Equinos e Muares

Trabalho descreve nova doença neuromuscular em equino

Estudo foi publicado Journal Veterinary Internal Medicine.

A edição 33 do Journal Veterinary Internal Medicine, considerado a publicação mais importante do American College of Veterinary Internal Medicine, publicou o artigo intitulado “Neuromyotonia in a Horse”, que descreve uma nova enfermidade neurológica em um cavalo encaminhado para atendimento no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, câmpus de Botucatu.

É notória a dificuldade de publicação de resultados referentes a anormalidades clínicas em apenas um animal em revistas de alta qualidade e com seletivo critério editorial. O aceite deste caso se baseia no ineditismo da descrição num equino da ocorrência de uma neuromiotonia, ou seja, uma doença neuromuscular que pode provocar cãibras, rigidez muscular ou contrações momentâneas e involuntárias dos músculos (fasciculações), entre outras características. Anteriormente, só havia descrições desse tipo de enfermidade em humanos, gatos e cães em diferentes partes do mundo.

“Mesmo com vários centros diagnosticando e pesquisando diferentes enfermidades em todo o mundo, não é comum a descrição de uma nova enfermidade em animais ou humanos, já que um considerável número de enfermidades já foi clinicamente caracterizado nos últimos 500 anos”, comenta o professor Alexandre Secorum Borges, do Departamento de Clínica Veterinária da FMVZ, coordenador do trabalho.

O equino foi inicialmente encaminhado ao Hospital Veterinário da FMVZ/Unesp para avaliação de uma possível enfermidade genética. Logo na consulta inicial constatou-se que o animal apresentava uma possível enfermidade neuromuscular. Após avaliação neurológica, eletroneuromiográfica e biopsia muscular, foi possível verificar rigidez muscular e assimetria na musculatura dos membros pélvicos (foto abaixo), assim como a ocorrência de miocimia (movimentos involuntários da musculatura) na musculatura do glúteo, paravertebral (junto de uma vértebra ou junto da coluna vertebral) e sacrococcígea (porção terminal da coluna vertebral).

O estudo eletromiográfico, realizado com equipamento adquirido com projeto FAPESP, permitiu observar a presença de atividade contínua e espontânea das fibras musculares e descargas de alta frequência, fibrilações e ondas agudas positivas, potenciais de fasciculação e descargas repetitivas complexas. A biopsia muscular apresentou um padrão miopático e neurogênico misto, permitindo caracterizar clinicamente a neuromiotonia.

O equino foi doado à FMVZ e permaneceu sob acompanhamento durante sete anos, período quem os exames foram repetidos várias vezes para a caracterização do caso, o que permitiu o detalhamento do estudo e sua publicação em uma revista de alto nível.

Segundo o professor Borges, a descrição de novas enfermidades neurológicas permite o avanço na compreensão de processos fisiológicos em diferentes animais domésticos e no homem. “Devemos destacar que descrições deste tipo só são possíveis quando existe um serviço de diagnóstico constituído por profissionais com diferentes treinamentos, ligado a um serviço hospitalar atuante no recebimento de casos, como o que proporciona a estrutura do Hospital Veterinário da FMVZ/Unesp em Botucatu. O uso de equipamento modernos, como no caso da eletroneuromiografia, equipamento adquirido com verba Fapesp de Pesquisa para utilização em estudo de eletroneuromiografia e potenciais evocados, permitiu confirmar o diagnóstico”.

O trabalho também contou com a participação de outros autores, destacando-se o professor Luiz Antonio Lima Resende, da Faculdade de Medicina da Unesp, câmpus de Botucatu, frequente colaborador em discussões de casos neurológicos, na realização de eletroneuromiografia  e estudo comparado de enfermidades neurológicas. Também tiveram papel importante no estudo, residentes e professores da Unesp e de outras instituições, como Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade Federal de Pelotas.

O artigo, assim como um filme demonstrando a neuromiotonia deste equino pode ser visto no próprio site da revista.

FONTE: Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ)
www.fmvz.unesp.br

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