RENATO PASSOS BRANDÃO
Gestor Agronômico da Bio Soja
MAICKON RIBEIRO BALATOR
Coordenador Agronômico da Bio Soja
GRUPO VITTIA = https://www.vittia.com.br
BIO SOJA = https://www.biosoja.com.br
Para a produção de 1 t de grãos, a soja absorve aproximadamente 61 g de zinco, sendo que 66% encontra-se nos grãos (Sfredo, 2008), uma exportação relativamente grande.
A dinâmica do zinco no solo é muito complexa. Em solos argilosos ocorre grande afinidade do nutriente nos coloides minerais (Valadares et al., 2009). A fração do zinco do solo acessível às raízes das plantas é denominada de disponível (Abreu et al., 2001). É avaliada por extratores químicos que procuram simular a capacidade das raízes das plantas em absorver o zinco.
Atualmente, o Melhich-1 é o principal extrator utilizado para a avaliação da disponibilidade de zinco às plantas em solos sob cerrado. Entretanto, é um extrator que não é capaz de discriminar o efeito da calagem na disponibilidade do zinco as plantas. O pH do solo é o principal fator que influência na disponibilidade do zinco às plantas. A elevação do pH do solo reduz a absorção do zinco pelas plantas (Machado & Pavan, 1987).
Galrão (2004) verificou que o nível crítico de zinco para a soja, cultivada em solo sob vegetação de cerrado era 1 mg dm-3 utilizando o Mehlich-1 como extrator.
Atualmente, o teor do zinco nos solos cultivados com soja nos solos sob cerrado está acima do nível crítico devido a aplicação de doses adequadas deste nutriente. Entretanto, em muitas lavouras de soja têm sido constatado baixos teores deste nutriente nas folhas.
“A forma de aplicação mais eficiente
para o fornecimento de zinco à
cultura da soja é via foliar.”
Experimento com zinco em soja
Foi realizado um experimento em Latossolo Vermelho, textura argilosa com 66% de argila, região de cerrado, para a avaliação da resposta da soja a aplicação do zinco em solo com teor do nutriente acima do nível crítico.
Utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados com quatro repetições. Foram utilizadas parcelas de 24 m2 (oito linhas de 6 m de comprimento de 0,5 m), e a área útil foi constituída por quatro linhas centrais com 1 m de bordadura em cada extremidade.
O experimento consistiu de diferentes alternativas para o fornecimento do zinco à cultura da soja, variando a dose do nutriente, os métodos de aplicação e a fonte do nutriente (Tabela 1).
Tabela 1. Descrição dos tratamentos com zinco, teores de zinco nas folhas e a produtividade de grãos de soja.
Tratamento | Zn aplicado, kg ha-1 | Forma de aplicação | Época de aplicação | Teor foliar de Zn (mg kg-1) | Produtividade (sc ha-1) |
Controle | 0,0 | – | – | 28 | 44,83 |
AC com Zn | 3,0 | Lanço | Pré-plantio | 38 | 55,55 |
Zn no NPK | 1,8 | Sulco | Semeadura | 34 | 49,52 |
AC com Zn + Zn no NPK | 3,0 + 1,8 | Lanco + sulco | Pré-plantio + semeadura | 33 | 55,80 |
Óxido de Zn | 0,18 | Semente | Semeadura | 30 | 46,25 |
Óxido de Zn | 0,27 | Foliar | V5 | 30 | 55,45 |
Fonte: Baseada em Inocência et al., 2012.
Antes da instalação do experimento foi realizada a análise química do solo (Tabela 2). Constatou-se que o teor de zinco disponível no solo determinado pelo extrator Mehlich-1 era de 3,6 mg dm-3, portanto, bem acima do nível crítico de 1 mg dm-3 proposto por Galrão (2004).
Tabela 2. Resultado da análise química do solo na camada de 0-20 de profundidade.
pH | Ca | Mg | K | H+Al | Al | CTC | P | MO | S | B | Cu | Fe | Mn | Zn | V |
(H2O) | – – – – – – – – – cmolc.dm-3 – – – – – – – – – | mg.dm-3 | g.cm-3 | – – – – – – – – mg.dm-3 – – – – – – – | % | ||||||||||
5,9 | 4,2 | 1,1 | 0,14 | 4,1 | 0,1 | 9,6 | 9 | 36 | 15 | 0,6 | 1,0 | 32 | 46 | 3,6 | 57 |
Extrator: P, K, Cu, Fe, Mn e Zn: Mehlich-1; B: água quente.
