RICARDO GOMES DA SILVA
Liga de Estudos em Mercados Agropecuários – Agronomia UFG
ricardoengambiental@gmail.com
Terminamos o ano de 2018 com muitas incertezas quanto ao cenário político e uma eleição extremamente polarizada. Findado o pleito eleitoral, tivemos um congresso nacional com grande renovação e um governo federal formado por nomes que agradavam o mercado. Como resultado, bons números eram profetizados para o Brasil em 2019.
Na primeira previsão do ano, o relatório Focus trazia uma expectativa de PIB de 2,53%, frente a um resultado de 1,1% em 2018, e taxa de câmbio de R$ 3,80, mesmo sem uma definição final para a guerra comercial entre China e Estados Unidos. Os índices de confiança do empresário e da indústria também estavam altos e tudo parecia que ia bem.
Hoje, quase na metade do ano, temos uma projeção de PIB de 1,24%, caindo 12 semanas seguidas até 17 de maio, e dólar na faixa dos R$ 4,00, chegando a atingir R$ 4,10.
Olhando para o cenário político, vemos que apesar da renovação do congresso nacional, o governo federal ainda tem dificuldades para aprovar as reformas necessárias, que o mercado tanto aguardava.
Juntamente com as dificuldades internas, o agronegócio brasileiro ainda enfrenta um cenário externo bastante desafiador. Com a guerra comercial entre China e EUA se estendendo além do esperado, o que já gera sintomas de diminuição do crescimento global.
Diante de todas essas dificuldades, sem os investimentos que eram esperados para o setor em um ano de possível recuperação, o produtor brasileiro segue se reinventando mais uma vez, sofrendo com margens apertadas e mercado consumidor incerto, um cenário que atinge produtores de cereais, com queda no preço do prêmio, dos principais produtos e aumentos nos insumos; dos pecuaristas, que apostavam em uma diminuição do desemprego e aquecimento do consumo interno; e dos produtores de hortifruti, também dependentes de um aumento do emprego e da renda da população.
Com margens mais apertadas, restam apenas duas soluções para o produtor brasileiro: aumentar a produtividade, através da utilização correta dos insumos e uso de novas tecnologias; e utilização de ferramentas de proteção, como seguro agrícola, barter e contratos futuros, que evita um desembolso imediato de capital por parte do produtor.
Mesmo com esses contratempos, o agronegócio ainda terá um ano interessante e alguns acontecimentos podem mudar muito o cenário econômico, como uma possível aprovação da reforma da previdência no início do segundo semestre. Indo bem ou mal, o setor agropecuário ainda terá a importante missão de ser um dos grandes sustentadores da balança comercial brasileira e ajudar o país a sair das dificuldades em que se encontra.