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IAC Herculândia: IAC lança porta-enxerto de café multirresistente a nematoides

IAC Herculândia é resultado da recombinação de cinco cultivares clonais de Coffea canephora denominadas IAC WG, IAC FEBS, IAC PM, IAC LCCBF e IAC AR.

A cafeicultura brasileira passou a contar com mais um benefício da pesquisa agrícola. No último dia 16 de novembro, na sede do Instituto Agronômico (IAC), em Campinas (SP), ocorreu o lançamento do porta-enxerto IAC Herculândia, que apresenta resistência simultânea aos nematoides Meloidogyne exiguaM. incognita e M. paranaensis e que é resultado da recombinação de cinco cultivares clonais de Coffea canephora denominadas IAC WG, IAC FEBS, IAC PM, IAC LCCBF e IAC ARM. Estas siglas são uma homenagem à pessoas relevantes que contribuíram para o desenvolvimento da cafeicultura no Brasil.

“A tecnologia adotada envolve a recombinação desses cinco clones que, plantados juntos, se cruzam gerando sementes do porta-enxerto da cultivar porta-enxerto. É a primeira vez que esse método de seleção é utilizado no Brasil, em cafeicultura”, afirma Oliveiro Guerreiro Filho, pesquisador do IAC, ligado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

De acordo com Guerreiro, como o porta-enxerto IAC Herculândia é multirresistente às três espécies de nematoides, qualquer cultivar suscetível de café arábica pode ser utilizada como copa no cultivo em solos infestados por esses parasitos.

O objetivo da pesquisa, iniciada há cerca de 35 anos, foi reunir em um único porta-enxerto uma alta frequência de plantas simultaneamente resistentes às três espécies de nematoides. Isso porque esses três tipos podem ocorrer com frequência, de forma simultânea. Então, a cafeicultura carece de um material que resista a essa condição. Em média, a presença de nematoides nas lavouras cafeeiras causa perdas de 20% no Brasil.

“Nós usamos cinco clones porque consideramos que seria a estratégia mais adequada por aumentar as chances de o florescimento das plantas ocorrer simultaneamente, condição indispensável para a formação de sementes”, explica.

Segundo o cientista, usar porta-enxerto resistente é a forma mais adequada para o controle de nematoides. Quem não adota esta tecnologia, mais cedo ou mais tarde terá que recorrer a produtos químicos ou biológicos, que em geral apresentam eficiência limitada no controle de nematoides.

A espécie Meloidogyne exigua forma galhas nas raízes, reduzindo a capacidade de absorção de nutrientes. Esta espécie é menos agressiva e, por esta razão, na maior parte das vezes, o diagnóstico é realizado tardiamente. É também a mais disseminada no país, sendo encontrada praticamente na maior parte das regiões produtoras.

As outras espécies são bem mais agressivas e podem destruir o sistema radicular das plantas. Nestes casos, os danos são bem mais elevados. Muitas vezes, as lavouras precisam ser erradicadas.

As espécies M. incognita e M. paranaensis estão presentes há muito tempo no Norte do Paraná e em São Paulo, na Alta Paulista e na região de Garça e Marília. “Atualmente, estas espécies vêm causando também sérios problemas na Mogiana, em São Paulo, assim como em várias regiões produtoras de café Arábica, em Minas Gerais, especialmente no Cerrado Mineiro”, diz o pesquisador do IAC.

Cultivar IAC 125 RN enxertada no porta-enxerto IAC Herculândia (Créditos: IAC)

“Polinizamos mais de 100 mil flores para avaliar a compatibilidade entre clones”

Oliveiro Guerreiro Filho conta como foram as três décadas e meia de estudos para chegar a esse produto inédito no Brasil e no mundo. As equipes fizeram seleção em plantas multirresistentes com o objetivo de agregar características agronômicas como produção, vigor e tamanho de frutos, além da resistência.

“Avaliamos mais de 3,5 mil plantas para chegar a estes 5 clones genitores do porta-enxerto IAC Herculândia, uma cultivar de Coffea canephora”, resume.

HOMENAGENS

O nome de cada cultivar clonal é composto pela sigla IAC, que inicia o nome das cultivares desenvolvidas pelo Instituto Agronômico, e os acrônimos usando a primeira letra de cada nome dos profissionais homenageados, respectivamente: Wallace Gonçalves (IAC WG), Francisco Eduardo Bernal Simões (IAC FEBS), Paulo Makimoto (IAC PM), Luiz Carlos Camargo Barbosa Ferraz (IAC LCCBF) e Ailton Rocha Monteiro (ARM).

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