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[Marcelo Fraga Moreira] – Utilizem as ferramentas que o mercado disponibiliza a seu favor

MARCELO FRAGA MOREIRA
É um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting –
Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltda.
www.archerconsulting.com.br

Mais uma semana positiva com o Set-21 fechando @ 143,40 centavos de dólar por libra-peso, “rasgando”, e trabalhando com uma amplitude de 1.010 pontos (com a mínima/high respectivamente @ 139,45 e 149.55 centavos de dólar por libra-peso) e terminando com um ganho de “apenas” 395 pontos. O Real, após valorizar +6,27% (negociando na mínima @ 5,322 R$/US$), valorizou “apenas” +4,39% e fechou a semana @ 5,4290 R$/US$.

A semana começou otimista, com os fundos comprando desde a segunda-feira e com stops sendo acionados.  Os fundos e pequenos especuladores aumentaram a posição comprada para +39.113 lotes x +22.226 lotes na semana passada, e x +16,817 lotes há 15 dias! Ou seja, uma alta de +76% na última semana e +131,58% nos últimos 15 dias!

A realização começou na quinta-feira após o contrato ter atingido a máxima do ano @ 149,55 centavos de dólar por libra-peso. Os indicadores de curto prazo, dentre eles o Estocástico,  indicava o mercado estar “esticado/sobre-comprado”. O Estocástico chegou a negociar acima dos 96% na quinta-feira e terminou a sexta-feira, mais calmo, abaixo dos 70%.

Com a alta durante os 4 primeiros pregões da semana novos negócios no físico foram reportados (pouco volume), porém com as cooperativas/tradings oferecendo compras entre 750-850 R$/saca para entrega spot/set-21 e entre 820-900 R$/saca para entrega Set-22 e Set-23! Nesses preços ainda existem prêmios para café tipo “cereja-descascado” e prêmios para café com certificação. Esses prêmios combinados chegam a atingir mais 50-70 R$/saca para o produtor! Ou seja, o mercado já está negociando próximo ao “número mágico” dos 1.000 R$/saca!

Com base no relatório da semana passada recebemos muitas críticas quando o escriba que aqui vos fala sugeriu para os produtores não venderem mais produtos para entrega referente a safra 21/22. Creio que o que sugerimos estava e está muito claro. E seguimos com a mesma sugestão/conselho para os produtores para essa semana que se inicia, repetindo aqui o que foi escrito: “Nossa recomendação segue sendo cautela! Produtores NÃO vendam mais nada para a safra 21/22 enquanto não passar o inverno brasileiro, enquanto não tiverem o seu café colhidoAproveitem esse potencial rallie de curto prazo para travar preços mínimos para safra 22/23 e 23/24 negociando a compra de “Put-Spread” contra o Set-22 e/ou já vendendo parte da produção para entrega Ago/Set-22 em R$/saca acima dos 850 R$/saca. Ao realizar essa venda simultaneamente comprem proteção/seguro contra novas quebras/altas, contra eventual disparada dos preços através da compra da estrutura de “Call-Spread” no Set-22 (uma vez que contra o Set-23/Set-24 a liquidez são muito baixas, praticamente inexistentes)”.

Se for necessário vender para pagar as contas então vendam o que for estritamente necessário. E, se possível, vendam através da compra das opções de venda, das “Puts”, ou “Put-Spreads” para garantir o preço de mercado atual e seguir participando em eventuais novas altas”. Negociem os diferencias de venda com as cooperativas/tradings e aguardem para fixar!

Do que adianta “seguir vendendo” café, abrir novas posições a 800/850 R$/saca para a safra 21/22 se o produtor não sabe se vai ter o café físico para entregar? Já tem muito produtor preocupado, com dividas, com quebra real na sua produção inicial estimada superior a -50%! Claro, se o produtor estiver com sua produção em dia, não enfrentou problemas com a seca, se estiver com seu plano de produção 100% em linha com suas projeções iniciais, e ainda tem espaço disponível para realizar novas vendas sem tomar novos riscos, então nossa sugestão/recomendação segue sendo “vendam, aproveitem os preços elevados”. Se a geada for branda, não causar estragos, as chuvas voltarem, etc, etc, os preços para a safra 22/23 e 23/24 poderão “descer de elevador”!

Também, como dito no relatório da semana passada, se venderem novas posições para a safra 22/23 e/ou 23/24 “comprem proteção/seguro contra novas quebras/altas, contra eventual disparada dos preços através da compra da estrutura de “Call-Spread” no Set-22 (uma vez que contra o Set-23/Set-24 a liquidez é muito baixa, praticamente inexistentes”.

Para as cooperativas e indústria nossa recomendação continua sendo para terem cautela e se proteger comprando “Calls” ou “Call-Spreads”.

A estiagem segue nas principais regiões produtoras. Continuamos recebendo notícias de vários produtores reportando a falta de chuvas nos meses de março e abril 2021. Com o inverno chegando o período de estiagem continuará até final de agosto. As poucas chuvas até agora já começam a preocupar a próxima safra 22/23! Já existem vendas sendo feitas para safra 22/23 e 23/24, e seguimos indicando cautela, proteção. A dinâmica do mercado mudou! As incertezas com o covid mudaram o mundo. Ninguém sabe o tamanho real da demanda mundial, como será a recuperação das economias (a americana e a chinesa seguem pujantes, com a população das classes médias/altas sem saber onde colocar dinheiro). Mas e Europa, América Latina, Oriente Médio, Ásia? Será que a inflação, recessão, desemprego só afetou e afetará o Brasil?

