JOSEPH JUNQUEIRA DE M. REINER
Especialista com 36 anos de mercado em exportação e empresas de varejo.
Atuou também no gabinete do Ministro Blairo Maggi e
hoje atua em Conselhos, além de ser produtor de café no Sul de Minas.
Escreve semanalmente sobre o mercado de café para a CAFEZAL SUL DE MINAS
O mercado fechou sexta feira em 407,40 centavos base Maio, contra um fechamento sexta-feira retrasada em 404,35 centavos, base Março. Mais uma semana de razoável volatilidade, com o mercado atingindo níveis acima de 440 centavos, recuando na sexta-feira.
Os Fundos deram uma reduzida em suas posições compradas, porém tivemos mais uma retração dos estoques certificados (apesar do mercado em paridade de entrega para várias origens). A tendência é de o volume de certificações aumentar destas origens e, como o Brasil está caro, alguns players tendem a receber os certificados para substituir atrasos de embarques ou não entregas.
A volatilidade do mercado continua baseada em possíveis déficit’s estruturais de oferta. No curto prazo de possíveis fortes reduções de embarques do Brasil, a médio prazo as dúvidas sobre a safra 25/26, e a longo prazo as mudanças climáticas, estoques baixos, demanda em crescimento, etc, etc…
Na realidade, no momento (quando digo momento, é realmente esta semana) não existe uma falta de café aqui ou lá fora. Nenhuma grande ou média torrefação fechou as portas por falta do grão. Algumas pequenas sim, por absoluta falta de capital para continuar as atividades. Lá fora não é muito diferente.
Não podemos esquecer NY subiu mais de 100% nos últimos 4 meses. O “bolso“ realmente pesou para vários comerciantes, tradings e cooperativas… e logo saberemos o efeito no consumo aqui e lá fora. Caixa, no momento, é um grande direcionador de decisões. Até mais que preço da mercadoria.
A Nestlé emitiu seu relatório anual 2024. Nespresso teve um crescimento orgânico de 2,2%, com um crescimento real de 1,6% (o resto foi preço). Faturamento de $6,4 bilhões de Francos Suíços, de um total de 24 bilhões de bebidas, que também em sua totalidade, teve em crescimento real de 1,6% (orgânico 3,3%).
Vamos observar agora o relatório do primeiro trimestre de 2025.
No Macro/Dólar, a moeda americana desvalorizou perante o Real, fechando sexta-feira abaixo dos R$5,70. O fluxo de entrada, para aproveitar o spread de juros, continuava a manter o Dólar perto dos R$5,80, porém a notícia na sexta-feira, de que a popularidade do nosso queridíssimo Presidente despencou, trouxe uma onda de otimismo para o câmbio e para a Bolsa.
Se o DataFolha diz que a aprovação esta em 24%, é porque deve estar abaixo dos 20%. Ahh o poder!… O turismo de Janja, o segredo de 100 anos sobre os negócios dos irmãos Batista na Venezuela, e toda a corja do partidão mamando nos nossos impostos… isso não pode acabar!! Eles vão dobrar a aposta: remédios grátis, gás grátis, aumento bolsa família, programa pé de meia (sim… vamos acostumar todos bem cedo a viver de benesses públicas), crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada (esse é ótima… se a ideia vingar, ele pega o seu dinheiro do FGTS e entrega ao Banco… que empresta o seu dinheiro a você a juros de mercado… gênio!!!!).
Eles vão perder a mão de vez para tentar se manter no poder.
Os investimentos em infra estrutura caíram de 5,1% para 0,6% do PIB nos últimos 25 anos. Se não fosse o Agro em 2024… que contribuiu com mais de 22% do PIB, 40% das receitas cambiais e 66% de toda área preservada no país.
Como dizem os especialistas… é uma morte lenta! Na economia… porque em 2024 cerca de 38 mil brasileiros perderam a vida violentamente. Estamos quase empatando com Gaza…
Nos USA a inflação em janeiro veio bem acima do esperado. A economia continua aquecida e a inflação volta a rondar. Nesta questão, provavelmente ainda teremos uma reversão, ou seja, o FED voltar a subir a taxa básica, mas não esperemos mais de 1 ou 2 quedas em 2025.
Por aqui tudo indica que o BC vai continuar aumentando os juros da taxa básica até 15,25%. No curto prazo o spread de juros deve continuar a colocar um teto em 5,8%.
Previsões são só para aqueles que possuem a bola de cristal, o que infelizmente não é o meu caso.
No café, os embarques podem sim despencar no segundo trimestre e ninguém deve realmente passar vendido em alta escala durante o inverno brasileiro. Teremos uma safra 25/26 de difícil previsão, devido a irregularidade das lavouras.
E no momento não temos a real situação da quebra ou não… da demanda com as últimas subidas de preços, porém os embarques podem não cair abruptamente no segundo trimestre… e se caírem, a demanda pode cair mais ainda… o inverno pode ser brando… e a safra 25/26 suficiente para cobrir uma demanda mais perto de 0% de crescimento.
Podemos criar uma analogia semelhante para o câmbio…
Por este motivo… não ter bola de cristal não significa desperdiçar oportunidades de preços únicas.
Como diz um amigo que ainda está com estoque em casa: e se eu vender a R$2.800 Reais e o mercado for a R$5 mil??… eu respondo: que problema não é????
Bom fim de semana à todos!