JOSEPH JUNQUEIRA DE M. REINER
Especialista com 36 anos de mercado em exportação e empresas de varejo.
Atuou também no gabinete do Ministro Blairo Maggi e
hoje atua em Conselhos, além de ser produtor de café no Sul de Minas.
Escreve semanalmente sobre o mercado de café para a CAFEZAL SUL DE MINAS
O mercado fechou sexta-feira em 302,10 centavos base Março, contra um fechamento sexta-feira retrasada em 283,30 centavos. Passou a galope pelos 275 centavos e foi pegando stops até os 300 centavos. Os Fundos nem adicionaram um volume tão grande de compras, mas com certeza muitos comerciais foram perdendo o fôlego e levantando os hedges de venda (sem falar nos “vendidos“ cowboy).
Corremos o risco de entrarmos em um “vácuo“ de compras à medida em que participantes de maior peso percam o fôlego de manter seus hedges acima de 300 centavos.
Não tenho certeza se a indústria estará lá para tomar as vendas. A subida foi tão rápida que as indústrias que tinham proteção a longo prazo vão esperar um pouco para entender onde o mercado vai parar e adicionar ou não mais posições para fazer a “média”, enquanto as que não tinham proteção, meio que agora é tarde… e ir para o “mão para a boca“ e passar a conta para os clientes/consumidores.
Esse mercado tem potencial de continuar subindo rapidamente com volumes menores e até buscar a máxima histórica do mercado em 339 centavos (se não me engano).
Os estoques certificados subiram para perto de 885 mil sacas. A arbitragem NY & Londres foi a quase 80 centavos no Março/Março… agora é o Arábica no comando!! (mesmo com Londres novamente rompendo os 5 mil USD/TON).
O mercado interno, como podem imaginar, travou! O físico bateu os 2 mil Reais na sexta-feira, e… compradores e vendedores travaram, esperando a semana que vem.
Outro fator que suporta o sentimento de mercado, é que, pelo menos até o meio da semana, os diferenciais brasileiros não cederam mesmo com NY subindo rapidamente. Isto mostra que realmente o exportador está sentindo bastante dificuldade na compra, e não está querendo arriscar novas vendas até entender onde o mercado vai estabilizar.
Segundo relatório da Consultoria Safras & Mercados, o produtor já vendeu 70% da safra. Segundo alguns importantes exportadores, esse número pode já chegar a 80%.
Outro fator de forte relevância nos fundamentos, foi a revisão da safra brasileira 24/25 pelo USDA… para baixo em cerca de 3,5 milhões de sacas. A revisão coloca a produção total em 66,4 milhões de sacas & estimativa anterior em 69,9 milhões de sacas.
Consumo interno brasileiro em 22,67 milhões de sacas, e exportações em 44,25 milhões de sacas.
Um detalhe… o USDA indica que os estoques de passagem ficarão em 1,2 milhões de sacas. Nós sabemos que este número é pouco provável. O estoque de passagem dificilmente fica abaixo de 3 milhões de sacas. O déficit então é maior que 3,5 milhões de sacas… e alguém vai ter que ceder… ou o mercado interno ou a exportação…
Em outras origens, tivemos diminuição na Indonésia e aumento na Colômbia.
Na área de demanda, interessante reportagem reforça o que vários traders vem comentando sobre o aumento de embarques para novos destinos.
Na região MENA (Oriente Médio e Norte da África – 20 países), o mercado de coffee shops cresceu 11,3% nos últimos 12 meses, atingindo 11.163 lojas. Marrocos (19%), Arábia Saudita (16,5%) e Egito (13,3%) são os mercados que mais crescem. Somente Líbano e Tunísia tiveram retração.
A estimativa é que nos próximos 12 meses a região chegue a 12.160 lojas. O crescimento composto até 2029 e estimado em 8,1% ano a ano.
No macro, nenhuma grande novidade. A questão do Dólar agora está na capacidade do governo de convencer o mercado, da real intenção nos cortes de gastos para o ajuste fiscal. O governo indica que poderá chegar a $70 bilhões de Reais ($30 bi em 2025 + $40 bi em 2026).
Caso isto se efetue como uma realidade factível, poderemos ver o Dólar recuando para abaixo dos R$5,50. Caso não convença o mercado, ou continue adiando a demonstração dos cortes, o mercado deve seguir sua marcha para os R$6/1 Dólar.
Os $5 a 7 bilhões de dividendos da PETROBRAS não alivia a situação para o governo…
Interessante, li em outro relatório de respeito que, dos últimos 13.079 pregões da Bolsa, em apenas 45 ficamos acima de 300 centavos. Vamos bater também esse recorde?
Boa semana a todos!
Joseph Reiner