BIOSSEGURIDADE NA AVICULTURA
O maior risco que podemos ter na produção avícola é não ter um programa de biosseguridade, porque a biosseguridade é parte fundamental de qualquer empresa avícola para reduzir a entrada de enfermidades nos lotes de aves.
O conceito de biosseguridade na avicultura faz referência de se manter o meio ambiente livre de micro-organismos ou com uma carga mínima que não interfira na saúde e na produção das aves. Podemos definir o conceito de biosseguridade como um conjunto de práticas de manejo que são adotadas para reduzir a entrada e transmissão de agentes patogênicos e seus vetores nas granjas de aves. As medidas de biosseguridade são descritas para prevenir e evitar a entrada de patógenos que podem afetar a sanidade, o bem-estar e os rendimentos técnicos das aves.
Del Pino (2000) define que a biosseguridade são práticas estabelecidas para impedir a disseminação de doenças nos estabelecimentos avícolas, que se pratica mantendo a granja de tal forma que se tenha uma circulação mínima de micro-organismos através de seus limites. A biosseguridade é a prática mais barata e efetiva para o controle das doenças, sendo que nenhum programa de prevenção de doenças funciona sem a sua prática.
O estado sanitário dos lotes de aves constitui um dos fundamentos da indústria avícola e isto nos obriga a possuir conhecimentos de como enfrentar as enfermidades, conhecer sobre elas, saber como se disseminam e, por sua vez, como devemos controlar. Por esse motivo, existe a biosseguridade, para se ter produções sadias e econômicas (Card y Nesheim, 1970).
BIOSSEGURIDADE EM GRANJAS: COMPONENTES OPERACIONAIS
Quanto aos componentes operacionais de um programa de biosseguridade consideramos adequados os que são enumerados abaixo (Sesti, 2004):
- 1 – Isolamento;
- 2 – Controle de trânsito;
- 3 – Higienização, controle de vetores e tratamentos de resíduos;
- 4 – Quarentena, medicações e vacinações;
- 5 – Monitoramento laboratorial, confecção de registros e comunicação de resultados;
- 6 – Erradicação de enfermidades;
- 7 – Auditorias;
- 8 – Educação continuada;
- 9 – Plano de contingência
- Isolamento
Localização
É um dos primeiros aspectos que se tem em conta na hora de estabelecer um programa de biosseguridade na avicultura e talvez um dos fatores mais importantes. Em certas situações, o êxito ou o fracasso de um programa de biosseguridade vai depender do lugar da localização da granja e seu isolamento.
Independentemente da correta orientação da granja e dos aviários em função da altitude e da latitude da região, todo aviário deve ser construído o mais longe e isolado de outros setores com aves de idades diferentes (distância mínima 300 metros) ou de outras granjas de aves (distância mínima 3 quilômetros). Assim mesmo, a granja deve se manter a mais distante e isolada possível de qualquer centro urbano, planta de abate, lixão etc.
Em condições climáticas ótimas, as aves podem infectar-se por micro-organismos transportados nas partículas de poeira pelo vento. Entre os patógenos de maior risco estão os micoplasmas, algumas bactérias e vírus. Quanto mais isolada está a granja, menor probabilidade de que se possa ser transmitida alguma doença e ou ser visitada por pessoas estranhas que queiram roubar ou furtar e, consequentemente, trazer contaminações.
Nas granjas, devemos ter bem estabelecido se possível uma estrada suja e estrada limpa. Na estrada limpa é por onde haverá o trânsito dos funcionários, materiais e ração para chegar aos setores. Na estrada suja é onde sai todos os resíduos, como o esterco, as mortalidades do dia e a aves para o abate. O ideal seria que a estrada de acesso para a granja fosse exclusiva para as pessoas e veículos da mesma, dessa maneira reduziríamos o trânsito de caminhões e pessoas estranhas ao mínimo possível.
A granja deve ter uma cerca perimetral, se possível de alambrado, que impeça a entrada de pessoas e veículos não autorizados e também a entrada de outros animais. O setor deve ter uma cerca perimetral que permite delimitar a unidade e impedir o ingresso de pessoas, veículos e equipamentos. Estas cercas podem ter características especiais que permitam um melhor controle de roedores e evitem a entrada de animais menores.
