JOSÉ BRAZ MATIELLO, RODRIGO N. PAIVA,
LUCAS BARTELEGA e MARCELO JORDÃO FILHO
Engº Agrônomos da Fundação PROCAFÉ
LUCAS UBIALI, LEANDRO ANDRADE,
LEONARDO POLO e EDUARDO LIMA
Engº Agrônomos Estagiários da
Fundação PROCAFÉ (Fazenda Experimental de Franca)
Observações de campo, agora no período da colheita de café da safra 2021, mostram, em certas áreas, maior quantidade, anormal, de frutos chochos e de grãos do formato moca.
A problemática de frutos chochos e de grãos moca está ligada a três grupos de fatores – da genética das plantas de café, do trato, especialmente da nutrição, e do ambiente, principalmente do suprimento de água e da temperatura.
Na genética dos cafeeiros, a seleção e liberação de cultivares pelas pesquisas de melhoramento admitem, como normal, a existência de até 5% de frutos chochos. Quanto aos grãos moca, nos cafeeiros arábica considera-se normal até 10%, no máximo 15%.
No aspecto ambiental, no clima, a falta de água e as altas temperaturas, como verificadas nesse ano agrícola, são determinantes das anormalidades na formação dos frutos. Assim, perdas provocadas por problemas na frutificação, nessa safra, vão variar regionalmente e, mesmo, entre lavouras na mesma propriedade. Regiões mais secas e quentes e lavouras mais novas representam maiores perdas, as quais serão sentidas no rendimento do beneficiamento, de café côco para o café em grãos.
A falta de água no período de 80 – 100 dias pós florada do cafeeiro é bem conhecida como fator crítico no enchimento/granação dos frutos, podendo dar origem a frutos completamente chochos, ou com apenas uma das lojas vazia, e, ainda, grãos mal formados, de menor peso. Em teste realizado na Fazenda Experimental de Varginha (MG), verificou-se o nível de 20% de frutos chochos. Em teste realizado na Fazenda Experimental em Franca (SP), verificou-se até 34% de frutos chochos.
Quanto à formação de grãos mocas, eles são devidos à ausência de fecundação em uma das duas lojas existentes no ovário das flores. Não se conhece, perfeitamente, as causas dessa não fecundação, porém tudo indica que ela é devida, principalmente, às altas temperaturas, vez que regiões cafeeiras de menores altitudes sempre apresentam maiores porcentagem de grãos moca. Deficits hídricos, pela falta de água nos tecidos, também influem nessa temperatura.
Sobre o prejuízo com o aumento de grãos moca, em avaliação efetuada com grãos beneficiados, verificou-se que o diferencial de peso desses grãos em relação aos do tipo chato varia conforme a peneira, mas pode-se considerar, na média, que os grãos moca, por serem mais densos, pesam cerca de 10% a mais do que os chatos. Ressalta-se, entretanto, que um grão moca ocupa, no fruto, o lugar onde existiram dois grãos chatos. Deste modo, a cada fruto com grão moca a perda de peso de grãos vai ser de 45% em peso.
Em dois talhões de “Mundo Novo” colhidos, nesta safra, na Fazenda Experimental de Varginha (MG), verificou-se uma média de 22% de grãos moca, o dobro do normal. Na Fazenda Experimental de Franca (SP), na média de 4 áreas, duas de “Mundo Novo” e duas de “Catuaí”, o índice de grãos moca foi de 37%, como se observa, em nível muito alto.