RICARDO GOMES DA SILVA
Liga de Estudos em Mercados Agropecuários – Agronomia UFG
ricardoengambiental@gmail.com
2019 iniciou com muitas expectativas e alguns pontos de atenção para o setor de hortifrúti no Brasil. Por um lado, existiam (e ainda existem) grandes esperanças por um PIB mais alto (2,48%, segundo o relatório Focus em 15/02), além de diminuição do desemprego e aumento do consumo interno.
Como reflexo do final de 2018, ainda tivemos a diminuição de áreas das principais culturas de HF, como tomate, batata e cebola, o que resultou em uma pressão de aumento de preços. Mesmo para os produtores que mantiveram as áreas ou não mudaram de culturas, o dólar vem sendo fator de pressão, pois encarece o preço dos principais insumos (fertilizantes, sementes e defensivos). Esse tipo de situação reflete em menores margens para o produtor, mesmo com o melhor preço, o que o força a buscar aumentos de produtividades.
Essa saída passa por maiores investimentos (o que parece ser uma contradição no momento) e maior eficiência no uso dos recursos. Margens mais apertadas e insumos mais caros não devem ser sinônimos de que o produtor deve usar produtos de melhor qualidade, dispensar assistência técnica, pois essas escolhas comprometerão a sua produtividade, fazendo com que perca mais dinheiro ainda. É nesses momentos que aqueles que resolvem ficar na atividade e melhorar seu sistema produtivo se tornam maiores.
Pensando no clima, ainda se tem uma expectativa de El Niño para o ano de 2019, conforme mostram os indicadores do INPE. Porém, a intensidade prevista é menor do que ocorrido nos anos de 2015 e 2016. Independente da intensidade, as regiões Centro-Oeste e Nordeste devem ficar atentas à essa possibilidade, pois o fenômeno resulta em menores chuvas para esses locais.
Em termos de perspectivas econômicas para os próximos meses, o setor produtivo ainda espera (como o resto do país) pelas reformas previstas pelo governo que, se aprovadas, terão o poder de atrair investimentos estrangeiros e aumentar a confiança do empresário nacional, aumentando a geração de empregos e refletindo em um maior consumo interno, ingredientes necessários para restabelecer preços e margens para o produtor de hortifrúti.