Características dos aviários
É necessário contar com um bom isolamento do teto como das paredes, não somente para favorecer a manutenção das condições ambientais de temperatura e umidade adequadas, mas também para que se possa implementar um programa de biosseguridade avícola. Os aviários climatizados devem evitar ou minimizar o risco de entrada de contaminantes pela entrada ar. O aviário deve estar o mais isolado possível e devemos ficar atentos para a direção dos exaustores de ar, para evitar que os mesmos eliminem a poeira para a portaria e ou para estrada interna da granja. Este isolamento deve ser construído para impedir o acesso de animais selvagens, insetos e roedores. A estrutura deve estar cercada (mínimo de 2 metros de altura) em seu perímetro e com somente duas entradas, uma para entrada do pessoal e outra para entrada de veículos, permanecendo as portas e portões fechados todo o tempo. Manter uma zona limpa de 10 metros por fora da cerca livre de vegetação inibe a circulação de roedores que não circulam em terreno limpo e aberto.
- Controle de trânsito
Controle de visitas e dos funcionários
Nas granjas de matrizes, devemos evitar as visitas ao máximo possível. O pessoal de manutenção que trabalha nas granjas pode ser um risco grande, devido a possibilidade de levar cargas microbianas de uma granja a outra através das caixas de ferramentas e dos maquinários usados. As pessoas que devem ter todos os cuidados são os funcionários e estes devem evitar contatos com aves de fundo de quintal e outras aves antes de entrar na granja. As medidas devem estender aos veterinários e gerentes que devem tomar cuidados máximos, pois visitam mais de uma granja e podem ter visitados granja com problemas. Por isso devem respeitar um fluxo de visitas das granjas com lotes de animais mais jovens para os mais velhos, havendo risco, se necessário fazer vazio sanitário.
De qualquer modo, todos os funcionários e visitantes devem tomar banho, e trocar de roupa e calçados. Com atenção especial ao cabelo, das unhas das mãos e dos pés, além de ensaboar as narinas e assoar o nariz por três vezes para retirar resíduos de poeira de ambientes externos visitados antes. No interior da granja, as pessoas deverão usar uniformes e calçados específicos para este fim. Os uniformes devem ser lavados se possível de pelos menos três vezes na semana.
Os visitantes e os terceiros prestadores de serviços devem usar roupas de cores distintas a dos funcionários, se possível de cor bem chamativa, por exemplo amarelo cor de gema e ou vermelho, isto se justifica pois permite que os funcionários e responsáveis das granjas possam observar qualquer conduta em desacordo com as regras de biosseguridade da granja. As salas de chuveiros devem estar separadas por áreas limpas e sujas, com o movimento em um único sentido. É obrigatório por lei o uso de um livro de controle de visitas, onde se especifique o nome da pessoa, da empresa, do motivo da visita, a data da visita e se teve contato com outras aves e animais. A entrada dos aviários devem ter pedilúvios para a desinfecção dos calçados. O pedilúvio deve contar com solução de desinfetante e que esta deve ser trocada sempre que estiver suja e com resíduos orgânicos. É muito importante a lavagem dos calçados ou botas antes de mergulhar no pedilúvio.
O trânsito das pessoas deve ser sempre dos lotes de aves mais jovens para os lotes de aves mais velhas. Devemos dar atenção ao banho com troca de roupas e atenção especial a lavagem de mãos quando visitamos diferentes lotes ou com idades diferentes. Os funcionários e visitantes não devem ter aves em suas residências e devem evitar em contato antes de entrar na granja.
Controle de aves de fundo de quintal nas propriedades dos vizinhos
Quando for possível, devemos fazer acordos por escrito com os vizinhos num raio de 1 a 2 quilômetros para que eles não criem aves de fundo de quintal e em contrapartida a empresa pode doar frangos abatidos e ou ovos por mês. Havendo estes acordos, empresa deve fazer inspeções regulares, (no mínimo uma vez ao mês) e que deve estar a cargo do responsável da granja fazer estas visitas.
