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Cana de AçúcarNOTÍCIAS

CATI Regional Bauru e APTA Polo Regional realizam capacitação sobre derivados da cana de açúcar

Produção de derivados da cultura da cana de açúcar. Esse foi o tema da capacitação técnica realizada entre os dias 18 e 21 de setembro, na CATI Regional Bauru, curso que capacitou 40 extensionistas, de diversas Regionais da instituição, que atuarão como multiplicadores de Boas Práticas de fabricação desses alimentos.

Durante o treinamento, o questionamento mais presente foi: a produção dos derivados melado, rapadura e açúcar mascavo é viável para os agricultores familiares? Essa pergunta foi respondida pelos coordenadores do curso, que foi realizado em parceria entre a CATI Regional e o Polo Regional Centro-Oeste da APTA – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, ambos de Bauru.

“Essa produção é uma possibilidade muito interessante de agregação de valor para a agricultura familiar. Apesar de a cadeia produtiva da cana não ser uma cultura muito trabalhada pela instituição, até por conta das características de seus principais produtores, existem pequenos produtores que atuam na pecuária leiteira, muitos dos quais integrantes do Programa Mais leite, Mais Renda, que têm cana forrageira na propriedade (para alimentação do gado). Para esses, a produção dos derivados abriria uma possibilidade de alternativa de renda, pois esses alimentos podem ser inseridos nas políticas públicas, como a da merenda escolar, em diversos formatos e receitas, como bala de rapadura e o melado no café da manhã”, avaliou Marco Aurélio Beraldo, diretor da CATI Regional Bauru, acrescentando: “Fizemos a capacitação para que os agricultores familiares, segmento essencial para a produção de alimentos, possam fazer a agroindustrialização da cana-de-açúcar artesanalmente, visando à sua permanência e ao acesso cada vez maior ao mercado, com produtos de boa qualidade, fabricados seguindo as Boas Práticas de fabricação de alimentos”.

Elisângela Jerônimo Torres, pesquisadora do Polo, que é a responsável pelos estudos sobre esses derivados na entidade, ressalta outros fatores que levaram os extensionistas da CATI a abraçarem a produção de derivados de cana como alternativa viável para os agricultores familiares. “A cultura da cana-de-açúcar domina a agricultura em grande escala, por isso fizemos pesquisas para adequar as variedades, fazendo ajustes tecnológicos que otimizassem a produção com qualidade, em escala artesanal”, ressaltou a pesquisadora, destacando outros fatores.

“A tecnologia de processamento dos derivados é simples, desde que seguidas as orientações da vigilância sanitária; os produtos têm dispensa de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e podem ser comercializados em feiras e outros locais. Por isso, acredito muito no potencial do mercado. Com essa capacitação e os técnicos da CATI se tornando multiplicadores do conhecimento, poderemos ajustar as linhas de pesquisas, que serão feitas em função da demanda dos produtores, trazidas pelos extensionistas das Casas da Agricultura, com o objetivo de gerar renda no campo e disponibilizar alimentos saborosos, que acrescentem valor nutricional no dia a dia das pessoas”.

Para Vera Palla, diretora da CATI Regional Jaboticabal, o curso foi muito prático e interessante. “Os conceitos que aprendemos são bem aplicáveis na minha região, onde a cana está presente em 90% da área. Eu fiz questão de participar, pois muito além de um interesse pessoal nesses produtos, temos pequenos produtores que constantemente nos procuram em busca de alternativas para diversificar as atividades e aumentar a renda. Em um primeiro momento vamos investir na multiplicação dos conhecimentos adquiridos, capacitando os técnicos das Casas da Agricultura, para que posteriormente capacitem os produtores interessados, envolvendo as organizações beneficiadas pelo Projeto Microbacias II, que têm estrutura de packing house e/ou salas de beneficiamento e processamento”.

Renato Delgado, engenheiro agrônomo da Casa da Agricultura de Piratininga, ligada à CATI Regional Bauru, foi um dos alunos mais ativos, pois, segundo ele, está sempre em busca de alternativas para agregação de valor à produção familiar, com ênfase no resgate de produtos tradicionais. “O conhecimento sobre a produção desses alimentos é muito antiga, remonta ao período em que não se tinham as facilidades de produtos industrializados nas prateleiras, principalmente o açúcar refinado e, por isso, as pessoas faziam em casa, principalmente na área rural. Hoje, muitos estão retomando este hábito. Agora, após esse curso, no qual aprendemos as etapas e o ponto do caldo, para fazer os três produtos, de forma rústica, teremos condições de ensinar os produtores interessados. Vamos incentivar os produtores a se organizarem para trabalhar com a agroindústria artesanal, envolvendo as mulheres, pois, dessa forma, eles podem reduzir os custos de produção, ter escala para ter maior rentabilidade e obter com mais facilidade as licenças necessárias. Vamos trabalhar com o conceito de extensão rural coletiva para difundir o conhecimento para o maior número de pessoas possível”, informou Renato, acrescentando que os extensionistas também estarão preparados para auxiliar tecnicamente na tomada de decisão pela atividade, auxiliar na escolha das variedades com aptidão para a região e verificação do potencial de consumo e comercialização do mercado”.

Programação

      A capacitação teve duração de 12 horas, com um conteúdo programático que abrangeu os temas:

  • qualidade da cana-de-açúcar como matéria-prima;
  • fabricação de açúcar mascavo;
  • fabricação de rapadura;
  • fabricação de melado;
  • Boas Práticas de fabricação na agroindústria artesanal;
  • práticas de processamento de açúcar mascavo, rapadura e melado.


Parceria CATI e Apta vai além da capacitação

Em fase de elaboração do conteúdo, a Instrução Prática sobre a produção de derivados de cana-de-açúcar, será mais um fruto da parceria da CATI e da Apta. Com um conteúdo amplo e técnico, que inclui receitas preparadas com melado, rapadura e açúcar mascavo, será uma publicação com conceitos e linguagem acessíveis para todos os públicos: técnicos, produtores e interessados de forma geral.

“Estamos preparando esse material com os conceitos de Boas Práticas na fabricação de alimentos; os resultados das nossas pesquisas com as melhores variedades; informações das etapas, passo a passo, da fabricação dos derivados e das receitas, as quais estão sendo elaboradas e testadas pela nutricionista da Divisão de Extensão Rural da CATI, Beatriz Cantúsio. Nosso objetivo, além de capacitar as pessoas, é estimular a comercialização e o consumo desses produtos, resgatando o hábito de uma alimentação saudável, com produtos mais naturais, pois tanto a rapadura como o açúcar mascavo e o melado são alimentos de alto valor nutricional, que preservam as características do caldo de cana, que é rico em ferro, magnésio e outros nutrientes”, explica a pesquisadora Elisângela Jerônimo.

Elisângela ressalta ainda que, pelo fato de o Brasil ser um País de grande dimensão territorial, tem diversidade de hábitos alimentares, o que faz com que, culturalmente, alguns produtos sejam consumidos de forma mais regionalizada, e a rapadura é um deles. “Mas temos visto um grande movimento de aumento e procura por esses alimentos, em todas as regiões, pois as pessoas estão redescobrindo suas características nutricionais. Por isso, é grande o potencial para aumento do consumo em nível doméstico e de mercado institucional. Mas é preciso reinventar o mercado e conquistar novos consumidores”.

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