Nos últimos sete anos, 21 mil pessoas foram capacitadas em tecnologias de baixa emissão de carbono em todo o estado do Tocantins.
Acontece entre os dias 17 e 19 de junho, na EMBRAPA Pesca e Aquicultura (Palmas/TO), a “Capacitação continuada de agentes multiplicadores em tecnologias de ILPF”. Com 20 horas de duração, o curso é voltado para técnicos e produtores proprietários de Unidades de Referência Tecnológica (URTs) que participaram dos módulos anteriores. O objetivo é continuar o treinamento de agentes multiplicadores em tecnologias de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
No estado, o trabalho de transferência de tecnologias do Plano ABC – que incentiva uma agricultura com baixa emissão de carbono – é realizado por meio da parceria da EMBRAPA com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), Secretaria da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro) e Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Para Humberto Simão, chefe da Divisão de Desenvolvimento Rural do MAPA, em outros estados há dificuldade de articulação entre os atores do processo. “O Plano ABC deu certo no Tocantins porque ele foi institucionalizado. O ator principal é o estado, é ele que toca a ideia. Então aqui foi institucionalizado pela Seagro e pela Ruraltins, que possui técnicos comprometidos. Esse esforço é referência nacional”, ressalta ele.
Fernando Fernandes, coordenador do Plano ABC na Seagro concorda. “Foi a união de forças que proporcionou esse sucesso. Desde 2012 foram mais de 21 mil pessoas capacitadas em ILPF e 45 URTs implantadas. Entre 2012 e 2018 houve 220 eventos sobre o assunto. Não é à toa que só perdemos para São Paulo e Minas Gerais na aplicação de recursos – temos 150 técnicos treinados em tecnologias do Plano ABC”, enumera ele.
Segundo o chefe geral substituto da Embrapa Pesca e Aquicultura, Alexandre Freitas, o Plano ABC é exitoso no Tocantins por ter se tornado uma política de estado. “O governo encampou essa ideia, o próprio Ruraltins também destacou uma gerência para isso, o que revela um comprometimento com o projeto”, destacou.
Metas do ABC Corte atingidas
Thiago Dourado, presidente do Ruraltins, revelou na abertura do evento que 50 por cento das metas do país para o ABC Corte foram atingidas pelo Tocantins. “Destaco o esforço contínuo dos técnicos na entrega de resultados, superando incertezas do estado”, elogiou. O ABC Corte, cujo nome oficial é Rede de Transferência de Tecnologias do Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono para a bovinocultura de corte do Tocantins, possui ênfase na produção sustentável de gado de leite e corte com baixa emissão de carbono na atmosfera. Para Dourado, o projeto ainda apresenta muitos desafios. “Sustentabilidade é algo que ainda precisamos botar na cabeça do produtor, devemos sempre mostrar que a iniciativa é viável e lucrativa”, sustenta ele.
Dados do MAPA revelam que o Brasil tem o segundo maior rebanho comercial bovino do mundo, com mais de 210 milhões de cabeças. É o segundo maior produtor mundial de carne bovina, responsável por 17% da produção total, com possibilidade de superar os Estados Unidos até o ano de 2020, país que atualmente ocupa o primeiro lugar no ranking. O Brasil é o líder mundial de vendas externas de carne bovina e a cadeia produtiva da pecuária movimenta R$ 167,5 bilhões por ano, empregando aproximadamente sete milhões de pessoas.
Eustáquio Ferreira dos Santos, superintendente substituto Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SFA), no alto dos seus 50 anos de profissão, destaca a importância de também se valorizar o saber do produtor. “Fui extensionista em Minas Gerais de 1968 a 1974 e aprendi que o fundamental é trabalhar com pessoas, porque cada uma traz a sua cultura e o seu saber. A recomendação que deixo é: não despreze o saber deles, porque é na união da tecnologia com o conhecimento da natureza que acontece a agricultura moderna”, ensina.
O primeiro dia do evento foi marcado pelo relato das experiências dos extensionistas nas URTs e apresentação dos casos de sucesso. Para amanhã está programada uma palestra do pesquisador Roberto Giollo, da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande/MS), sobre Oportunidades para Pecuaristas em Sistema ILPF, além da apresentação de um caso de sucesso pelo analista Marcos Lopes Teixeira Neto, da EMBRAPA Meio Norte (Teresina/PI). No último dia, a pesquisadora Márcia Grise vai apresentar o Potencial de Recuperação de Pastagens degradadas e de ILPF na mitigação de gases de efeito estufa.
FONTE: Elisângela Santos – EMBRAPA Pesca e Aquicultura
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