Controle de aves de fundo de quintal nas casas dos funcionários
Antes da contratação de cada funcionário, o pessoal de recursos humanos da empresa deve visitar a casa do futuro funcionário para verificar se não existem aves de fundo quintal ou outros tipos de aves na casa. Se possível, no contrato de trabalho devem constar regras especificas de biosseguridade e que o funcionário deve sofrer penalidades se a auditoria da empresa, depois de contratado, constatar a presença de aves de fundo de quintal. No mínimo uma vez a cada três meses, um representante da empresa deve fazer esta visita na casa dos funcionários.
Controle de entrada dos veículos.
Os meios de transporte são pontos críticos que devemos ter em conta devido ao grande número de utilização dos mesmos e em diferentes circunstâncias. Usamos meios de transporte para: transporte de matrizes, de pintos de 1 dia ou procedentes da recria, para a retirada das aves para abate, transporte de ração, e de veículos para transporte dos funcionários e de visitantes. Os caminhões, devido ao grande risco de transmitir enfermidades, devem ser submetidos a medidas rigorosas de limpeza e desinfecção antes de entrar nas granjas. As zonas mais críticas dos caminhões são os estribos, a cabina, os pneus, os tapetes junto com os calçados e uniformes dos motoristas. O uso de limpeza e desinfecção em arco de desinfecção de nada adianta se não está acompanhado de limpeza e desinfecção da cabina e dos uniformes dos motoristas. Os caminhões de ração devem ser dedicados para o transporte de ração das granjas de matrizes e, se possível, instalar silos externos na cerca da granja para evitar entrada nas granjas. Quando os caminhões entrarem nas granjas, os motoristas não devem descer dos caminhões. Antes da entrada dos veículos, estes devem ser lavados e que a granja deve ter equipamento de lavagem e ou rodolúvio com solução de desinfetante.
Controle de entrada de animais estranhos nos aviários
Devemos ter cuidado especial com os insetos (principalmente moscas e mosquitos), pois são transmissores de doenças. Devemos levar um exaustivo controle dos insetos em todos o ciclo produtivo e os tratamentos de inseticidas preventivos e aproveitar ao máximo o vazio sanitário.
Por outro lado, os pássaros também representam um risco potencial como vetores de patógenos, principalmente salmonella. E devemos evitar a presença no interior dos aviários de animais domésticos, como cães e gatos.
- Higienização, controle de vetores e tratamentos de resíduos
Limpeza e desinfecção dos aviários e dos equipamentos:
Sem uma boa limpeza e desinfecção dos aviários, não podemos atingir o objetivo final de um programa de biosseguridade na avicultura, que é a manutenção de um aviário livre de micro-organismos que possam causar doenças. Além das limpezas diárias e de rotina e que estão em função das aves, devemos aproveitar os vazios sanitários dos aviários ou intervalos entre lotes para fazer um ponto de corte das contaminações que possam ficar do lote anterior. Evite que fique resíduos de esterco, fezes, penas, poeira e qualquer outro resíduo orgânico do lote anterior fique para que entrem em contato com o próximo lote, uma vez que alguns patógenos morrem facilmente, mas outros conseguem sobreviver se as condições são ótimas e, principalmente, se estão em presença de matéria orgânica.
Para evitar qualquer esquecimento de limpeza, devemos fazer um “checklist” de toda a estrutura dos aviários e equipamentos e, havendo pontos com sujeira, devemos refazer a limpeza para então depois liberar a desinfecção.
No momento da recepção de um novo lote, devemos testar no dia anterior se todos os equipamentos estão funcionando corretamente e que para não seja necessário a entrada de pessoas externas ao quadro da granja.
Abaixo nomeamos algumas atividades que são importantes executar durante a limpeza e desinfecção no intervalo entre lotes:
- Desmontar os equipamentos do aviário (comedouros, bebedouros, retirar forro dos ninhos), de tal modo que facilite a limpeza e lavação do aviários e destes equipamentos. Se a região e ou local permitir, pode-se colocar para fora do aviário, para que sejam lavados e sofram a ação da luz do sol que também funciona como desinfetante.
