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Café verde do oeste baiano entra no Mapa das Indicações Geográficas do IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) disponibilizou no dia 19 de agosto último, no seu portal na Internet, a versão atualizada do Mapa das Indicações Geográficas do Brasil, produzido em parceria com o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Neste ano, o mapa traz quatro novos produtos, incluindo o café verde do oeste da Bahia, onde há 10,6 mil hectares plantados com a cultura. No INPI, a concessão da indicação geográfica foi concedida em 14 de maio de 2019, para o produto café verde em grãos da espécie Coffea arabica.

A área geográfica delimitada abrange os terrenos com altitudes a partir de 700 m dos seguintes municípios: Formosa do Rio Preto (BA), Santa Rita de Cássia (BA), Riachão das Neves (BA), Barreiras (BA), Luís Eduardo Magalhães (BA), São Desidério (BA), Catolândia (BA), Baianópolis (BA), Correntina (BA), Jaborandi (BA) e Cocos (BA).

A IG foi concedida em nome da Associação dos Cafeicultores do Oeste da Bahia (Abacafé), segundo a qual a história da cafeicultura na região pode ser dividida em duas fases: a primeira nos anos 1960/1970, época em que se plantava no sistema de sequeiro e apenas para subsistência: e a segunda a partir de 1994, quando se iniciou o plantio comercial e irrigado. Os registros do início do século XX mostram que o café já era comercializado em Barreiras.

No novo Mapa das Indicações Geográficas estão localizadas as regiões de origem de um total de 62 produtos e serviços certificados, até maio de 2019, por Indicação de Procedência e/ou Denominação de Origem.

Além do café do oeste baiano, passaram a ser mapeados também, nesta edição, os derivados de jabuticaba de Sabará (MG), o cacau de Tomé-Açu (PA) e a banana de Corupá (SC). O mapa é elaborado na escala 1:5.000.000 (onde 1 cm no papel equivale a 50 km no território) e pode ser acessado diretamente aqui

A indicação geográfica é usada para identificar a origem de produtos ou serviços quando o local se torna conhecido ou quando determinada característica ou qualidade do produto ou serviço se deve à sua origem.

Isso permite que os consumidores tenham informações confiáveis sobre a qualidade e a autenticidade do que estão adquirindo. Esse tipo de certificação também valoriza a cultura local e fomenta atividades turísticas.

A Bahia tem quatro representantes no Mapa das Indicações Geográficas. Além do café do oeste, também estão mapeadas as amêndoas de cacau do sul do estado (2018), a cachaça da microrregião de Abaíra (2014) e, em conjunto com Pernambuco, as uvas de mesa e mangas do Vale do São Francisco (2009).

Outros exemplos de produtos consagrados no mapa são os vinhos e espumantes do Vale dos Vinhedos (RS), o camarão da Costa Negra (CE) e o mel de Ortigueira (PR), as rendas de Divina Pastora (SE) e do Cariri (PB), as cachaças de Paraty (RJ) e Salinas (MG), a própolis vermelha dos manguezais de Alagoas (CE) e as panelas de barro de Goiabeiras (ES).

As Indicações Geográficas são definidas pelas próprias associações, sindicatos e cooperativas de produtores locais e estão certificadas pelo INPI.

O café do oeste

De acordo com a Abacafé, o grão produzido na região do oeste da Bahia “é reconhecido pelo sabor agradável, com boa fragrância e aroma levemente frutado e floral, com excelente doçura e boa acidez”.

O termo “café verde”, segundo explica o presidente da associação que reúne 26 cafeicultores, José do Espírito Santo, é porque “ele não é torrado, não é pronto pro consumo”. De acordo com Zé do Espírito Santo, a produção média na região está de 450 mil sacas de 60 quilos por ano, e esse ano deve ficar em 400 mil sacas.

“Em torno de 70% do nosso café está indo para exportação, sendo que os principais destinos são Alemanha, EUA e Japão”, disse. Na região atuam produtores e grupos agrícolas da Bahia, Minas Gerais, São Paulo e de outros países, como da Índia e EUA.

“O café arábica daqui é toda irrigado, o que garante produtividade média todo ano. Sabemos que há outros cafés da Bahia que também possui qualidade, como o arábica da região do Planalto da Conquista, no sudoeste, e o de Piatã, na Chapada Diamantina, que é de excelente qualidade. Assim como outras culturas, a qualidade do café depende da região onde é produzido”, comentou.

O café do oeste é produzido sob condições de temperatura média de 21,5° C, não havendo riscos de geadas, nem interrupções no desenvolvimento do cafezal durante o ano pelas pouca variação na temperatura. A pluviosidade média com cerca 1.600 mm está distribuída entre os meses de outubro e abril.

No período seco, a compensação ocorre pela irrigação, a qual conta com grande disponibilidade de água subterrânea ou de superfície, de um dos maiores aquíferos do Brasil, o Urucuia. Este período seco gera grande contribuição para as operações de colheita e pós-colheita, pois não conta com chuvas.

Com luminosidade de aproximadamente 3.000 horas por ano e altitudes médias de 800 metros, são condições favoráveis para o bom desenvolvimento do café arábica. O relevo plano, típico do cerrado, tem permitido alta tecnificação em todas as fases do processo de produção.

Estas condições, somadas ao perfil empresarial dos cafeicultores oriundos de regiões tradicionais de cultivo de café no Brasil, possibilitam a criação do cenário ora encontrado.

Frente as condições naturais desta região cafeeira, os empresários dinamizaram o processo de produção através do investimento em tecnologia. Modernas máquinas e insumos são de uso comum, permitindo as maiores produtividades de café do Brasil.

Apesar da longa história da cafeicultura na Bahia, o primeiro cultivo comercial no Oeste ocorreu em 1994. Sob coordenação do português João Barata, este trouxe de Angola a experiência de produzir café irrigado, dando inicio ao novo ciclo do café no estado.

Além da produção familiar, grupos empresariais também investem na cafeicultura. Este intercâmbio contribui à constante profissionalização do setor, uma vez que o módulo médio de área com café é de aproximadamente 300 hectares por propriedade.

As grandes áreas exigem maiores atenções nos aspectos administrativos, técnicos e infra-estrutura. Estes elementos contribuem para formar o perfil encontrado no ambiente de produção no oeste da Bahia.

Para impulsionar o setor, a região conta com a atuação dos mais importantes fornecedores de máquinas e insumos, agentes financeiros, grandes exportadores estimulados pela presença do porto de Salvador a 900 km, juntamente com a organização setorial através da Abacafé e outras entidades.

Esta dinâmica e moderna produção encontra-se aliada a preservação e monitoramento ambiental. As áreas produtivas encontram-se integradas às áreas de preservação ambiental, mantendo a flora e fauna local.

Áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente são respeitadas nas fazendas, juntamente com o constante monitoramento do uso da água pelos Órgãos Ambientais competentes.

Da mesma forma, os aspectos sociais que envolvem os colaboradores, são cumpridos adequadamente, promovendo a saúde e segurança no trabalho, paralelamente a valorização do bem estar humano.

Os aspectos sociais e ambientais mantêm padrões de adequações conforme legislação brasileira e recomendações de diversas certificações internacionais, especialmente a Utz Certified. Desta forma, está sendo possível uma das mais modernas cafeiculturas do mundo, a qual alia produtividade e sustentabilidade.

 

FONTE: Canal Rural

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