Encontro de Gestão de Cafeicultores – Encoffee realizado com maestria pelo Grupo Conecta, superou os objetivos dos organizadores e as expectativas dos participantes. Ao reunir os principais cafeicultores e cooperativas do país, além das principais empresas da cadeia produtiva do café, o evento gerou conhecimento e discutiu os principais temas de abrangência do mercado cafeicultor.
Realizado no Center Convention, em Uberlândia (MG), entre os dias 2 e 3 de abril, o evento reuniu mais de 450 produtores de seis estados e mais de 196 mil hectares, além de 40 cooperativas ligadas ao café. A programação técnica do evento contou no total com 4 painéis e 17 palestras, integrando quase 20 temáticas diferentes.
O evento trouxe palestras com temas diversos, onde os presentes puderam trocar informações, avaliar novos conceitos e ferramentas e ainda analisar práticas que podem ser impactadas pela atividade. “Foram dois dias de muito aprendizado. Trouxemos grandes insights para que os congressistas pudessem entender como o mercado se posiciona, como está o cenário político e econômico e como o café pode ser apresentado ao mundo como produto de qualidade. Os participantes fomentaram ideias, discutiram como estão atuando, se têm potencial para novos investimentos e o que precisam fazer para alcançar uma gestão de excelência. A ideia é que aproveitem ao máximo todas as informações recebidas por especialistas e palestrantes renomados e implementem o que for válido dentro de suas propriedades”, disse a diretora do Grupo Conecta, Luciana Martins.
PALESTRANTES DESTAQUES
Dentre todas as palestras realizadas no evento, destacamos a de Carlos Alberto Paulino, ex-presidente da COOXUPÉ – Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé (MG) e de Antônio Carlos de Gissi Júnior, diretor presidente da Kimberlit Agrociências.

Carlos Paulino apresentou, com uma clareza impressionante, números e cenários passados, bem como as perspectivas para a cafeicultura nos próximos meses e anos. Com humildade, pedindo desculpas à plateia pelo cenário não muito agradável devido aos baixos preços mundiais do café, Paulino mostrou, com uma habilidade que lhe é características, a importância da gestão nas propriedades agrícolas. “Não é de hoje que o café está com preços tão baixos. O mercado é assim. Mas, quem trabalha com planejamento e gestão organizada em sua atividade, conseguirá se sobressair desta situação”, disse.
Ao final do primeiro dia, o público participante pode compreender o quanto a gestão bem realizada pode impedir um desastre empresarial. Antônio Carlos de Gissi Júnior, diretor presidente da Kimberlit Agrociências apresentou um relato bem detalhado da trajetória da empresa, originária de Batatais (SP) e que, posteriormente, acabou sendo adquirida e transferida para Olímpia (SP).
Neste relato, um grave período de inadimplência provocado devido à intempéries climáticas, praticamente inviabilizou a atividade da empresa, com vários protestos e dificuldade de obtenção de créditos financeiros. E, foi aí que Antônio Carlos Gissi Júnior apresentou, detalhadamente, quais características são fundamentais para que uma empresa e um empresário se mantenham competitivas no mercado: “compromisso com os clientes, liderança de equipe, somados à ética e seriedade no mercado transformam e promovem o crescimento de uma empresa”, explicou Gissi.

Em sua apresentação, o presidente do Conselho Nacional do Café, Silas Brasileiro, abordou a sua participação na 124ª Sessão do Conselho Internacional do Café, realizada recentemente em Nairóbi, no Quênia. Ele disse que foram discutidos temas como a sustentabilidade da cafeicultura, o mercado mundial, os níveis do preço do grão e políticas nacionais do setor. “Em 2019, o Brasil terá uma safra menor e com preços baixos e não podemos plantar café sem trabalharmos o aumento do consumo. Os custos de produção precisam ser mais competitivos. Precisamos conscientizar o mercado que o produtor produz com sacrifício um produto de qualidade e isso precisa ser valorizado”, disse.

Marcelo Prado, da MPrado Consultoria Empresarial, acredita que a gestão é a alma do negócio. “Grande parte da geração da riqueza ficou dentro da porteira e não foi retida porque há uma grande ineficiência de gestão. Há falta de controle de custo, fluxo de caixa, coisas que parecem básicas e não são praticadas em algumas fazendas. Temos que entender que uma atividade rural é uma atividade empresarial como outra qualquer, ou seja, precisa ter planejamento comercial, orçamento, relatórios gerenciais, fluxo de caixa e controle. É preciso fazer a comercialização escalonada para não gerar desperdício, que hoje é superior a 20% pela ineficiência de gestão. Às vezes, o agricultor investe R$ 1 milhão numa colheitadeira e tem resistência de investir R$ 5 mil em um software”, explica.

No balanço geral do Encoffee, Priscila Nogueira Pinto Figueiredo, produtora na fazenda Dona Alaíde do Carmo da Cachoeira, no Sul de Minas, enfatizou a importância de estar em busca de constante aprendizado. “O Encoffee valorizou muito o cafeicultor. As palestras foram muito reais, principalmente as que mostraram que temos que trabalhar com gestão, custo, mercado futuro e com produtos novos. Já participei de eventos fora do país, em Belo Horizonte, mas esse foi um evento mais concentrado no que o produtor precisa,- que é entender a gestão e o seu papel como empresário do agronegócio. A organização está de parabéns”.






