Café

Com registro no INPI, Café do Norte Pioneiro impulsiona a região

O Café do Norte Pioneiro foi o primeiro produto a obter o registro de Indicação Geográfica (IG) junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A tradição e a importância do produto para o desenvolvimento da região são fatores que impulsionaram essa conquista, obtida já há sete anos. Os produtos com registro de Indicação Geográfica são aqueles com características diferenciadas por serem produzidos em uma região ou território específicos.

Os benefícios do registro de IG para a produção cafeeira são confirmados na prática. A atividade ajudou a desenvolver uma região inteira, no caso, todos os 46 municípios do Norte Pioneiro do Paraná.

“A IG fomentou a necessidade de organização dos pequenos produtores”, avalia o secretário-executivo da Câmara Setorial do Café do Paraná e economista do Núcleo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento em Apucarana, Paulo Sergio Franzini. Segundo ele, hoje são cerca de 15 associações na região.

“Com isso, ocorre o financiamento para compra conjunta de máquinas, como colheitadeiras, e oferta de cursos de capacitação. São ações que só chegam quando os grupos estão organizados”, afirma Franzini.

ECONOMIA LOCAL

Diferente de outras culturas, o Café do Norte Pioneiro movimenta mais a economia local. “O valor bruto da produção circula nos municípios. A cultura tem mais demanda de mão de obra local e, por isso, é uma atividade importante para o desenvolvimento dos municípios”, diz Franzini.

A Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento estima entre 5 mil a 7 mil propriedades de café no Paraná – 62% delas se concentram no Norte Pioneiro. Para 2019 é prevista a produção de 1,1 milhão de sacas no Estado.

CAPACITAÇÃO E TECNOLOGIA

Com os pequenos produtores organizados, as capacitações são promovidas pelo Instituto EMATER, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), da Federação da Agricultura do Paraná e pelo SEBRAE-PR.

O coordenador regional do projeto Café na região do Norte Pioneiro do Instituto EMATER, Otávio Oliveira da Luz, destaca a transferência de tecnologia e conhecimento como primordial para o fortalecimento do produto.

A partir da orientação técnica do EMATER-PR junto com associações, produtores e sindicatos, foram implementadas a adequação do espaçamento do plantio.

Em vez de 2 mil plantas por hectares, atualmente os produtores conseguem plantar 5 mil por hectare. Houve, ainda, melhoria da adubação e a cobertura de solo com vegetação entre as linhas de produção. “Isso garante a proteção do solo da chuva, do sol e mantém a temperatura, consequentemente evitando perdas ao produtor”, explica o coordenador.

O trabalho de podas dos galhos após a colheita do café também é uma tecnologia que tem rendido resultados satisfatórios. O método consiste na reserva por um ano da área desta forma, até que se plante novamente.

“Com essas tecnologias os produtores estão conseguindo se estabilizar economicamente. A Emater trabalha com prefeituras, sindicatos, associações de produtores. É um trabalho de muita integração entre os parceiros e isso faz a diferença e potencializa o nosso trabalho”, diz Otávio Oliveira.

CARLÓPOLIS (PR)

O pioneirismo no registro de IG serviu de resgate do produto, que faz parte da história paranaense. Se na década de 1960 o Paraná era o principal produtor brasileiro, hoje tem no café o reconhecimento de um produto especial e que representa o desenvolvimento econômico de cidades e de famílias por gerações.

Desde 2007, o cafeicultor Rodrigo Roenco Machado trabalha na propriedade herdada da família, de 34 hectares, em Carlópolis (PR), uma das cidades do Norte Pioneiro. Ele faz parte da terceira geração do café na família. “Meu pai e meu avô criaram todo mundo com base no café”, diz ao relacionar o sustento econômico.

Machado conta com oito funcionários e inova na diversificação, abrindo frente com a fruticultura. Mas o gosto pelo café permanece na plantação. Com desafios como diminuir custos de produção do café, ele diz ser essencial ter o apoio da Associação dos Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp) para ganhar competitividade no mercado.

REINVENTAR

Carlópolis (PR) é um exemplo no processo de reinventar e investir na produção deste tipo de grão. “Os produtores investiram muito em maquinário, compraram colhedoras, tratores e carretas nos últimos 15 anos. Hoje, atingiram um custo baixo de produção e tem alta produtividade”, destaca o coordenador da Emater.

Além disso, outras tecnologias que rendem destaque à cidade foram implementadas ao longo dos anos, como o emprego de tipos de café resistentes a pragas e métodos diferenciados no solo.

RECONHECIMENTO NACIONAL É FRUTO DE ESFORÇO CONJUNTO

Fundada em 2008, a ACENPP – Associação dos Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná uniu pequenos produtores e buscou, junto com o SEBRAE-PR, o registro de indicação geográfica. “O maior legado foi o reconhecimento do Norte Pioneiro como produtor do Café Especial. Isso era inimaginável e hoje é uma realidade”, considera o vice-presidente da entidade, Luiz Fernando de Andrade Leite.

A partir da ACENPP, foi criada uma cooperativa que facilita a comercialização para o Exterior do café produzido pelos cerca de 100 pequenos produtores que representa. Sem a cooperativa, Luiz avalia que seria inviável para os produtores familiares sonharem com a possibilidade de exportação. “É primordial para que o pequeno tenha acesso ao mercado que ele permaneça no associativismo”.

O consultor do Sebrae/Pr em Jacarezinho, Odemir Capello, diz que o reconhecimento nacional do café paranaense tem importância para a organização dos pequenos produtores que passam a se reunir em projetos coletivos. “A Indicação Geográfica é um mote para trabalhar outros aspectos, além do mercado. O ganho com o associativismo é muito grande. As novas lideranças surgiram entre os pequenos agricultores”, diz.

OUTROS PRODUTOS

Por ser o primeiro, o Café do Norte Pioneiro abriu portas para que outros cinco produtos paranaenses buscassem o reconhecimento. Outros cinco aguardam a chancela do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que atesta a autenticidade da produção. Entre eles, a bala de banana de Antonina e o melado de Capanema.

Os produtos que obtiveram registro de IG depois do café são Erva-mate de São Mateus do Sul, Goiaba de Carlópolis, Mel do Oeste do Paraná, Queijo de Witmarsun, Uva de Marialva e Mel de Ortigueira. Estão em processo final de certificação pelo INPI a Bala de Banana de Antonina, o Melado de Capanema, a Cachaça de Morretes, o Barreado e a Farinha de Mandioca do Litoral paranaense.

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