CaféCafé e Mercado

[Fundação Procafé] – Síntese do Mercado de Café: Maio/25 – “Seria possível o Mercado retornar aos níveis de 400,00 cents/lb?”

JOÃO MARCELO OLIVEIRA DE AGUIAR
(Analista e Superintendente Executivo
da Fundação Procafé

No mês de maio/2025, na ICE Futures US (Bolsa de Nova Iorque), o café Arábica, que iniciou o mês com o fechamento do primeiro dia de negócios em 377,50 cents/lb, chegou a trocar de mãos na máxima de 391,95 cents/lb, para depois encerrar o mês com fechamento em 339,80 cents/lb, portanto, um mês de intensa queda.

Já na ICE Futures Europe (Bolsa de Londres), o Canephora (Robusta/Conilon), que iniciou o mês com o fechamento do primeiro dia de negócios em USD 5.081,00/ton, chegou a trocar de mãos na máxima de USD 5.323,00/ton, para depois encerrar o mês com fechamento em USD 4.463,00/ton, portanto, assim como para os Arábicas, um mês forte baixa.

Os motivos desses movimentos e dessa volatilidade nas principais Bolsas de café do mundo com algumas perspectivas futuras, a seguir…

FATORES DE SUSTENTAÇÃO (ALTA)
No mês de maio/25, novidades relacionadas aos fundamentos, em especial, de oferta (produção), repercutiram fortemente nas cotações do café, tanto na Bolsa de NY quanto de Londres, com ambas apresentando forte correção negativa no decorrer do mês. Foram poucos os fatores que seguiram dando sustentação aos preços e, mesmo assim, sem forças para sobrepor os fatores de baixa para os preços.

Com relação aos fundamentos cujas novidades, de um modo geral, geraram maior pressão do que sustentação para as cotações, é possível extrair alguns pontos que seguem como fatores de alta para os preços:

► O declínio na produção dos Arábicas em suas principais origens, Brasil e Colômbia, tende a limitar a queda nas cotações desta espécie. De acordo com dados do USDA, no Brasil a safra 2025/26 de Arábica está prevista em 40,9 milhões de sacas, uma redução de 6,41% em relação à safra de 2024 que foi atualizada de 45,4 milhões de sacas para 43,7 milhões. Em complemento, a Conab aponta uma quebra de 6,6% na safra brasileira de Arábica do ano de 2024 para 2025. Já na Colômbia, dados do USDA estimam um produção de 12,5 milhões de sacas para o ciclo 2025/26 (out/25 a set/26), o que equivale a uma quebra de 5,3% em relação ao cilo 2024/25 cuja safra foi revisada de 12,9 milhões de sacas para 13,2 milhões.

► Se por um lado, dados do USDA apontam aumento de produção no Brasil, no Vietnã, na Indonésia e na Etiópia, por outro lado, apesar do aumento exponencial dos preços, dados dos USDA apontam um possível incremento no consumo de café destas importantes origens: No Brasil, de 21,97 milhões de sacas consumidas no ciclo 2024/25 (jul/24 a jun/25) para 22,28 a serem consumidas no ciclo 2025/26 (jul/25 a jun/26). No Vietnã, de 4,0 milhões de sacas consumidas no ciclo 2024/25 (out/24 a set/25) para 4,9 a serem consumidas no ciclo 2025/26 (out/25 a set/26). Na Indonésia, de 4,80 milhões de sacas consumidas no ciclo 2024/25 (abr/24 a mar/25) para 4,81 a serem consumidas no ciclo 2025/26 (abr/25 a mar/26). Na Etiópia, de 3,60 milhões de sacas consumidas no ciclo 2024/25 (out/24 a set/25) para 3,70 a serem consumidas no ciclo 2025/26 (out/25 a set/26).

► Frente ao atual cenário, é preciso ponderar também que, apesar dos acréscimos de produção apontados pelo USDA, principalmente para os Canephoras no Brasil, Vietnã e Indonésia, o cenário de aperto na oferta deve perdurar por, ao menos, mais um ciclo haja vista que a produção estimada para o ciclo 2025/26 não deve gerar excedente suficiente para recomposição dos estoques que, atualmente encontram-se em níveis extremamente críticos.