- Retirar todo o esterco e ou cama das aves e levar para um local o mais longe da granja. Em caso de problemas sanitários, devemos fermentar a cama por um período mínimo de 10 dias. Para isso, devemos cobrir toda a cama com lona plástica e a cama deverá atingir temperatura de 56ºC a 60ºC, de no mínimo três dias, para depois retirar da granja. Com isso, diminuímos a pressão de contaminação de lotes da granja com fluxo de veículo retirando o esterco.
- Varrer de forma criteriosa e sacar os restos de cama e fezes, raspando com espátula ou enxada restos que não conseguimos retirar com a vassoura. Também devemos limpar a seco as lâmpadas e iluminarias, tetos, partes fixas de diferentes equipamentos, de ventiladores, persianas etc.
- Limpar com água, de grande pressão. É muito importante usar bombas que ofereçam pressões de no mínimo 3650 libras/polegada2 ou 250 bares, pois o que limpa é a pressão de água e não volume. Para a limpeza com água, devemos seguir algumas regras fundamentais: primeiro molhar com água, segundo lavar e por último enxaguar. Com a limpeza úmida, vamos conseguir reduzir as partículas de poeira e resíduos de matéria orgânica do interior dos aviários, suas estruturas internas, e seus respectivos equipamentos. Se possível recomendamos o uso de água quente, pois a mesma tem maior capacidade de arrastar restos de sujeiras e gorduras. Depois de lavar o aviário, devemos eliminar os restos de detergentes, pois os mesmos podem neutralizar a ação dos desinfetantes que serão usados mais tarde. É muito importante realizar bem as tarefas de limpeza para que o desinfetante possa exercer sua correta função, por isso, antes de desinfetar, devemos realizar uma verificação da limpeza. E para isto, pode-se checar 10 pontos de cada estrutura, ou seja, 10 pontos das cortinas, 10 pontos dos pisos, 10 comedouros, 10 bebedouros por aviário. Havendo resíduos de cama, fezes e ou poeira, devemos refazer a lavação destas partes para somente após liberar a desinfecção.
- Uma vez limpo e seco o aviário, devemos realizar a desinfecção. A aplicação dos desinfetantes pode ser úmida e ou de fumigação. A maioria dos desinfetantes atuam bem numa temperatura ambiente de 20ºC a 22ºC.
É necessário seguir as normas de segurança de uso do fabricante, como a hora de aplicação, a dose, a diluição, tempo de espera, a proteção dos funcionários quanto ao uso dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), como luvas, máscaras, botas etc.
Banhos dos funcionários e visitantes
Todas as pessoas que trabalham e que necessitam entrar nas granjas e nos aviários devem seguir os procedimentos como:
- Averiguar com o responsável por da granja se pode entrar no local;
- Registrar o nome no livro de controle de entrada;
- No caso de visitantes, responder um questionário para permitir a entrada.
Uma vez realizados os procedimentos que o funcionário solicitou, o visitante será enviado aos vestiários, onde deve tirar a roupa, sapatos e objetos pessoais, depois ir à sala de banho. Antes de iniciar o banho, realizar a higiene bucal com antisséptico bucal durante 30 segundos aproximadamente. Este procedimento pode ser adotado na entrada da granja e ou incubatório em situações de prevenção.
O banho deve ser orientado por um funcionário interno responsável, principalmente no caso de visitantes. No banho, o funcionário ou o visitante deve lavar bem a cabeça, as narinas e assoar o nariz três vezes, depois passar um pouco de espuma. Atenção: deve ser dada as mãos e os pés e as unhas, onde devemos escovar bem e usar sabonete. Use roupa, botas, máscara, boné, protetor de ouvidos. E sempre faça a desinfecção com álcool gel e use pedilúvio e ou troque de botas para entrar nos aviários.
