LESLIE A. CRUVINEL
Engº Agrº formado em 1977 pela UFV, com especialização em
“Economia Rural” e “Defesa de Plantas”, além de “Agricultura
Tropical” pela UFRPE. Consolidador do “Sistema Nutri-Ambiental com
foco em Organomineral customizado e N-orgânico, um sistema ambiental,
ecológico e sustentável, em linha com o que mercado mundial busca”,
Diretor da Cruvinel e Cruvinel Consultorias Ltda. –
Zap/Tim: (34) 9.9109-9066/ Vivo: (34) 9.9953-2201 –
E-mail: titicruv@hotmail.com
A cafeicultura brasileira vem convivendo com riscos contínuos desde sua implantação comercial no país por volta de 1870. Ciclos históricos são constatáveis, ora por crises de preços, ora por crises climáticas.
Crises mercadológicas e/ou de Custos de Insumos já destruíram renda de milhões de produtores e quase acabaram com a cafeicultura nacional na década de 1920, quando se queimaram sacas de café. Mesmo recentemente, em 2001-2002, café esteve próximo de US$ 0,50 cents/lb (mercado nacional a R$ 90,00/sc) levando muitos abandonarem atividade. Mas o cafeicultor é um forte, é resiliente e ressurge das crises mais profissional, mais eficiente. Item essencial nas nossas exportações, o país se mantém o maior produtor e exportador mundial graças à fibra e capacidade de resistência dos produtores.
As crises climáticas são arrasadoras em termos de produção. Inúmeras dificuldades ocorrem ano a ano, agravadas em ciclos mais curtos e acúmulo de problemas. Um panorama climático dos últimos 10 anos nos mostra um cenário dramático.
Na década de 2010-2020 tivemos anos adversos, com secas fortes, especialmente 2015. Granizos ocorreram em locais esparsos mas arrasadores aos atingidos. Veranicos recorrentes, em especial pós chuvas de florada (agosto-setembro) diminuíram produções. Altas temperaturas pós florada abortaram flores e chumbinhos, reduzindo produções até de lavouras irrigadas. Efeitos perversos dos fenômenos El Niño (aquecimento do Oceano Pacífico) e La Niña (esfriamento do Oceano Pacífico) estão ditando mudanças climáticas adversas à cafeicultura.
Especialmente biênio 2019-2021 teve adversidades climáticas arrasadoras:
a) – 2019: geada severa em julho e veranico pós florada em outubro;
b) – 2020: veranico e temperaturas altas pós florada em outubro;
c) – 2021: pior ano chuvoso em 91 anos, com precipitações de janeiro 25% da média dos últimos 10 anos; março 20%; abril (35%);
d) – 20/07/21 e 30/07/21: geadas severas, com perdas de até 100% da produção de 2022 (seria safra alta na maioria das lavouras).
Vê-se que vivemos tempos difíceis na cafeicultura. Os riscos são muitos e variados, crescentes… Ao cotejarmos com os altos investimentos necessários, custos crescentes e ganhos decrescentes, precisamos pensar: “vale a pena ser cafeicultor nesse contexto”? “E recuperar ou renovar lavouras geadas”? Esse o dilema que muitos cafeicultores estão vivendo…
Responder ao dilema implica mudanças comportamentais, mudar paradigmas… Manter as atuais decisões gerenciais e tecnológicas o manterá refém de práticas caducas, tecnologias superadas, estruturas inadequadas… Os riscos só aumentam! Como enfrentá-los mantendo a mesmice comportamental? Decidir se manter na cafeicultura implicará atitudes diferentes!
Entre tantas mudanças necessárias a principal será otimizar os fatores de produção. Será preciso minimizar custos, melhorar produtividades, programar sistemas de condução que permitam suportar riscos climáticos, buscar áreas menos susceptíveis a geadas.
Contra todos os riscos mencionados devemos buscar melhor produtividade a menores custos. Onde atacar primeiro? O fator de produção mais caro tem sido adubação, em especial no Cerrado e no Oeste Paulista. Vivemos exaustão de sistemas químicos e valorização de sistemas orgânicos. Podemos fazer Organomineral na fazenda, reduzindo até 50% os custos, obtendo produtividades de 5% até 40% maiores. Temos “case” auditável (Faz. Central Matos – Patrocínio-MG) onde produtividade de biênio subiu de 38,7 sc/ha para 54,9 sc/ha usando Organomineral Customizado durante 4 safras seguidas, sem investimentos específicos, usando maquinário próprio.