Seguimos reiterando o quadro de escassez global que o setor vive atualmente: conforme já posto em Sínteses de meses anteriores, os números do último relatório de oferta e demanda global do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), publicado no mês de dezembro/24, indicam que a relação estoque%/consumo global para o final do ciclo 2024/25, corresponde ao alarmante percentual de 12,42%, o que expõem o fato de que os estoques de passagem ao final do ciclo 2024/25 não serão suficientes nem mesmo para dois meses de consumo.

Neste mês de junho/25, o USDA ainda deve publicar seu Relatório Mundial de Produção, Mercados e Comércio de café, revisando dados de produção, de consumo e de estoques mundiais para o ciclo 2024/25 e com as estimativas iniciais para o ciclo 2025/26. Assim, será possível confirmar que a relação estoque%/consumo global para o final do ciclo 2024/25 é, de fato, extremamente crítica e, caso haja alguma recomposição dos estoques até o final do ciclo 2025/26, esta deverá ser extremamente tênue, o que deve manter o mercado extremamente sensível às condições climáticas.

No Brasil, cenário segue sem muita alteração. Enquanto os cafés da safra nova (2025) não chegam de modo mais volumoso ao mercado, é possível perceber claramente o quadro de escassez, com níveis de estoques ainda baixos nos armazéns e poucos negócios realizados. Oferta deve seguir limitada até que os cafés da safra nova comecem chegar no mercado em maior volume.

É preciso ponderar que o Brasil, deve iniciar o ciclo 2025/26 (julho a junho) com níveis de estoques próximos de zero e, por conseguinte, a safra brasileira a ser colhida no ciclo 2025/26 terá de atender o consumo interno de aproximadamente 22 milhões de sacas e as exportações, que no ano passado excederam 54 milhões de sacas. Consequentemente, mercado seguirá extremamente sensível a qualquer surto climático.

Quanto ao andamento da colheita no Brasil, de acordo com a Safras & Mercado, apesar de inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando o percentual colhido era de 29%, o percentual colhido atualmente encontra-se um pouco acima da média das últimas cinco safras, com 27% colhido. Os Canephoras encontram-se com 40% da produção total colhida, portanto, um pouco abaixo do observado no mesmo período do ano passado, quando 42% já havia sido colhido. Já os Arábicas encontram-se com 21% da produção total colhida, portanto, abaixo dos 23% registrados no mesmo período do ano passado, mas, ligeiramente acima da média de 20% dos últimos cinco anos.

De acordo com o Cecafé, o Brasil embarcou 2,963 milhões de sacas no mês de maio/25, volume que implica queda de 33,3% em relação aos 4,446 milhões exportados em maio/24. Entre janeiro e o fim de maio de 2025, os embarques brasileiros de café totalizaram 16,790 milhões de sacas, um declínio de 19,2% na comparação com os cinco primeiros meses do ano passado.

Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, “o recuo observado nas exportações do Brasil reflete à menor disponibilidade de café, principalmente da espécie Arábica, cuja colheita começou a ganhar corpo somente agora neste mês de junho, e o fato de nossos Canéforas (Conilon e Robusta) estarem menos competitivos, atualmente, em relação a outras origens produtoras, como Vietnã e Indonésia”.

Com relação às exportações globais, de acordo com a OIC (Organização Internacional do Café), em abril/25 foram exportadas 10,2 milhões de sacas contra 10,94 milhões de sacas exportadas no mesmo mês do ano anterior, ou seja, uma queda de -6,8%.

Ainda de acordo com a OIC, no ano cafeeiro de 2024/25 (out/24 a set/25), este foi o quarto mês em que houve queda nas exportações. Como resultado, o volume acumulado no ciclo caiu -4,3%, somando 70,65 milhões de sacas exportadas entre out/24 a abr/25 contra 73,79 milhões de sacas exportadas no mesmo período de um ano anterior (out/23 a abr/24).