Antes do plantio da soja, foi aplicado, 1,1 t ha-1 de calcário dolomítico (35% CaO e 12% MgO), 300 kg ha-1 de gesso agrícola, 22,9 kg ha-1 de P2O5 (MAP), 98,4 kg ha-1 de K2O e 2 kg ha de boro. A adubação NPK no sulco de plantio foi realizada com 450 kg ha-1 da fórmula 02-20-20, com e sem zinco, dependendo do tratamento (Tabela 1).
Foi utilizada a cultivar BRS Valiosa RR, com uma população aproximada de 240 mil plantas por hectare. No pleno florescimento (R2) da soja foi realizada amostragem das folhas das plantas para a determinação do teor foliar do zinco. A produção de grãos de soja foi determinada com umidade corrigida para 13%.
A aplicação do zinco via semente, proporcionou o menor incremento na produtividade da soja, em comparação as demais formas de fornecimento do nutriente. O zinco foi fornecido no momento do tratamento das sementes da soja com o fungicida, inseticida, cobalto, molibdênio e o inoculante fornecedor das bactérias do gênero Bradyrhizobium. Provavelmente, o zinco prejudicou a nodulação e a fixação biológica do nitrogênio.
A aplicação do zinco a lanço em pré-plantio no solo e via foliar proporcionaram os maiores aumentos na produtividade da soja, da ordem de 10,7 sc ha-1. Entretanto, a aplicação do Zn via foliar é a forma mais econômica e eficiente para o fornecimento de zinco à soja. A aplicação de 280 g ha-1 de Zn (óxido de zinco) via foliar foi equivalente a 3 kg ha-1 do nutriente aplicado a lanço em pré-plantio.
Soluções da Bio Soja
Realizar a aplicação do NHT® Zinco via foliar na cultura da soja. É um fertilizante fluido (suspensão concentrada) com alta concentração de Zn. Possui 1 kg de Zn por L.
- Época de aplicação: fase vegetativa
- Dosagem: 150 a 300 mL ha-1
Aplicar a maior dose do NHT® Zinco em lavouras de soja sem o fornecimento do zinco no solo (pré-plantio ou sulco).
A maior dose do NHT® Zinco pode ser dividida em duas aplicações sendo a primeira no V4 a V5 e a segunda aplicação, cerca de 10 a 15 dias após.
Considerações finais
Teoricamente, os solos com teores de Zn acima de 1 mg dm-3 deveriam ser capazes de suprir a demanda nutricional deste nutriente à cultura da soja.
Entretanto, tem sido constatado baixos teores de zinco nas folhas de soja cultivadas em solos sob cerrado com teores adequados do nutriente.
Evitar a utilização do zinco no tratamento das sementes da soja. Pode ocorrer redução na nodulação e fixação biológica do nitrogênio.
A forma de aplicação mais eficiente para o fornecimento de zinco à soja é via foliar na fase vegetativa.
Segundo os pesquisadores que realizaram a pesquisa abordada acima é necessário a revisão do nível crítico do zinco nos solos sob cerrado cultivados com soja.
Referências
ABREU, C.A. de; FERREIRA, M.E.; BORKERT, C.M. Disponibilidade e avaliação de elementos catiônicos: zinco e cobre. In: FERREIRA, M.E.; CRUZ, M.C.P. da; RAI, B. van; ABREU, C.A. de. Micronutrientes e elementos tóxicos na agricultura. CNPq/FAPESP/POTAFOS. p.125-150.
GALRÃO, E.Z. Micronutrientes. In: SOUSA, D.M.G. de; LOBATO, E. (Ed.). Cerrado: correção do solo e adubação. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica; Planaltina: Embrapa Cerrados, 2004. p.185-226.
INOCÊNCIO, M.F.; RESENDE, A.V. de; FURTINI NETO, A.E.; VELOSO, M.P.; FERRAZ, F.M.; HICKMANN, C. Resposta da soja à adubação com zinco em solo com teores acima do nível crítico. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.47, p.1550-1554, 2012.
MACHADO, P.L.O.A; PAVAN, M.A. Adsorção de zinco por alguns solos do Paraná. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 11:253-0-256, 1987.
SFREDO, G.J. Soja no Brasil: calagem, adubação e nutrição mineral. Londrina, Embrapa Soja, 2008. 148p. (Documento 305).
VALADARES, G.S.; SANTOS, G.C.G.; dos; ABREU, C.A. de; CAMARGIO, O.A. de; FERRERO,.P. Zinco total e disponível em amostras de perfis de solos do Estado de São Paulo. Bragantia, v.68, p.1105-1114, 2009.
1 comment
oi. gostei muito do seu site, vou verificar toda semana as atualizações.Obrigado