VANTAGENS DO OrgMin CUSTOMIZADO SOBRE OrgMin TRADICIONAL
► Pronto em 30-40 dias <=> tradicional de 90 a 110 dias;
► Pátio de manobra ¼ do tamanho necessário ao tradicional;
► Uso de Palha do ano <=> evita ter que “guardar” palha;
► Uso de pá carregadeira ou concha dianteira <=> evita investir até R$ 150.000,00 em máquina específica (compostadeira);
► Pode ser feito após colheita <=> evita 2 frentes de serviço;
► Decisão pode ocorrer até próximo final de colheita;
► Altos teores de Ácidos Húmicos e Fúlvicos;
► Cálculos e Formulação precisos <=> dosagem mais fácil;
► Mistura perfeita e uniformidade <=> facilidade de manuseio;
► Chuvas não impedem execução <=> não vira pátio enlameado;
► Maleabilidade no uso de adubos químicos ou pós de rocha;
► Uso de Norgânico <=> aqui se reduz custos em até 35% do N.
Um aspecto bastante problemático para os produtores é estarem reféns de uma tecnologia ultrapassada, onde compram insumos, especialmente adubos. Isso os obriga a repetir o passado e comprometer sua safra vindoura, deixando-os sem chance de acessar inovações tecnológicas e, pior, sem poder aproveitar os preços altos que virão pela catástrofe climática.
Segue sugestões de procedimentos prévios às adversidades climáticas:
► Evite fixar preços futuros: isso “amarra” o produtor, impedindo-o de aproveitar eventuais bons preços se houver perdas de safras – se precisar faça somente para cobrir custos básicos, tipo adubos;
► Fuja de “trocas”: aqui o maior problema: produtor fica refém da cooperativa ou revenda, que lhe impõe tecnologias obsoletas ou de multinacional conveniada <=> obriga-se a entregar café a preço vil perdendo chance de aproveitar eventuais bons preços;
► Financie a taxa justas/faça seguro: preserve o seu fluxo de caixa;
► Busque orientação técnica independente: raros são os técnicos, vinculados à revendas ou cooperativas, que vão indicar produtos ou serviços mais viáveis, se de terceiros ou de concorrentes;
► Adote tecnologias mitigadoras: a irrigação é in-
questionável para minimizar falta de chuvas; nutrição equilibrada preferencialmente orgânica; MIPD (Manejo Integrado de Pragas e Doenças); culturas intercalares; use biológicos <=> menos veneno traz mais sanidade; use gesso / calcário + reativo <=> corrija abaixo 5 cm superficiais;
► Lavoura só nos altos: evite baixadas e terrenos “canoados”
► Saia da mesmice <=> conheça e teste inovações: tenha em mente que os riscos e gastos são seus, mas interesses predominantes são do mercado e de quem vai receber seu dinheiro ou seu café;
► Tenha uma reserva em café: ganha nas crises quem costuma manter reserva em café <=> ideal vender safra passada e guardar atual <=> vendas parceladas ajudam!
Um levantamento histórico indica geadas em média a 4,3 anos. Desde 14/06/1882 (severa) até 20/07/2021 (severa) tivemos no Brasil 35 ocorrências de geadas. As piores foram 1902; 1918; 1975 (acabou café no PR); 1981 (+ grave em SP e MG); e essa recente.
Inevitáveis, resta-nos mitigar efeitos. Algumas técnicas de controle, se feitas nos dias anteriores ou na madrugada:
a) – cobrir de terra mudas novas;
b) – fumaça protetora (pneus velhos / covas ou latões com serragem+óleo, fumacê, bomba injetora desregulada, adaptações);
c) – proteger ramos/folhas com produtos específicos tipo Sourround, Caulim, Sombra, Protex, Melaço <=> pode ser eficaz proteger folhas diretamente!
Cafeicultura é atividade de risco, é fato! É procurar locais menos sujeitos e preparar sistemas mitigadores prévios. Pós ocorrência, aguardar 50-60 dias para tomar decisões de podas, arranquio, renovação. E ter reservas de caixa!