Por isso nos últimos meses a Archer Consulting vem demonstrando aos nossos leitores os benefícios que as bolsas, alguns instrumentos existentes nos mercados para favorecer e proteger, em muito o produtor, quando bem utilizados! Não só o produtor brasileiro de café, mas todos os produtores em todos os mercados agrícolas! As bolsas, os agentes financeiros, os traders muitas vezes são vistos como “inimigos” dos produtores (e algumas vezes são mesmo quando a contra-parte utiliza de má-fé para prejudicar o produtor cobrando spreads descabíveis, muitas vezes com os custos escondidos nas estruturas apresentadas). Porém, temos certeza, e podemos afirmar aos senhores, que as bolsas oferecem a liquidez e as ferramentas necessárias para garantir ao produtor uma garantia de preço mínimo para sua safra. Existem riscos quando as posições são mal geridas, quando a “especulação” entra em cena…

O produtor não é obrigado a vender sua produção a preço fixo para ninguém! O produtor não é obrigado a vender safra 22/23, 23/24 ou 24/25 a preço fixo para ninguém! Quando o faz vende  por acreditar que os preços são suficientes para dar lucro e cobrir seus custos de produção!

Como tirar proveito do “mercado”? Aprendendo a utilizar os instrumentos existentes ao seu favor! Aprendendo a comprar “seguros”! Estruturas financeiras que irão protege-los contra eventual quebra de safra, contra eventual explosão nos preços! E principalmente contra a queda dos preços em função do aumento da oferta, redução da demanda e/ou variação cambial, dentre outros.

Temos apresentado aqui semana após semana estruturas como a compra de “Put-Spread”, estruturas com “compra de Put-Spread vendendo Calls”, a compra de “Call e/ou Call-Spreads” para proteção em caso do mercado seguir subindo, em caso de quebras, em caso de novas quedas. Os instrumentos existem e podem ser utilizados a qualquer momento pelos produtores ao redor do mundo. E podem ser ajustados, rolados para cima, para baixo, conforme o mercado for “andando”!

Os produtores precisam começar a aprender o uso dessas ferramentas e usar essas ferramentas para o seu benefício!

Para a safra 22/23, o produtor pode hoje vender e aproveitar essas altas de 2 formas:

1- Vender a preço fixo e comprar uma “Call-Spread”, um seguro contra eventual alta, ou

2. Vender com “o preço A FIXAR”. Nesse caso o produtor compra uma opção de VENDA, uma “PUT”, ou compra uma estrutura “Put-Spread” (garantindo o preço mínimo para sua safra) e negocia com a cooperativa ou com a trading um “diferencial”, um prêmio ou desconto já acertado hoje para entrega futura. Se o mercado seguir subindo o produtor poderá “rolar” o seu seguro para cima (sempre garantindo um preço mínimo) e aguardar o melhor momento para finalmente fixar a sua venda.

Ora, as tradings e as cooperativas já compram e vendem/revendem seus contratos com base em “preço a fixar”, com base em um “desconto/basis” pré-acertado entre as partes! Por que os produtores não podem começar a vender nessa modalidade? Saiam da zona de conforto! Aprendam a utilizar as ferramentas disponíveis! Aprendam a se proteger! Profissionalizem-se! E comecem renegociar suas vendas com as cooperativas/tradings!  

E para isso, contem com a Archer Consulting!

Como diz o fundador da empresa, o professor, palestrante, especialista e escritor sobre o assunto, e meu mentor, o sr Arnaldo Corrêa, “Buscamos continuamente traduzir de maneira simples o complicado dialeto do trading de modo que cada vez mais pessoas entendam o funcionamento do mercado.  Desmistificar o uso dos instrumentos financeiros disponíveis aos participantes do mercado de café tem sido permanentemente o nosso foco nas linhas que aqui escrevemos, e não é diferente nos quase 40 cursos de derivativos que ministramos ao longo desses anos atingindo mais de 2.000 profissionais ligados às diversas commodities agrícolas, minerais e metálicas. É uma grande honra para a Archer Consulting poder disseminar conhecimentos e contribuir, ainda que de maneira modesta, ao engrandecimento do nosso agronegócio”.

Para a próxima semana seguimos em tendência de baixa, com o Set-21 podendo buscar os 139,50 e 135,60 centavos de dólar por libra-peso. Fiquem atentos no indicador acima, no Estocástico. Negociando abaixo dos 30-20% já poderá indicar nova reversão para o curto prazo! E aí, com a proximidade do inverno, avanço da colheita, falta das chuvas, notícias com avanço da vacinação e abertura do comércio e circulação da população nos Estados Unidos e Europa, os fundos poderão voltar a comprar e levar os preços para novas máximas.

Como sempre, sejam prudentes! Protejam-se! O inverno e os riscos das geadas ainda não começaram!

Ótima semana a todos!

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