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Costa Rica: 60% dos colhedores de café especial são panamenhos e nicaraguenses.

Leis trabalhistas como as existentes no Brasil não existem e, em sua maioria, a mão de obra explorada na colheita do café é a indígena.

 

A migração indígena é uma das principais características na mão de obra nas lavouras de café especial na Costa Rica. Segundo o último levantamento do governo costarriquenho, 15 mil índios do Panamá e 4 mil de Nicarágua migram para o país para trabalhar na colheita do café todo ano. O trabalho, no entanto, muitas vezes envolve uma rotina pesada e de exploração.

Os índios geralmente vão a pé ou em transportes precários até a fronteira, onde os empregadores os transportam em ônibus até as lavouras. Ali, vivem de outubro a março, período quando em que são fundamentais para colheita do café – de acordo com o Ministério da Agricultura, 60% dos colhedores de café são panamenhos e nicaraguenses.

A região de Tarrazú na Costa Rica é conhecida por produzir o melhor e a maior quantidade de café do país. Foi lá que encontramos Raquel Palácio, de 20 anos, e a filha, Marelín Ábrago Palácio, de 11 meses, ambas da etnia Guamy.

Elas vêm de uma região do Panamá chamada Boca Del Toro, conhecida pelas praias e o crescente turismo, junto com outros 40 indígenas. É a primeira vez que Raquel e sua família estão na colheita do café, nas elevadas montanhas da Costa Rica – ali conseguem US$ 5 por dia de trabalho, para completar a renda da família.

60% dos colhedores de café são panamenhos e nicaraguenses (Foto: Lucas Magalhães/EPTV)

Rotina dura

No dia a dia na colheita, algumas paradas para amamentação da criança e um certo descanso permitido só para mulheres com crianças muito novas, à sombra dos alojamentos de latão, sem portas, com camas sem colchão e dois banheiros para todo o grupo.

Para conseguir trabalhar e completar a renda junto do marido, o também indígena panamenho Manuel Ábrago Guerra, Raquel leva a pequena Marelín no mesmo cesto onde os grãos maduros do café são colocados. Amarrada à cintura da mãe e ao alcance dos olhos, a criança parece serena e alheia à situação difícil pela qual os pais e os outros guamys passam nas lavouras do município de San Marcos de Tarrazú, a 50 km da capital da Costa Rica, San José.

O casal conta que ainda não tem noção se acha difícil ou não ter que trabalhar na cafeicultura. Segundo Manuel, eles estão na colheita há menos de um mês.

A rotina é pesada nas colheitas de café na Costa Rica (Foto: Lucas Magalhães/EPTV)

Isolamento

Alguns indígenas relatam situação de fome e miséria no país de origem. Nas terras de Tarrazú, os índios não tem contato com a cidade, que fica a cerca de 15 km dali. Todo o mantimento é trazido pelo empregador que revende aos índios. Marelín não é a única criança presente na lavoura, outros indígenas entre 3 e 10 anos trabalham pinçando os grãos vermelhos.

Por entre as ruas de café, é fácil encontrá-los. Sem acesso à escola, muitos ainda sequer falam espanhol. E o único futuro parece girar em torno da migração sazonal para o país vizinho atrás de trabalho.

Sem fiscalização suficiente, o Ministério da Agricultura e Pecuária costarriquenho promete um programa para tentar garantir creche e educação para essas crianças, mas a ideia ainda não saiu do papel.

Para esses índios, a colheita do café está longe de um mercado justo, que diversas vezes é defendido e propagandeado por inúmeras marcas de café industrializado.

A única segurança na lavoura onde esta foto foi feita está na sensação que a pequena Merelín parece sentir pelo cuidado da mãe indígena. Aqui, o berço é a cesta que ela divide com os grãos maduros do café.

Raquel Palácio, de 20 anos, e a filha, Marelín Ábrago Palácio, de 11 meses, na lavoura de café (Foto: Lucas Magalhães/EPTV)

 

Fonte: Lucas Magalhães – EPTV Sul de Minas/G1

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