Realmente, até que os cafés da safra brasileira 2025 comecem a chegar de modo mais volumoso ao mercado, o quadro de oferta segue extremamente crítico.

Como posto na Síntese do mês passado, com relação aos receios quanto à resiliência do consumo diante os atuais níveis de preços, um fator de pressão para os preços, detalhado mais abaixo, pode se tornar um aliado contra a possibilidade de queda da demanda.

Dados da Conab e de outras fontes indicam que o Brasil está próximo de colher uma safra recorde de Canephoras em 2025. Aliado a isso, outras importantes origens de Canephoras também estão para colher uma safra volumosa no atual ciclo.

Diante esse cenário, já é possível perceber uma desvalorização mais intensa nos Canephoras e a expectativa é de um declínio ainda maior, o que pode inibir uma elevação mais acentuada dos preços ao consumidor final uma vez que as indústrias já começam a inserir um percentual maior de Canephoras em seus blends.

Agora, é preciso aguardar até que as recentes desvalorizações cheguem às prateleiras dos supermercados para, então, observar qual será a reação do consumidor final diante o recuo das cotações, em especial, dos Canephoras cujas indústrias tendem a aumentar o uso em seus blends reduzindo assim seus preços finais, o que pode ser saudável para o mercado ao não deixar muito espaço para mudanças de hábito.

De acordo com o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, ciente de que a produção do Arábica provavelmente iria continuar restrita no mercado global, a indústria brasileira se preparou para migrar seu blend acentuadamente para os Canephoras, em detrimento dos Arábicas cujos preços estão muito caros.

Segundo Márcio Ferreira, apesar da redução do Arábica nos blends da indústria, a safra brasileira de Canephora ainda é maior do que a necessidade do mercado interno. De uma safra de 22 milhões de sacas de Canephora, ele acredita que 17 milhões serão usadas no mercado interno, restando, ainda, Canephora para atender à exportação, mas não nos volumes recordes anteriores.

No início do mês de junho/25, a queda do Dólar aliada a fatores técnicos contribuiu para um movimento de recuperação parcial das cotações nas principais Bolsas de café do mundo. No cenário interno, o Dólar que encerrou o mês de maio/25 a R$ 5,70, hoje (10/jun) já opera próximo de níveis não vistos desde outubro do ano passado, isto é, R$ 5,55.

A desvalorização do Dólar no início de junho serviu de gatilho para uma correção técnica com ativação de ordens automáticas e realização de lucro por parte de fundos de investimentos e especuladores diante sinais de um mercado sobrevendido, tal como é possível observar nos indicadores constantes no Gráfico da primeira página.

FATORES DE PRESSÃO (BAIXA)
No mês de maio/25, conforme posto logo acima, as novidades relacionadas aos fundamentos, em especial, de oferta (produção), repercutiram fortemente nas cotações do café, tanto na Bolsa de NY quanto na de Londres, com ambas apresentando forte correção negativa no decorrer do mês. Enquanto o Arábica devolveu praticamente todo o ganho do mês de abril/25, o Robusta atingiu níveis não vistos desde de dezembro/24.

Apesar do quadro de oferta ainda restrita, as cotações foram fortemente pressionadas por fatores fundamentais. Conforme posto na Síntese do mês passado, uma das novidades que deu origem ao movimento baixista do mês de maio/25, foi revisão da Conab para a safra brasileira de 2025, que saiu de uma possível quebra para um possível incremento com relação à safra de 2024.

Em seu primeiro levantamento da safra brasileira de 2025, publicado no mês de janeiro/25, a Conab estimava uma redução de -4,4% da safra 2024/25 (54,215 milhões de sacas) para a safra 2025/26 (51,814 milhões de sacas), com uma quebra de -12,4% para o Arábica e um acréscimo de 17,2% para os Robustas/Conilons.

Já em seu relatório publicado no início de maio/25, a Conab revisou a safra 2025/26 dos Arábicas para 36,977 milhões de sacas, o que representa uma quebra de -6,6% diante a safra colhida no ano passado. Já para os Canephoras, a Conab, revisou a safra 2025/26 para 18,698 milhões de sacas, o que representa um acréscimo de 27,9% com relação ao total colhido no ciclo 2024/25.

