SILAS BRASILEIRO
Presidente do CNC – Conselho Nacional do Café.
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Workshop do CNC mira redução dos custos de produção do café
Com participação das instituições do Consórcio Pesquisa Café, cooperativas e pesquisadores debateram prioridades tecnológicas
Na sexta-feira, 12 de abril, o Conselho Nacional do Café (CNC), como encaminhamento de seu Comitê de Pesquisa, realizou o 1º Workshop Café com Tecnologia, na sede da Embrapa, em Brasília (DF). O evento teve o objetivo de apresentar as tecnologias desenvolvidas pelo Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, avaliar a possibilidade de parcerias com as cooperativas da entidade e discutir demandas tecnológicas consideradas prioritárias.
O evento foi aberto pela exposição do chefe geral da Embrapa Café, Antônio Fernando Guerra, que fez um relato sobre o cenário da pesquisa cafeeira no Brasil, apresentando os resultados alcançados, como, por exemplo, o aumento da produtividade de oito sacas para 33 sacas por hectare em uma área 500 mil hectares menor destinada à cultura entre os anos de 1997 e 2018.
As entidades que compõem o Consórcio Pesquisa Café também apresentaram os resultados obtidos ao longo dos últimos anos e os projetos que desenvolvem que estão pendentes de avaliação e que também já se encontram disponíveis para transferência aos produtores.
“Tivemos uma aula sobre modernização em café, que permitiu que o Brasil ocupasse seu papel de líder mundial da atividade. A competência de nossos pesquisadores ficou evidente ao abordarem o assunto e, principalmente, ao apresentarem cada conquista obtida por meio dos investimentos feitos em pesquisa, que temos a honra de capitanear junto ao Governo para a liberação de recursos do Funcafé”, comenta o presidente do CNC, Silas Brasileiro.
Com base nas apresentações realizadas pelas entidades que compõem o Consórcio Pesquisa Café, foi promovida a discussão a respeito de demandas tecnológicas consideradas prioritárias para a cafeicultura brasileira, em especial no que se refere ao setor cooperativista, e as formas para viabilizar o atendimento dessas prioridades por parte do Consórcio.
“Foram avaliadas e elencadas as possibilidades de parcerias com nossas cooperativas cafeeiras para validação e transferência das tecnologias. Um grupo foi constituído com representantes cooperativistas e das instituições de pesquisa, o qual será responsável por direcionar os trabalhos, que sempre focarão em atributos positivos de redução de custos, aumento de produtividade e melhoria da qualidade da bebida, tendo como foco prioritário a cafeicultura de montanha do Sul de Minas Gerais, região mais afetada pela queda dos preços em razão do seu elevado custo para o cultivo do café”, revela o diretor conselheiro do CNC, José Marcos Rafael Magalhães, presidente da Minasul.
Além do CNC e de representantes das entidades associadas ao Conselho, como Cooxupé, Minasul, Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Cocapec, Assul e Sistema OCB ES, também participaram do Workshop o diretor-executivo de Inovação e Tecnologia da Embrapa, Cleber Oliveira Soares, e pesquisadores das entidades de pesquisa do Consórcio, como Embrapa Café, Epamig, IAC, IAPAR, Incaper, Fundação Procafé, UESB, UFLA e UFV.
As apresentações dos pesquisadores podem ser baixadas CLICANDO AQUI
Cadeia produtiva do café se une para manutenção do CDPC
Entidades do setor privado encaminham seus argumentos ao governo, expondo a relevância do fórum e que este não implica gastos públicos
Após a publicação do Decreto nº 9.759 na última sexta-feira, 12, que prevê a extinção, por parte do governo federal, de alguns colegiados a partir de 28 de junho de 2019, o Conselho Nacional do Café (CNC) contatou as demais entidades da cadeia produtiva para estruturar defesa consensual da continuidade do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), que consta entre os fóruns elencados pelo decreto.
“Todos os segmentos da cafeicultura brasileira concordam que o CDPC é fundamental para o bom exercício da atividade no país, sendo responsável para que sejamos o mais sustentável possível e o principal player do mercado mundial. Também possuem esse entendimento os Ministérios que compõem o colegiado, portanto temos a convicção que o nosso Conselho Deliberativo terá sua continuidade nos moldes em que sempre existiu até agora”, explica Silas Brasileiro, presidente do CNC.
No documento, o setor privado defende que o CDPC veio preencher a lacuna deixada na gestão da cafeicultura com a extinção do Instituto Brasileiro do Café (IBC) e que a sua estrutura garante ampla representação dos setores responsáveis pela condução e pela execução da política cafeeira, permitindo o justo equilíbrio entre os interesses dos diferentes elos da cadeia produtiva e unindo nas decisões o setor público e privado.
Os representantes também enaltecem que a manutenção dos trabalhos e da composição atual do CDPC é fundamental para que haja continuidade da gestão público-privada, eficiente e responsável, do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), em sinergia com as necessidades da cadeia produtiva, representada pelas entidades nacionais que têm suas bases compostas pelos agentes privados efetivamente envolvidos no dia a dia do negócio café, que são produtores, cooperativas, exportadores e industriais.
O presidente do CNC recorda que o Funcafé foi criado em 1986 a partir de recursos dos próprios cafeicultores e que, atualmente, conta com aproximadamente R$ 6 bilhões para ordenar a oferta brasileira do produto, capital que não é proveniente das receitas anuais da União, mas de contribuição que foi imposta sobre as exportações de café entre 1986 e 2005.