Desinfecção dos veículos, materiais e equipamentos
Os caminhões de ração devem ser exclusivos para as granjas de matrizes e, se possível, coloque silos de ração de barreiras para evitar a entrada do caminhão dentro dos núcleos. Os caminhões devem ser submetidos a uma limpeza para retirar a lama dos paralamas, a poeira da superfície e desinfecção rigorosa antes de entrar na granja. Os veículos devem usar o arco de desinfecção e ou desinfecção por mangueira com bomba que permita realizar uma boa desinfeção.
Higienização da ração
Em certos momentos, a própria ração pode ser o transmissor de micro-organismos, principalmente fungos, leveduras e bactérias. Por isso, devemos evitar umidade nos silos de ração, uma vez que o excesso de umidade favorece o crescimento e a multiplicação de fungos e bactérias. Se possível, usar o tratamento térmico e ou ácidos orgânicos para diminuir o risco de contaminação e transmissão de salmonella. Usar uma temperatura mínima de 82ºC e/ou ácidos orgânicos em doses de 2 a 3kg por tonelada, e adotar uma certificação de Boas Práticas de Fabricação, para melhorar os controles sanitários e de processo da fábrica de ração. Na granja, realize uma limpeza e desinfecção periódica dos silos de ração, se possível uma vez ao mês no mínimo.
Higienização da água
Realize controles periodicamente, coletando amostras em diferentes pontos: poço, caixa de água, bebedouros. Utilizar um produto higienizante para a água como o cloro e controle de forma periódica a presença de desinfetante da água de bebida.
Controle de Roedores
Os ratos podem ser transmissores de patógenos que causam problemas na sanidade das aves, que destacamos as salmonelas, e que podem ser um desastre para as aves matrizes e sua progênie. O risco pode ser pela chegada de ratos de outras granjas ou aviários e ou pela disseminação da contaminação via fezes na ração. Devemos monitorar os roedores para manter a infestação a níveis muito baixos e/ou, se possível, evitar a presença dos mesmos. Para isso, devemos usar raticidas a cada 15 dias em pontos fixos e numerados, para que em cada monitoramento seja possível determinar o consumo e ou a presença dos ratos.
Controle de Insetos
O uso de produtos inseticidas (adulticidas e larvicidas) devem ser intensos no período de vazio sanitário, e nos demais períodos devemos um controle com aplicações a cada 15 dias para evitar um crescimento da população de insetos.
- Quarentena, medicações e vacinações
É necessário seguir o calendário e o programa de vacinações que foi estabelecido pelo veterinário, pois as vacinas a serem aplicadas estão conforme o histórico e os desafios da região. O funcionário encarregado pela equipe de vacinação deve ter um conhecimento das vacinas (dose, forma de aplicação, intervalos entre as vacinas etc). Utilize sempre material desinfetado, como seringas e agulhas limpas e esterilizadas por temperatura. Devemos registrar todos os dados pertinentes, como a data de vacinação, o lote da vacina, tipo de vacina e data de validade.
Conserve as vacinas em temperatura adequada e recomendada pelo fabricante. No caso de vacinação em spray, devemos interromper a ventilação do aviário durante a vacinação e no caso de vacinação na água de bebida, usar água sem cloro ou desinfetantes.
- Monitoramento laboratorial, registros e comunicação de resultados
Monitoramento laboratorial e comunicação de resultados
O programa de biosseguridade deve ser averiguado e monitorado para confirmar a presença ou ausência de determinado patógenos nos lotes de aves. Usamos os procedimentos de laboratório para avaliar a imunidade que as aves conseguiram com as vacinas aplicadas. Para isso, usamos no laboratório os testes de Aglutinação Sorológica Rápida e Lenta, Elisa, Inibição da Hemaglutinação, Bacteriologia para Salmonella, PCR, PCR Real Time.
Comunicação de Resultados
A comunicação dos resultados deve ser rápida e usar os dados para gerenciar o programa de biosseguridade de granjas.
- Erradicação de Doenças
Avaliação microbiológica depois da limpeza e desinfecção
Devemos fazer uma amostragem para o laboratório com o objetivo de verificar a eficácia dos processos de limpeza e desinfecção depois da completa desinfecção. Podemos avaliar a carga microbiológica de enterobacterias, presença de salmonella etc.