Assim, no balanço geral da safra brasileira, o que em janeiro/25 foi estimado em uma redução de -4,4%, agora está estimado em um acréscimo de 2,7%, isto é, 54,215 milhões de sacas colhidas em 2024 contra 55,675 milhões estimadas para 2025. Aliado a um aumento exponencial da produção dos Canephoras brasileiros, com possibilidade de safra recorde, novos dados publicados pelo USDA, indicam incremento para outras importantes origens de Canephoras, tais como Vietnã e Indonésia, o que pressionou ainda mais os preços. Por se falar em USDA, a seguir alguns dados já publicados dos cinco maiores produtores de café do mundo, para o ciclo 2025/26:

  • Brasil (maior produtor de café do mundo): Previsão de 65,0 milhões de sacas para a safra brasileira de 2025, o que equivale a um acréscimo de 0,5% em relação à safra de 2024 que foi atualizada de 66,4 milhões de sacas para 64,7 milhões. A safra de Arábica está prevista em 40,9 milhões de sacas, uma redução de -6,41% em relação à safra de 2024 que foi atualizada de 45,4 milhões de sacas para 43,7 milhões. A safra de Canephora está prevista em 24,1 milhões de sacas, o que equivale a um acréscimo de 14,76% em relação à safra de 2024 estimada em 21,0 milhões de sacas. Dados do USDA apontam que as exportações brasileiras deverão apresentar um recuo de 5,65%, saindo de 44,25 milhões de sacas exportadas entre jul/24 a jun/25 para 41,75 milhões a serem exportadas entre jul/25 a jun/26.
  • Vietnã (2º maior produtor de café do mundo): Previsão de 31,0 milhões de sacas para a safra vietnamita referente ao ciclo 2025/26 (out/25 a set/26), o que equivale a um acréscimo de 6,9% em relação ao ciclo 2024/25 cuja safra foi atualizada de 30,1 milhões de sacas para 29,0 milhões. A safra de Robusta para o ciclo 2025/26 está prevista em 30,0 milhões de sacas, o que equivale a um acréscimo de 7,14% em relação ao ciclo 2024/25 cuja safra foi atualizada de 29,0 milhões de sacas para 28,0 milhões. Já com relação ao Arábica, o ciclo 2025/26 deverá apresentar o mesmo potencial produtivo que o ciclo 2024/25, isto é, 1,0 milhão de sacas. Dados do USDA apontam que as exportações vietnamitas deverão apresentar um incremento de 4,65%, saindo de 25,8 milhões de sacas exportadas entre out/24 a set/25 para 27,0 milhões a serem exportadas entre out/25 a set/26.
  • Colômbia (3º maior produtor de café do mundo): Apresentou queda na produção, por isso, melhor detalhado em fatores de sustentação.
  • Etiópia (4º maior produtor de café do mundo): Previsão de 11,56 milhões de sacas para a safra etíope referente ao ciclo 2025/26 (out/25 a set/26), o que equivale a um acréscimo de 8,75% em relação ao ciclo 2024/25 cuja safra foi atualizada de 8,36 milhões de sacas para 10,63 milhões, ressaltando-se o fato de que esta origem produz apenas café Arábica. Dados do USDA estimam que as exportações etíopes deverão apresentar um incremento de 11,43%, saindo de 7,0 milhões de sacas exportadas entre out/24 a set/25 para 7,8 milhões a serem exportadas entre out/25 a set/26.
  • Indonésia (5º maior produtor de café do mundo): Previsão de 11,25 milhões de sacas para a safra indonésia referente ao ciclo 2025/26 (abr/25 a mar/26), o que equivale a um acréscimo de 5,14% em relação ao ciclo 2024/25 cuja safra foi revisada de 10,9 milhões de sacas para 10,7 milhões. A safra de Robusta para o ciclo 2025/26 está prevista em 9,8 milhões de sacas, o que equivale a um acréscimo de 5,38% em relação ao ciclo 2024/25 cuja safra foi revisada de 9,5 milhões de sacas para 9,3 milhões. Já com relação ao Arábica, a safra para o ciclo 2025/26 está prevista em 1,45 milhão de sacas, o que equivale a um incremento de 3,57% em relação ao ciclo 2024/25 cuja safra foi estimada em 1,4 milhão de sacas. Dados do USDA apontam que as exportações indonésias deverão apresentar um incremento de 4,41%, saindo de 7,25 milhões de sacas exportadas entre abr/24 e mar/25 para 7,57 milhões a serem exportadas entre abr/25 e mar/26.

