ESCRITÓRIO CARVALHAES
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Santos, sexta-feira, 30 de novembro de 2018
O ano de 2018 se aproxima do final e aumenta a expectativa dos mercados com a proximidade da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro. São positivas as repercussões sobre os nomes escolhidos para formar a nova equipe econômica e também com a indicada para comandar o MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, deputada Teresa Cristina.
As lideranças do agronegócio já se movimentam e na última terça-feira, dia 27 de novembro, houve em Brasília uma Assembleia Geral Extraordinária do IPA – Instituto Pensar Agro e reunião-almoço da FPA – Frente Parlamentar da Agropecuária com a futura ministra, atual presidente da FPA. No encontro foi anunciado que o também deputado federal Marcos Montes, que já presidiu a FPA, será o secretário executivo do MAPA.
Neste período conturbado para nossa política e economia, com um governo na prática de transição, não tivemos nada semelhante a uma política para o café. Os cafeicultores brasileiros assistem as cotações do café serem derrubadas mês após mês pelos operadores em Nova Iorque, sempre focados em seus interesses de curto prazo.
Em 2018, quando finalmente tiveram uma boa safra, com a qual contavam recuperar parte dos prejuízos de três anos de seca sobre os cafezais do sudeste brasileiro, os produtores sofrem com a queda do preço do café de um lado e forte subida dos custos de produção do outro. Subiram os preços dos defensivos, fertilizantes, combustíveis, energia elétrica e fretes.
Nesta semana as cotações do café na ICE cederam mais uma vez. De segunda-feira até ontem, oscilaram bastante tanto o dólar frente ao real como o valor dos contratos de café em Nova Iorque. Até ontem o balanço era positivo. Havia um ganho de 135 pontos nos contratos para março próximo. Hoje a bolsa em Nova Iorque trabalhou em forte baixa por todo o pregão e fechou com queda de 475 pontos, levando o balanço da semana para o negativo, com perdas de 340 pontos.
O pano de fundo nos fundamentos para ajudar os operadores a pressionar as cotações pode ter sido os números divulgados pela OIC – Organização Internacional do Café para a safra mundial de café 2017/2018, mais os bons números das exportações brasileiras de café em outubro e novembro. Por fim as boas chuvas sobre nossos cafezais estão desviando a atenção do mercado internacional para o fato de que no próximo ano teremos uma safra de ciclo baixo, menor do que a atual.
Segundo o relatório da OIC sobre o mercado de café – outubro de 2018, a produção mundial de café no ano-safra 2017/2018 foi estimada em 163,5l milhões de sacas de 60 kg, volume que representa um acréscimo de 4,8% em relação ao mesmo período anterior. Desse volume, a produção global de café arábica atingiu 101,23 milhões de sacas e café robusta 62,28 milhões de sacas, números que representam crescimento de 1,7% e 10,5%, respectivamente, se comparados com o ano-safra anterior. Esse volume, na prática, indica que no ano-safra 2017/2018 tivemos uma produção mundial equilibrada com o consumo mundial.
Com consumo mundial em alta e seguidos problemas climáticos ao redor do mundo, esses números não trazem muito conforto e segurança ao mercado.
Até dia 29, os embarques de novembro estavam em 2.301.997 sacas de café arábica, 150.964 sacas de café conillon, mais 169.906 sacas de café solúvel, totalizando 2.622.867 sacas embarcadas, contra 2.485.745 sacas no mesmo dia de outubro. Até o mesmo dia 29, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em novembro totalizavam 3.723.426 sacas, contra 3.548.174 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 23, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 30, caiu nos contratos para entrega em março próximo 340 pontos ou US$ 4,50 (R$ 17,36) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 23 a R$ 561,23 por saca, e hoje dia 30 a R$ 548,87. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em março a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 475 pontos.
Escritório Carvalhaes