Quatro produtores de morango da região de Pouso Alegre (MG) receberam o selo do programa.
O Governo de Minas, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), entregou as primeiras certificações do Programa Certifica Minas Frutas a quatro produtores de morango do município de Pouso Alegre (MG), no Sul de Minas. Principal polo produtor da fruta no estado, com volume estimado em torno de 98 mil toneladas, a região responde por 84% da produção mineira (116 mil toneladas), de acordo com levantamentos da Emater-MG.
A produção de morangos no Sul de Minas é uma atividade que envolve toda a família, passada de pai pra filho há várias gerações. Reinaldo José Pereira, um dos produtores certificados pelo programa, aprendeu com o pai, José Rodolfo, 88 anos, que iniciou os plantios em 1967 e ainda está na atividade.
Em meio século de atividade familiar, Reinaldo Pereira testemunhou muitas transformações: em sua propriedade, o plantio no chão foi substituído pelo o modelo suspenso, dentro de estufas; a chegada de novas variedades; a mudança nas embalagens e a redução em torno de 90% do uso de agrotóxicos. “É possível produzir morango sem agrotóxico e, a partir dessa constatação, decidi investir na certificação para agregar valor à minha produção e buscar mercado diferenciado”, afirma.
Além do selo do Certifica Minas Frutas, Reinaldo Pereira já iniciou os procedimentos para obter a certificação SAT destinada aos produtos de origem vegetal Sem Agrotóxico. Os resultados vão aparecendo aos poucos. A safra de 33 toneladas/ano da família Pereira, cujo destino é Juiz de Fora (MG), região da Zona da Mata, é negociada no ano anterior, com o preço já definido. “A preocupação da gente é com a qualidade, em primeiro lugar, e depois com o volume, porque o preço a gente já fecha antecipadamente para o ano inteiro. Com o selo SAT a gente espera agregar mais valor ainda, um acréscimo em torno de 20%, calcula”.
Mercado exigente
A certificação vem atraindo o interesse dos produtores, que estão de olho na mudança de perfil dos consumidores. Além de praticidade, sabor e preço, o mercado consumidor está exigindo outros parâmetros, como a rastreabilidade do produto (saber quem está produzindo e em qual região); quer transparência nas informações que garantam a segurança daquilo que ele está consumindo e quer saber se os requisitos socioambientais estão sendo respeitados em todas as fases de produção.
“O principal motivo que me fez buscar a certificação é ter um produto diferenciado e de boa procedência”, afirma Márcio Pereira Tosta, produtor de morango de Pouso Alegre (MG) que também recebeu o certificado do programa. Ele ainda destaca outros benefícios que conseguiu ao adequar a propriedade e os processos de produção aos requisitos exigidos pelo programa. “Passei a ficar mais organizado, a fazer anotações de tudo que eu faço. Eu não era acostumado a fazer e nunca sabia o que eu gastava. Hoje eu consigo saber o quanto eu gasto na minha lavoura, se está me dando prejuízo ou o quanto eu estou ganhando”, afirma.
O produtor Clemilson Assis de Oliveira optou pela certificação porque queria produzir com mais responsabilidade. Buscando se aperfeiçoar na atividade, desde quando iniciou seu negócio nos anos 90, ele também melhorou a gestão da propriedade e o gerenciamento da lavoura de 44 mil plantas, no município de Espírito Santo do Dourado (MG). “A expectativa é de poder oferecer, cada vez mais, um produto com responsabilidade para o consumidor, além de agregar valor à nossa produção”.
Segundo o superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Seapa, Carlos Eduardo Oliveira Bovo, a certificação de produtores de morangos do Sul de Minas é um marco para o programa.
“A região de Pouso Alegre é o principal polo mineiro produtor de morango, cultura que é historicamente associada ao uso inadequado de defensivos agrícolas. A certificação vem ao encontro de um trabalho intenso e de muitos anos junto aos produtores, feito pela Seapa, Emater-MG, IMA e outros parceiros na redução e controle do uso de defensivos”, afirma.
Na avaliação do superintendente Carlos Bovo, o próximo passo é partir para ganho de escala na produção, uma vez que a demanda para os certificados é muito maior que a oferta nas regiões metropolitanas.
Parceria Público/Privada
Com o objetivo de ter um maior número de técnicos, prestando assistência técnica e ajudando os produtores a alcançar os pré-requisitos necessários à certificação de sua produção, a Secretaria de Agricultura regulamentou o credenciamento de instituições privadas e profissionais autônomos para a prestação de serviços de assistência técnica dentro do Certifica Minas. No ano passado, a equipe técnica da secretaria apresentou o programa e realizou diversos treinamentos para os grupos interessados.
Engenheira agrônoma e atuando numa empresa de consultoria voltada para a qualidade e segurança dos alimentos, há dez anos no mercado, Míriam Xavier participou dos treinamentos e se credenciou para trabalhar no Certifica Minas, orientando os quatro produtores de morango que receberam a certificação do programa.
“A gente apresentou o Certifica Minas Frutas para os produtores da região de Pouso Alegre e desenvolvemos o trabalho com grupos de produtores por cerca de nove meses. Foi uma experiência que deu muito certo, porque eles trocavam informações e as boas práticas entre eles e o valor da consultoria foi dividido entre o grupo, reduzindo os custos”, explica.
Certifica Minas
As ações de certificação de produtos agropecuários são desenvolvidas, no estado, há mais de uma década. O café é um dos produtos mais tradicionais contemplados pelo programa de certificação. Cachaça, algodão, produtos sem agrotóxicos e orgânicos também já faziam parte da relação de produtos atendidos pelas ações.
No ano passado, por meio da Lei nº 22.926/2018, o Governo de Minas transformou em política pública todas as ações de certificação agropecuárias que já estavam sendo realizadas, incorporando novos produtos ao programa. Passaram a fazer parte das ações o leite, frutas, carne bovina, queijos artesanais, azeite, mel e olerícolas (hortaliças).
O Certifica Minas é coordenado pela Secretaria de Agricultura e desenvolvido em conjunto com as instituições vinculadas (Emater-MG, Epamig e o Instituto Mineiro de Agropecuária, que é o órgão certificador, responsável pelas auditorias nas propriedades), além das parcerias com a iniciativa privada.
Para aderir ao programa
A adesão ao programa de certificação é voluntária. O interessado deve possuir inscrição estadual em Minas Gerais, requerer ao IMA a adesão ao produto/segmento de seu interesse e assinar o contrato. O produtor deve, também, permitir o acesso dos técnicos da Emater-MG ou de profissional credenciado para orientações e dos auditores para a realização de auditorias nos empreendimentos inscritos no Certifica Minas, além do pagamento das taxas de certificação, quando aplicáveis. O selo de certificação tem a validade de um ano, podendo ser revalidado, de acordo com o interesse do produtor, após novas auditorias do órgão certificador.
FONTE: Márcia França – Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
www.agricultura.mg.gov.br