JOSÉ BRAZ MATIELLO
Engº Agrônomo da Fundação PROCAFÉ
CESAR KROHLING
Engenheiro Agrônomo Especialista em Cafeicultura
F. STOCKL
Técnico das Fazendas Stockl
www.fundacaoprocafe.com.br
Em condições de cafeicultura de montanha, de trato manual, mesmo cafeeiros adensados, que se encontram fechados, sem saia, podem ser podados mais altos, com melhores respostas de recuperação em relação ao uso da poda tradicional, de recepa baixa.
O uso de podas em cafezais vem crescendo nesses últimos anos. Antes a pratica era utilizada apenas de forma corretiva, hoje em dia é empregada no manejo normal da lavoura, visando facilitar os tratos e a colheita.
Uma das regras padrões para uso das podas tem sido a de observar a saia dos cafeeiros, a sua ramagem baixa e quando ela se mostra inexistente, logo vem a ideia de recuperá-la através de uma poda baixa, de recepa.
A recepa, no entanto, só deve ser usada em ultimo caso, pois a copa da planta precisa ser toda reformada, novamente, e, com isso, se perde praticamente duas safras, o que interfere muito, baixando a média produtiva da lavoura. Além disso, a recepa tem o inconveniente de gerar grande volume de ramagem e de troncos das plantas, que precisa ser removido pra fora da lavoura, o que resulta em custos adicionais. Também, exige desbrotas e, com a abertura da área, aumenta o problema de mato e seu controle é dificultado, já que os brotos novos ficam mais sujeitos à toxidez pelo uso de herbicidas.
O uso alternativo de podas altas, como o decote e o esqueletamento/desponte, por outro lado, em condições normais, pressupõe a existência de ramagem lateral em boa quantidade, o que é difícil de encontrar em cafeeiros já fechados.
Recentemente efetuou-se, na região de cafeicultura de montanha do Espírito Santo, em Marechal Floriano (ES), um trabalho de teste de poda mais alta em cafeeiros adensados e fechados, que se encontravam quase sem ramagem lateral baixa. Foram aplicadas podas em diferentes alturas do tronco, uma recepa baixa e uma alta e um esqueletamento em 3 alturas de decote, a 1,5 m, 1,8 m e 2,20 m. Nas podas de 1,5 a 1,8 m os troncos praticamente ficaram sem quaisquer ramos laterais, ali se imaginando que não haveria boa recomposição. Os resultados obtidos do trabalho mostraram que é possível sim, a curto prazo, recuperar a copa de cafeeiros nessa condição, aproveitando as brotações ortotrópicas novas, que saem dos troncos cortados, formando uma boa estrutura produtiva, bem superior àquela promovida pela recepa. No caso da poda mais alta, nessa aproveitando alguns ramos laterais no topo da planta, ela se evidencia como a mais produtiva na primeira safra pós-poda, porem tende a fechar a lavoura novamente e exige a aplicação de nova poda, tipo safra zero. Só que nesse caso as brotações ortotrópicas, saídas na parte baixa do tronco, serão aproveitados pra recomposição da saia, útil em novo esqueletamento. Nas podas com decote mais baixo houve boa recomposição da copa e pode-se, ainda, aproveitar pra tirar mais safras em seguida.
Nas recepas efetuadas no trabalho a mais alta se mostrou melhor, mesmo não existindo pulmão. Da mesma forma foram aproveitados alguns brotos, nesse caso efetuando-se desbrotas, o que não ocorreu nas podas altas.
Ressalta-se que, no experimento efetuado, a variedade era Catuaí Vermelho , com 21 anos de idade, no espaçamento original de 1,7 x 0,8 m, tendo sido eliminada uma linha a cada duas linhas.