“A existência do CDPC é fundamental para garantir a preservação do Fundo, evitando que seus recursos sejam utilizados para fins político-partidários ou para beneficiar determinada região produtora em detrimento de outras. Como o Funcafé não possui realimentação, sua gestão precisa continuar sendo responsável, respeitando as finalidades dispostas no Decreto 94.874, caso contrário seus recursos podem se exaurir, inviabilizando seu uso pelas gerações futuras de cafeicultores”, posiciona-se Silas Brasileiro.
As entidades de representação da cafeicultura nacional também apontam os principais resultados gerados pelo CDPC nos últimos anos, como a disponibilização de orçamentos recordes, garantindo aplicação direcionada às necessidades que variam a cada safra, de acordo com os cenários climáticos e mercadológicos.
“Mesmo no período recente em que as finanças públicas no Brasil se deterioraram, a gestão público-privada eficiente do Funcafé pelo CDPC, que é presidido pelo Ministério da Agricultura, garantiu orçamentos crescentes disponibilizados ao setor produtivo, respeitando suas necessidades mais prementes”, destacam.
O presidente do CNC informa que outra função de destaque do CDPC apresentada pela cadeia produtiva é a destinação de recursos do Funcafé para o financiamento da pesquisa cafeeira, “planejando e garantindo que os projetos estejam orientados às necessidades do setor privado, como redução de custos de produção e aumento da qualidade dos cafés do Brasil”. O gráfico abaixo apresenta os resultados do investimento realizado em pesquisa no setor (ganhos de competitividade e de sustentabilidade), que foi orientado pelo CDPC (criado em 1996) e executado pelo Consórcio Pesquisa Café (criado em 1997).
Ainda de acordo com os representantes da cadeia produtiva, a manutenção do CDPC não possui impactos orçamentários, pois os representantes dos Ministérios da Agricultura, da Economia e de Relações Exteriores já estão em Brasília (DF), não havendo, portanto, despesas com deslocamentos para participação nas reuniões do colegiado. Eles recordam que os representantes do setor privado arcam com suas despesas, também não representando gastos para a União, e que o trabalho dos conselheiros não é e nunca foi remunerado.
Silas Brasileiro anota que também foi lembrada a importância da relevância econômica e social da cafeicultura para o Brasil. “A base da cadeia produtiva, segundo o IBGE, é composta por 308 mil produtores, sendo que 85% são de pequeno porte. Nosso setor é responsável pela geração US$ 5 bilhões a US$ 7 bilhões em vendas externas, 8,4 milhões de postos de trabalho e de R$ 22 bilhões a R$ 27 bilhões de renda no campo, em aproximadamente 1.800 municípios cafeeiros, o que denota sua importância para o giro das economias regionais”, finaliza o presidente do CNC.
Dólar e oferta pressionam cotações do café
Sensação de oferta satisfatória e força da moeda norte-americana ante real ampliam perdas nas bolsas internacionais
Em uma semana mais curta em função do feriado da Sexta-Feira Santa (feriado da Paixão de Cristo), os preços do café voltaram a recuar nos mercados internacionais, renovando novas mínimas de cerca de 13 anos, pressionados pela sensação de oferta mundial satisfatória, início da colheita no Brasil e pela força do dólar em relação a outras moedas, como o real.
Na Bolsa de Nova York, o vencimento julho/19 do contrato “C” teve desvalorização acumulada de 305 pontos na semana, encerrando a sessão de quarta-feira (17) a US$ 0,8965 por libra-peso. Na ICE Futures Europe, o contrato julho/19 do café robusta fechou o pregão de ontem a US$ 1.412 por tonelada, com perdas semanais de US$ 9.
A moeda norte-americana registrou avanço impulsionada pela decisão de segunda-feira da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) de dar prioridade à PEC do Orçamento Impositivo em detrimento à reforma da Previdência, que ampliou a desconfiança quanto à votação dessa segunda proposta. O dólar encerrou, ontem, a R$ 3,9343, com ganho acumulado de 1,2%.
Segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a colheita de café robusta e arábica da safra 2019/20 deverá ganhar ritmo na próxima semana no país, mas regiões como Rondônia, Garça (SP), Noroeste do Paraná e algumas áreas da Zona da Mata (MG) já iniciaram os trabalhos.
“Catações pontuais também vêm ocorrendo no restante das praças acompanhadas, especialmente em cafezais mais velhos e nos precoces. Alguns poucos lotes de café novo, inclusive, já começam a chegar ao mercado”, destaca a instituição.
Em Rondônia, as atividades de campo começaram no final de março e o volume colhido correspondia entre 5% e 10% até a semana passada. Nas lavouras de arábica de Garça, Noroeste paranaense e Zona da Mata, o volume colhido ainda estava abaixo dos 5%. Com o avanço da cata nas próximas semanas, o Cepea recomenda que os produtores fiquem atentos ao clima, principalmente no caso do arábica.
“Chuvas já foram observadas na última semana em grande parte das regiões. Além de atrapalhar a colheita, as precipitações podem levar à queda dos grãos, prejudicar a bebida e aumentar a possibilidade de fermentação, reduzindo a qualidade dos cafés e limitando ainda mais a rentabilidade de produtores, vistos os preços já muito baixos da commodity”, analisa.
Os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e robusta foram cotados a R$ 375,48/saca e a R$ 287,13/saca, respectivamente, com desvalorizações de 0,4% e 0,3% na comparação com a semana antecedente.