WANDERLEY CINTRA FERREIRA
Cafeicultor, ex-presidente da COCAPEC – Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas e ex-presidente da Sicoob-CREDICOCAPEC – Cooperativa de Crédito de Livre Admissão da Alta Mogiana.
(wcintraferreira@outlook.com)
Nossa região, predominantemente produtora de café, sofreu em 2020 um impacto muito grande devido à falta de chuvas e altas temperaturas, o que causará uma grande perda na safra de 2021 e, com consequências, também em 2022.
A repetição em 2021 deste fenômeno climático provocará, também, uma redução drástica de safras futuras, que atingirá, indistintamente, setor produtivo, indústria e comércio.
Estamos vivenciando temperaturas nunca sentidas em nossa região, agravada pela irregularidade nas chuvas. Essa grave escassez só seria interrompida com a volta da normalidade das chuvas e, consequentemente, diminuição da temperatura.
De janeiro a março deste ano já estamos com um déficit hídrico de 530 mm, comparando com 2020. Portanto, bastante preocupante.
Vem crescendo o número de cafeicultores implantando sistemas de irrigação em suas lavouras. Porém, cabe agora saber se teremos água para alimentar o sistema.
A repetir 2020, com a queda de safra e altos custos de produção, a cultura do café poderá deixar de ser rentável em nossa região, provocando um desestímulo da atividade.
Os preços atuais do café e as fortes tendências de altas futuras demonstram que o mercado já assimilou esta situação de falta de produto.
A questão da seca na região mais populosa do Brasil é muito preocupante pois, além de atingir profundamente o setor produtivo agrícola, em nosso caso o café, poderá criar uma situação de calamidade nas cidades pela falta de água. Nem terminamos o período chuvoso e a SABESP já vem alertando a população sobre o problema.