Os cultivares de arroz desenvolvidos pela EPAGRI são quase unanimidade em Santa Catarina: eles se estendem por 82% da área plantada com o grão, o que equivale a 120 mil hectares plantados. O sucesso ultrapassa as fronteiras catarinenses, pois 42% das sementes certificadas fornecidas pela Associação dos Produtores de Sementes de Arroz Irrigado (Acapsa) são plantadas em outros estados e em países como Uruguai, Argentina e Paraguai, somando 71,8 mil hectares.
O segredo para cair na preferência dos produtores está em décadas de trabalho de melhoramento genético. São pesquisas que resultam em plantas mais produtivas, resistentes a doenças, com boas características agronômicas e adaptadas a diferentes ambientes de cultivo. Os grãos de qualidade e a adaptação ao beneficiamento também agradam as indústrias e os consumidores.
Entre os 30 cultivares de arroz que a EPAGRI já disponibilizou em Santa Catarina, um deles, lançado em 2015, é o queridinho dos agricultores. Trata-se do SCS121 CL, que fez bonito em 58 mil hectares catarinenses na safra 2017/18. Ele foi desenvolvido em parceria com a Basf para o Sistema de Produção Clearfield, o único que permite fazer o controle seletivo do arroz-daninho nos arrozais. Essa planta invasora reduz a produtividade nas lavouras e pode até inviabilizar a produção.
O grande trunfo do cultivar da EPAGRI é ser tolerante aos herbicidas que combatem o arroz-daninho. Isso significa que, além de possibilitar o cultivo de arroz em áreas infestadas, a tecnologia reduz a aplicação de herbicidas (pelo uso mais eficiente desse recurso) e o custo de produção do agricultor.
Mas essa não é a única qualidade do SCS121 CL. Quatorze anos de pesquisa resultaram em uma variedade com alto potencial produtivo, capaz de superar as 10t/ha, enquanto a média do Estado circula em 8t/ha. Além disso, ele tem alto rendimento industrial e boa qualidade culinária.
As vantagens podem ser traduzidas em números. Considerando o incremento na produtividade, em 2018 o SCS121 CL gerou R$72,9 milhões em benefícios econômicos para Santa Catarina. Somando o benefício gerado fora do Estado, o total sobe para R$101 milhões.
Os consumidores sentem o resultado no bolso. Isso porque quase todo o acréscimo de produtividade proporcionado pelas pesquisas nos últimos anos se converteu em redução no preço. Eliminado o efeito da inflação, o preço do arroz ao produtor equivale a um quinto do que era há 40 anos. O fato de colher mais na mesma área, usando menos agroquímicos, permite atender o mercado sem expandir as lavouras e torna a rizicultura uma atividade cada vez mais sustentável.