AFONSO PECHE FILHO
Pesquisador do IAC – Instituto Agronômico de Campinas
A ecoeficiência na agricultura pode ser definida como um modelo de gestão que preconiza a racionalidade na ocupação e uso das terras para produção rentável. É um modelo de gestão equitativa no desempenho econômico, ambiental e social. Tem como premissa básica “ produzir mais com menos”.
Ecoeficiência pode ser considerada um “caminho” para construção de propriedades rentáveis inseridas nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). São atividades agrícolas orientadas para equilibrar o aumento da rentabilidade com mitigação de impactos ambientais.
Adaptando diretrizes do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável temos três objetivos fundamentais para alcançar a ecoeficiência:
1) REDUÇÃO E OTIMIZAÇÃO DE RECURSOS: tecnológicos, energéticos, hidrológicos, biológicos, pedológicos, financeiros … .
2) REDUÇÃO E MITIGAÇÃO DE IMPACTOS: poluição, contaminação, erosão, assoreamento, emissão de carbono, extinção de espécies…
3) PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS DE QUALIDADE: saudáveis, perfeitos, seguros, justos, confiáveis e compensatórios.
Com aplicação da Norma ISO 14031, qualquer tipo de propriedade agrícola pode realizar a avaliação do seu desempenho ambiental. Essa norma busca prover a construção de uma base de dados contínua, possibilitando avaliar a adequabilidade das medidas adotadas nos processos da organização em relação aos critérios estabelecidos no modelo de gestão ambiental.
Para promover a Avaliação do Desempenho Ambiental da propriedade a norma estabelece duas categorias de indicadores, os de gestão e os de condição. Os Indicadores de Gestão Ambiental (IGA) sugerem informações sobre o desempenho administrativo, gerencial e operacional. Os Indicadores de Condição Ambiental (ICA) fornecem informações sobre a qualidade ambiental de pelo menos seis diferentes áreas da propriedade (produtivas, protegidas, construídas, locomoção, lindeiras e úmidas).
A gestão focada na ecoeficiência da propriedade vai permitir inúmeros benefícios tais como: rentabilidade sem gerar passivos ambientais, preservar e melhorar a capacidade produtiva, diminuir a perda de biodiversidade, aumentar a resiliência e a supressividade, melhorar a condição de bem estar, segurança e saúde de colaboradores, bem como eliminar efeito de externalidades negativas principalmente em bacias hidrográficas.
Um dos aspectos fundamentais na gestão ecoeficiente é a compreensão que ao longo do tempo há necessidades de requalificação do espaço e sistemas. O grande desfio das propriedades é sair de um frágil discurso de agricultura sustentável para uma efetiva condição de agroecossistemas rentáveis, produtivos e equilibrados. Na figura anexa sugestões para etapas de uma gestão ecoeficiente.