JOSÉ TADEU DE OLIVEIRA
Jornalista, Pós-Graduado em Marketing pela FGV, Barista,
dono de cafeteria e produtor de café na Região da Alta Mogiana
www.olintocafé.com.br
O maior cuidado com o café gerou um aumento do consumo, ou o aumento do consumo de café de qualidade provocou a mudança de comportamento nos produtores?
Sou novo nesta publicação e, antes de escrever mais, vou me apresentar. Meu nome é José Tadeu, fui jornalista por 12 anos, apaixonado por café por toda uma vida e, agora, junto com minha esposa, temos três cafeterias no interior de São Paulo, além de sermos produtores de cafés especiais.
Como leitor e admirador, estou sempre em busca de entender um pouco mais do mercado de cafés e, a partir de agora vou discutir aqui assuntos importantes que observamos em nossa experiência dentro de cada etapa da cadeia de consumo do café.
É fato que vamos enxergando um crescimento notável de consumo de bons cafés em todo o país. O hábito, que era mais visível nas capitais, ainda engatinhava no interior, mas vem mostrando sua força nos números, já que o negócio de cafés especiais vem crescendo 40% ao ano.
Tanto em nossa produção como em nossas lojas, percebemos que a necessidade de mudança vem ocorrendo nas duas pontas da corrente. Consumidores, que descobrem o prazer de uma boa xícara de bebida acabam exigindo variedade, novidades e sabores diferenciados, fazendo com que o produtor se adapte e se mostre disponível ao novo mercado, modernizando as propriedades, administrando as finanças com mais cuidado e, muitas vezes, ampliando sua área de atuação na cadeia, investindo na torra e na criação de uma marca de cafés.
O aumento de consumo nacional tem grande ligação com a disponibilidade de qualidade: agora está mais fácil encontrar bons cafés nas prateleiras das cafeterias especializadas em todo o país, e bastam alguns cliques no computador para que um cafezão chegue pelo correio mas, também conta com fortes fatores econômicos: de acordo com o Perfil de Consumo do café Fora do Lar, do Celso Vegro, “com o incremento da renda, aumenta o percentual de apreciadores de café tomado fora do lar”, e, como observamos aqui nas lojas, quanto mais cafés em lugares especializados as pessoas tomam, mais o interesse por novidades aumenta.
Cabe agora, a nós produtores, darmos prosseguimento ao ótimo trabalho que estamos realizando. É preciso mais gente envolvida, mais coragem em novas experiências e mais união, seja em cooperativas, associações ou, até mesmo, grupos de amigos, tudo para mostrar ao consumidor que vale a pena pagar mais caro por um bom café. Nesse caso, ganha o mercado, que bebe melhor, e ganha o produtor, que vende melhor.