial) e que é seguro para o consumo. Além do mais, as empresas mantém um controle de qualidade que é auditado por cada um desses serviços citados acima.

9 – No caso de carnes, como deve ser a carne procurada pelo consumidor para o consumo?

Resp.: A carne deve ser sempre de origem inspecionada, livre de contaminações sejam elas físicas, químicas ou microbiológicas, de cor vermelho vivo (evitar carnes com iridescência), sem odores inespecíficos ao produto, com data de fabricação o mais recente possível (no caso, data do abate), com embalagens a vácuo em perfeito estado de conservação.

10 – Quais são as formas de abate dos animais?

Resp.: No caso de bovinos, o abate se dá primeiramente por meio da insensibilização através da pistola de dardo cativo. Em um ponto certo na cabeça do animal, o funcionário posiciona a pistola e dispara. O animal perde a consciência imediatamente, para então sofrer a sangria através da secção dos grandes vasos do pescoço. Somente após a sangria completa (que deverá durar no mínimo três minutos) é que as operações pertinentes ao abate poderão se iniciar.

11 – Na inspeção de produtos animais é levado em conta o bem estar animal? Como isso é avaliado?

Resp.: Sem dúvida. Nos últimos tempos, esta tem sido uma constante nos abatedouros, uma vez que em diversos estudos já foi comprovada a eficácia do bem estar animal na melhoria da qualidade da carne. São adotadas diversas condutas a fim de se minimizar o sofrimento do animal no manejo pré abate. Estas condutas são avaliadas pelo controle de qualidade da empresa, bem como auditadas pelo serviço de inspeção oficial lotado no frigorífico.

Entrevista respondida por:

THEREZINHA BERNARDES PORTO
Fiscal Agropecuário/Médica Veterinária do Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA  e
PATRÍCIA ALVES FERREIRA
Fiscal Agropecuário / Médica Veterinária do IMA – Instituto Mineiro de Agropecuária.

Maiores informações: www.ima.mg.gov.br

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