JOSÉ DONIZETI ALVES
Engº Agrº, Profº Depto Biologia e do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia Vegetal / UFLA
A safra 2018 será recorde e isso pode ampliar a bienalidade entre as safras deste e do próximo ano. A causa primária desta anormalidade fisiológica (bienalidade) é o esgotamento das reservas das plantas em função da elevada força dos frutos em drenar para sí, os fotoassimilados prontamente produzidos e uma grande fração daqueles armazenados.
Em anos de alta produção como o atual, os frutos são capazes de acumular em média 54% da matéria seca total da planta em detrimento da fração vegetativa do cafeeiro. Uma das consequências imediatas é a queda de folhas que futuramente farão falta nas fases de pré e pós-florada.
Como já destacado em outro texto, as folhas passam para a condição de fonte, produzindo e exportando carboidratos entre 25-30 dias após a sua emissão.
Antes disso, assim como os frutos elas são drenos, importando e utilizando esses carboidratos para seu crescimento e desenvolvimento. Portanto, mesmo com um novo enfolhamento, é grande a probabilidade de que em setembro/outubro não haja folhas na condição de fonte, em quantidade suficiente para atender na plenitude as necessidades energéticas exigidas no pegamento da florada.
A situação poderá se agravar ainda mais caso aconteça aquilo que os especialistas em colheita denominam de “erosão caulinar”, caracterizada por uma desproporcional agressão a copa do cafeeiro provocando intensa desfolha e acentuada quebra de ramos em qualquer tipo de colheita, mecanizada, semi-mecanizada ou manual.
Portanto, uma dica para diminuir a bienalidade da lavoura e muitas vezes negligenciada por ser muito simples, é procurar preservar ao máximo a estrutura da copa do cafeeiro destacando para os colhedores e com constantes observações “in loco”, a necessidade de preservar ao máximo o ambiente gerador de frutos e/ou novos ramos para a próxima safra, colhendo apenas os frutos e deixando na planta os ramos e as folhas.