O USDA ainda não publicou seu Relatório Mundial de Produção, Mercados e Comércio de café, com dados de produção, de consumo e de estoques mundiais. Geralmente o relatório com os dados globais é publicado na penúltima semana do mês de junho. Por ora, é possível perceber que o ciclo 2025/26 trará uma alta produção de Canephoras, o que, consequentemente, pressiona não somente os preços dos Canephoras, mas também dos Arábicas uma vez que as indústrias tendem elevar o percentual dos Canephoras em seus blends, reduzindo a demanda pelos Arábicas cuja desvalorização, apesar de existente, é bem menos intensa do que a dos Canephoras.

Com relação ao consumo de café no Brasil, a ABIC divulgou os dados do primeiro quadrimestre do ano de 2025. De acordo com a entidade, apesar de ter aberto o ano de 2025 com saldo positivo nos meses de janeiro e fevereiro, os meses de março e abril foram bem negativos. Ao comparar jan/24 com jan/25, houve incremento de 1,26% nas vendas de sacas. Quando se compara fev/24 com fev/25, é possível perceber um leve aumento de 0,89% de sacas vendidas.

Já em mar/25, houve a primeira sinalização de queda, com uma redução nas vendas de -4,87% em relação a mar/24. Já no mês de abr/25 a queda foi mais expressiva, com uma redução de -15,96% de sacas vendidas em relação ao mesmo mês do ano passado.

No acumulado, as vendas caíram -5,13%, passando de 5.010.580 sacas (jan/24-abr/24) para 4.753.766 sacas (jan/24-abr/25). A queda apresentada é reflexo do aumento exponencial dos preços ao consumidor final. Dados da ABIC apontam que ao comparar abr/24 com o mesmo período de 2025, é possível notar um aumento de 49,85% nos preços do Solúvel, de 56,62% nos preços do Gourmet e de 85,08% nos preços do Tradicional/Extraforte. O café Especial foi o que teve menos impacto, com 29,13% de elevação nos preços.

Além do recuo das cotações nas principais Bolsas de café do mundo, no mês de maio foi possível perceber também um enfraquecimento no diferencial de base (FOB Santo x Ice Futures US). Apenas para se ter melhor noção, o diferencial de base para um Fine Cup – tipo 2/3 – pen. 17/18 que ao final do mês de abril estava em +25,00 cents/lb, ao final do mês de maio estava em +8,00 cents/lb e hoje (10/06) encontra-se em +4,00 cents/lb.

É importante notar que, ainda assim, o diferencial de base está mais estreito (valorizado) do que há um ano atrás quando para o mesmo padrão estava na casa de +1,00 cent/lb. Quanto mais se aproxima a chegada dos cafés da safra 2025/26 ao mercado, mais pressionado vem sendo o diferencial de base.

Se por um lado, no início do mês de junho, as cotações apresentaram uma correção técnica para cima diante sinais de um mercado sobrevendido, por outro, no decorrer do mês de maio, ordens automáticas de venda intensificaram o movimento baixista na medida em que importantes linhas de suporte foram rompidas.

Confirmando o viés baixista do mercado, os fundos de investimentos e especuladores seguiram reduzindo seu saldo líquido comprado em Futuros na Bolsa de NY. De acordo com dados do CFTC (Commodity Future Trading Commission), a posição líquida comprada dos fundos em Futuros na Bolsa de NY, que no início do ano chegou a superar 75.000 e que ao final de abril (29/04) estava em 49.289, no início de junho (03/06) já havia caído para 35.017 contratos.

