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Técnicos da EMATER-MG participam do curso de Fitoterapia e Homeopatia Animal e Vegetal

Noventa e sete técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa-MG), estão participando do “Curso Fitoterapia e Homeopatia Animal e Vegetal”.

A capacitação está sendo ministrada por dois instrutores da empresa pública de extensão rural do Rio Grande do Sul (Emater-RS) e é direcionada para extensionistas e coordenadores regionais. As aulas, todas on-line, estão acontecendo às quintas-feiras, às 15 horas, desde o último dia 13/8, quando teve início.O curso está dividido em dois módulos (fitoterapia e homeopatia), sendo cada um deles, composto de quatro aulas, totalizando oito aulas até o final do estudo, no dia 1º de outubro. Cada aula tem duração de duas horas.

O objetivo, segundo o coordenador técnico estadual de Agroecologia da EMASTER-MG, Fernando Tinoco, é “despertar o interesse” dos técnicos para os temas, uma vez que a duração do curso é curta e por ser virtual, impede a realização de práticas. “O curso é mais voltado para os técnicos com aptidão de manejo agroecológico, na área da bovinocultura leiteira, mas estamos tendo momentos para falar sobre manejo ecológico de pequenos animais, como galinhas e frangos caipiras”, informa.

A iniciativa é fruto de parceria entre as duas instituições, que começou a ser pensada em 2018, segundo o coordenador técnico estadual de Agroecologia da EMATER mineira. “O interesse surgiu ano retrasado, mas somente no ano passado é que realmente colocamos algo em prática. Começamos a testar, em algumas propriedades rurais mineiras, receitas de fitoterapia de larga aplicação pela empresa gaúcha. A mais famosa e com resultados interessantes é a da Babosa (Aloe) para controle de mamite e de abscessos”.

Ainda conforme Tinoco, está acordado com alguns técnicos locais, gerentes e coordenadores regionais, de colocar em prática parte do aprendizado do curso, para avaliar a eficácia das técnicas aprendidas.  “Unidades de referência na temática poderão surgir logo após o curso, dependendo da vontade de cada um. Estamos podendo ter a possibilidade de introduzir manejos e técnicas agroecológicas nas propriedades leiteiras. Técnicas simples, mas eficazes e sustentáveis, visando uma produção de leite de qualidade e a um custo menor”, argumenta.

Despertar e custo

A assistente técnica regional de Sistema de Produção Animal da EMATER-RS, a médica veterinária Mara Saalfeld, instrutora do curso, também reforça a proposta. “Queremos divulgar e despertar nos extensionistas o interesse no aprendizado e uso da fitoterapia e homeopatia. E, também, oferecer mais uma possibilidade de renda aos produtores, através do cultivo e venda de plantas medicinais”, explica.

Com larga experiência nos temas e ao lado do colega de trabalho, o também instrutor do curso, Ronaldo Maciel, gerente regional da empresa pública sulina, Mara Saalfeld conta que, a extensão rural do Rio Grande do Sul trabalha há muitos anos com o uso de plantas medicinais, aromáticas e condimentares. “Utilizamos essas plantas no cuidado das famílias e nos seus animais. Temos cursos em três centros de treinamento de agricultores e ministramos oficinas e palestras em reuniões, dias de campo e exposições, entre outros eventos. A satisfação é muito grande, pois ensinamos os produtores a fazerem os próprios remédios e a usá-los adequadamente”, argumentou.

Segundo Mara, o uso de plantas medicinais resulta em cura, diminuição de custos na produção e ainda abre o leque para que o produtor possa se apropriar de tecnologias baratas e fáceis de aplicar. “As plantas medicinais têm princípios ativos como os medicamentos alopáticos, portanto previnem e curam as doenças dos animais. O custo é muito baixo e elas não apresentam efeitos residuais”, afirma.

Sem resíduos

Saalfeld destaca por exemplo, que o produtor não precisa descartar o leite, quando faz a aplicação de vermífugos, carrapaticidas e outros remédios dessas plantas em seus bovinos. No caso da mamite, a veterinária avisa, que o animal estando curado, o leite pode ser comercializado, sem passar pelo período de carência necessária, quando se faz uso de medicamentos alopáticos.

De acordo com a especialista, atualmente existe muita pesquisa científica, comprovando o que os povos tradicionais como imigrantes, indígenas, orientais e quilombolas sabem há milhares de anos. “O uso de plantas medicinais é considerado patrimônio da humanidade e faz parte da cultura popular. Passou oralmente de pai para filho há cinco mil anos antes de Cristo. A OMS (Organização Mundial de Saúde) constatou que mais de 80% das pessoas usam plantas medicinais”, ressalta.

Unidade de referência

Em Pratápolis (MG), Sudoeste de Minas, o extensionista e agrônomo da EMATER-MG, Leonardo Ribeiro, tem acompanhado alguns agricultores familiares locais que usam técnicas orgânicas e agroecológicas no tratamento de doenças do rebanho bovino leiteiro. 

“Usam tanto remédios de homeopáticos feitos em laboratórios, como os que são preparados por eles mesmos. Entre os exemplos, tem a babosa para mastite e outras inflamações, ou a cebola usada na retenção de placenta (permanência total ou parcial da placenta no útero da vaca, após o parto)”, garante.

Ciede Lara Amorim, produtor de leite orgânico em Pratápolis (MG)

Um dos produtores assistidos pelo agrônomo da EMATER-MG, é o agricultor familiar Ciede Lara Amorim, do Sitio Pontal. O sítio é agora uma unidade de referência para produção de leite orgânico e está sendo acompanhado pela EMATER-MG local.  Dono, juntamente com o pai e o irmão, da propriedade de 24 hectares e de um rebanho de 45 cabeças de gado, Ciede trabalha para tornar orgânico o leite que produz.  Assim, cada vez mais, se dedica ao uso de tecnologias agroecológicas no manejo do rebanho e nas galinhas caipiras, que cria para corte e postura.

“Faz um ano e meio que implantamos a unidade, mas já uso homeopatia há dois anos para tratar do gado, também uso plantas medicinais como a babosa, que tenho aqui na terra, além de outras para passar em machucados e ferimentos ou para agir como antibiótico”. Para Ciede, a nova forma de cuidar da saúde do gado tem impacto positivo nos custos da atividade. “Não gasto com medicamentos alopáticos e injetáveis”, afirma.

 

FONTE: Terezinha Leite – Assessoria de Comunicação – EMATER-MG
terezinha.ascom@emater.mg.gov.br

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