Cana de AçúcarIrrigação

[Daniel Pedroso] – “A irrigação se faz nas chuvas”

DANIEL PEDROSO
Especialista agronômico sênior da Netafim Brasil

Desde que o agricultor da antiguidade começou a ocupar as regiões tropicais do globo terrestre e nela desenvolver a agricultura, a irrigação passou a ser apenas um complemento para os períodos sem chuvas. Ou seja, a água passa a ser preocupante apenas nos períodos em que ela é escassa.

Com esse conceito, foram criadas duas vertentes que começaram a se desenvolver de maneira separada, a agricultura irrigada e a agricultura de sequeiro. Cada uma evoluindo com as tecnologias próprias e momentos próprios.

Contudo, devido a anomalias climáticas cada vez mais recorrentes e à necessidade de ser mais eficiente na produção agrícola, as duas vertentes, antes separadas, começaram a unir forças, aumentando progressivamente a área irrigada no país.

Foto 01. Área irrigada de cana de açúcar no Brasil

Essa evolução está cada vez mais presente nos fatores de produção brasileiros. Antes, o que era proibitivo está hoje em praticamente todas as discussões técnicas, e até mesmo estudos são realizados para demonstrar o grande potencial de área irrigável no país.

Foto 02. Potencial irrigável no Brasil

Diferentemente de uma chuva, que pode transformar um solo seco em úmido em poucas horas, sem controle por parte do produtor e de forma repentina, qualquer que seja o sistema de irrigação escolhido deve passar por um mínimo de planejamento para ser utilizado. E o momento para fazer esse planejamento é agora, no período chuvoso.

Normalmente, o produtor brasileiro é reativo e imediatista, ou seja, espera pelo problema para depois corrigir, e muitas vezes essa característica impede de mitigar um problema que provavelmente irá se repetir: a seca.

Uma boa irrigação não se inicia simplesmente ao apertar o botão “ligar”, mas sim muito antes, no planejamento. Planejar não é apenas decidir se vai irrigar ou não, mas definir a área a ser irrigada, estabelecer objetivos em relação à irrigação, estruturar um manejo e, por último — e não menos importante —, adquirir um sistema de irrigação adequado.

Foto 03. Decréscimo de produtividade de cana de açúcar em áreas de sequeiro
Foto 04. Planejamento de objetivo, área, e época de irrigação.

Com essas informações em mãos, inicia-se a negociação comercial, a instalação e, finalmente, a pressurização do sistema. Ter a “consciência de irrigante” não é apenas fornecer água à cultura; isso seria “molhação”. É preciso compreender que a água é um insumo de produção e, como tal, é necessário planejar seu uso e, com parâmetros técnicos, saber quanto e quando aplicá-la.

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