No cenário político e econômico, as incertezas devem seguir deixando tanto o câmbio quanto o mercado de café extremamente voláteis, com rápidas e intensas oscilações, para cima e para baixo. Por ora, as principais novidades vêm girando em torno do que se segue:

  • No Brasil, após alta de 0,43% em abril, o IPCA de maio desacelerou, subindo para 0,26%, abaixo da projeção de 0,32%, o que é positivo e já leva o mercado a ajustar suas apostas, precificando uma manutenção da taxa Selic, embora alguns analistas ainda não descartem um aumento de 0,25% na próxima reunião do Copom. Apesar disso, as incertezas no cenário fiscal do país seguem preocupantes. Agora, a bola da vez está nas indefinições a respeito das medidas a serem anunciadas para compensar a perda arrecadatória sem o aumento do IOF, o que motiva um ambiente de cautela e aversão ao risco.
  • Apesar do risco mais elevado no Brasil, a redução dos juros em economias desenvolvidas tende a atrair capital estrangeiro para o país uma vez que as elevadas taxas de juros do Brasil passam a oferecer retornos ainda maiores. A entrada de maior volume de capital estrangeiro no Brasil pressiona o Dólar contra o Real, impactando negativamente os preços do café no mercado físico interno. Apesar disso, a desvalorização do Dólar contra o Real tende a limitar ainda mais as exportações, o que, conforme posto em fatores de sustentação (log acima), acaba dando suporte às cotações na principais Bolsas de café do mundo.
  • O corte na taxa de juros da União Europeia, com uma redução da taxa praticada nos 27 países do bloco de 2,25% para 2% ao ano.
  • Diante sinais de enfraquecimento da economia norte-americana com queda na geração de empregos, cresce a expectativa de redução dos juros dos EUA na próxima reunião do Federal Reserve (Banco Central dos EUA), que acontece no dia 18/jun.
  • A troca de farpas entre Donald Trump e Elon Musk nas redes sociais também mantém os economistas em alerta. Enquanto Musk descreveu o abrangente projeto de lei de impostos e gastos do Presidente norte-americano como uma abominação repugnante, Trump ameaçou encerrar subsídios e contratos governamentais com empresas de Musk. No final das contas, trata-se de um delicado embate entre o homem mais poderoso do mundo (Trump) contra o mais rico do mundo (Musk), cujo rumo que tomar, pode acarretar sérios reflexos para a economia e para a política norte-americana, respingando consequências para o mundo.
  • As tratativas comerciais entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping também merecem destaque. Qualquer manchete positiva ou negativa sobre negociações comerciais que ocorrem em Londres, pode impactar significativamente os mercados, inclusive o de café.

MENSAGEM AOS CAFEICULTORES

“Seria possível o mercado retornar aos níveis de 400,00 cents/lb?? No mercado de café, tudo é possível. Mas para retornar aos patamares de 400 cents/lb para mais, seria preciso uma mola propulsora relacionada a alguma adversidade climática, tal como geada ou seca.

Frente aos níveis alarmantes de estoques, o mercado deve seguir extremamente sensível ao clima. Por isso, muita atenção ao mercado de clima que ganha intensidade com a chegada do inverno brasileiro e que pode propor oportunidades perante quaisquer surtos climáticos que surgirem, revertendo, inclusive, o atual o cenário baixista.

Apesar disso, é preciso ponderar que, até o momento, um clima favorável para a safra de 2026 aliado à produção recorde dos Canephoras em 2025 pode seguir pressionando os preços, o que talvez seja até saudável para o setor uma vez que é possível vislumbrar um arrefecimento dos preços ao consumidor final de modo a evitar a possibilidade de mudanças de hábito e, ao mesmo tempo, sem deixar de propor uma margem interessante aos produtores diante o preocupante equilíbrio entre oferta e demanda.

Assim sendo, o produtor deve se atentar às oportunidades que surgirem, mas mantendo o foco principal na sua margem de ganhos, pois, apesar dos recuos recentes, os atuais níveis de preços ainda seguem propondo uma boa rentabilidade.”

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