ARTIGOS

[Paulo Trani] – A CATI vai mudar para CDRS ? O que é isso, “Cara Pálida”?

PAULO ESPÍNDOLA TRANI
Engenheiro Agrônomo pela ESALQ/USP. Mestre em Solos e Nutrição de Plantas e Doutor em Agronomia também pela ESALQ/USP. Pesquisador Científico aposentado do Instituto Agronômico – IAC-APTA
petrani32@hotmail.com

Ainda causa surpresa e tristeza, em vários setores do Rural Paulista a mudança sem nenhuma consulta, do tradicional nome CATI para CDRS.

Reunião recente ocorrida entre o Sr. Secretário de Agricultura Junqueira com os componentes desta instituição de assistência técnica e outras afins mostraram de positivo a vontade em comum para acertar na proposta de integração entre Secretarias de Estado visando avançar no desenvolvimento  da agropecuária paulista.

A sustentabilidade da produção em muitas situações é mérito do próprio produtor rural com a frequente participação de técnicos da CATI, amparados por resultados de experimentos de campo realizados pelos Institutos Estaduais de Pesquisa, como o IAC.

Fotos tiradas em Echaporã e em Caporanga (distrito de Santa Cruz do Rio Pardo) mostram o trabalho prático de adubação de melancia, com orientação do IAC, executado por Agrônomos e técnicos agrícolas da CATI, cultura muito produzida naquela região por agricultores familiares e arrendatários nas décadas de 80 e 90.

Engº Agrº W. Villa – EDR de Marilia – Plantio de melancia.
Colheita de melancia no campo 1, com experimento de adubação (Sr. Venturini e “Português”, Arrendatários). Em Santa Cruz do Rio Pardo (SP)

Vale ainda mencionar que os trabalhos com a integração e apoio de cooperativas, sindicatos rurais, prefeituras e departamentos técnicos de empresas são realizados de maneira integrada há décadas pela CATI, embora pouco lembrado.

Vamos relatar alguns fatos, uns mais antigos, outros recentes, procurando mostrar o erro em se mudar nomes ou siglas, de maneira precipitada.

  1. ) – O mais antigo: em 1963 após o assassinato do Presidente Kennedy, a viúva Jacqueline e o novo Presidente Johnson deram o nome de Cabo Kennedy ao Cabo Canaveral da Flórida (nome que em castelhano significa canavial), região com base de lançamentos de foguetes no período da corrida espacial entre Americanos e Russos. Passados muitos anos e verificando que a população não aceitava esta denominação, foi retomado o nome tradicional (desde 1600) de Cabo Canaveral fazendo parte dele o Centro Espacial John Kennedy  com a concordância de todos.
  2. ) – um fato mais triste ocorreu no auge da moda das privatizações no Brasil, por sinal algumas bem feitas (telefonia, por exemplo). Pretendeu-se privatizar a Petrobras o que não chegou a ser concretizado, no final do Governo FHC. Um ex-genro seu, não me lembro o nome, o qual ocupava posto relevante na Política, considerava ser necessário mudar o nome de Petrobras para Petrobrax, pois assim ficaria mais apropriado ao vernáculo de outros países (ou “mais sonoro”), facilitando aos marqueteiros da época a “venda” da Empresa Estatal para as multinacionais de plantão. Não deu tempo, a política mudou, muitos brasileiros patriotas por natureza, indignados com isso, resolveram eleger um Governo com outra filosofia de gestão…
  3. ) – Há poucos anos, após a eleição do Sr. Silvio Berlusconi, empresário de sucesso na Itália, este resolveu com sua equipe, sem consultas ou análises mais cuidadosas, eliminar do ensino nos cursos primários, os dialetos regionais na Itália, entre eles, o siciliano e o calabrês. As crianças passaram a aprender apenas o italiano e aí sobraria tempo para outras atividades consideradas importantes pelos novos representantes daquele Governo. Verificou-se, posteriormente, que os avós e outros parentes idosos da maioria das famílias do Sul da Itália estavam tristes, pois as crianças não entendiam suas receitas caseiras para cura de doenças infantis e não entendiam as recomendações para o valor da típica boa alimentação, típica do Sul Italiano. Na Itália, foram humildes em reconhecer o erro, sendo restaurado o ensino dos dialetos locais.

Aqui na CATI, nome (ou marca de qualidade) inclusive dado às variedades de milhos safrinha por esta cinquentenária Instituição de Assistência Técnica e Extensão Rural, não dá para entender tal mudança, por mais que tentem explicar.  Mas ainda é tempo de mudar!

Related posts

Análises de Mercado: Inovações em Bioinsumos Agrícolas

carlos

[Cíntia Fázio e Ivam Mendonça] – Manejo na pós-colheita do café

Mario

[Marco Antônio Jacob] – Não é utopia: Perdas de 16 milhões de sacas de arábicas

Mario

Deixe um Comentário

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Presumiremos que você concorda com isso, mas você pode cancelar se desejar. Aceitar Leia Mais