O vazio sanitário é o melhor momento para erradicar uma enfermidade da granja de matrizes e, para isso, quando existe um lote com problema sanitário (por exemplo, salmonella spp), devido ao pouco tempo que os funcionários tem para fazer uma limpeza mais detalhada, os veterinários e os gerentes de produção devem discutir e acertar a saída antecipada do lote positivo em uma ou duas semanas. Com este aumento do período, é possível limpar e desinfetar os aviários e seus equipamentos de maneira muito melhor e com isto evitar a recontaminação do próximo lote.
Controle de resíduos, animais mortos e materiais
A granja deve contar com um sistema de manejo para os resíduos conforme legislação ambiental da região onde está construída. A compostagem é um procedimento aprovado na maioria dos órgãos ambientais e, sendo bem manejados, resultará na correta decomposição das aves mortas e dos resíduos da granja. Hoje em dia existem os desidratadores que também oferecem bons resultados por aplicar alta temperatura na mortalidade e nos restos de ovos gerados e descartados na granja e reduzindo o volume a ser compostado.
- Auditorias
As auditorias são ferramentas que nos ajudam a checar o programa de biosseguridade e, se existem irregularidades, podemos agir realizando planos de ações e ajustes nos procedimentos. O gerenciamento pode ser através de auditorias constantes e com uma frequência mensal e/ou bimestral, mas que permita identificar quais são os processos e ou pontos que necessitam de ajustes e ou correções. Podemos dividir esta avalição de forma didática como: do processo e a aplicação dos procedimentos operacionais; do controles e entrada de materiais, do controle de vetores (ratos e insetos), das instalações e do bem-estar animal. E com os resultados podemos estabelecer uma nota para cada granja e também identificar quais os pontos que necessitamos melhorar.
- Educação continua
Para assegurar a continuidade e uniformidade dos resultados de um programa de biosseguridade na avicultura, devemos manter um plano contínuo de treinamento para que todos percebam que sempre será mais econômico prevenir do que remediar um problema sanitário em uma granja de matrizes de aves de corte. A adoção de procedimentos operacionais que venham facilitar este entendimento e facilitar a padronização das ações é o mais correto a ser feito. Estes procedimentos devem estar organizados dentro de um programa de Boas Práticas de Produção e Biosseguridade.
- Plano de Contingência
As empresas avícolas devem estabelecer um plano de contingência para as emergências ou toda vez que ocorra uma doença grave nas aves. Este plano deve contar procedimentos extras e necessários até que se tenha os resultados de laboratório que o lote está positivo ou negativo. Com este plano, podemos bloquear a disseminação da doença para outros lotes até que se elimine as aves se for o caso. Para isso, descrevemos alguns pontos importantes.
Medidas de emergências em caso de enfermidades infecciosas
- Isolamento do aviário e ou do núcleo: devemos isolar o núcleo até a confirmação dos testes do laboratório.
- Funcionários: os funcionários devem trabalhar somente nestes aviários isolados. A visita do supervisor, técnico e ou do veterinário, devem ser somente em último caso e por último. Visitar de preferência nas sextas-feiras e/ou sábado para fazer vazio sanitário. Realizar a separação dos funcionários do aviário e ou do setor por horário e ou por tempos diferentes de trabalho dos demais funcionários.
- Calçados e roupas: antes de entrar no aviário, calçar as botas de PCV e passar no pedilúvio e ao sair, lavando as botas na parte externa. A roupa deve ficar sem contato com as outras roupas dos outros funcionários e devem ser desinfetadas antes de lavar.
- Pedilúvios: utilizar em todos os aviários do núcleo, lavar e desinfetar as botas na saída e entrada da sala de serviço do aviário.
- Materiais que entram no núcleo: devem ser desinfetados e ou fumigados. Não permitir a saída de materiais deste núcleo.
- Aves mortas: as aves mortas devem ser recolhidas tão logo seja possível e em bolsas plásticas, e levadas para incinerar e ou colocar em buraco profundo e enterrar.
- Caminhões e outros veículos: devem chegar por último e depois desinfetar na saída. Se possível, o veículo deve sair por outro caminho e ou estrada para não cruzar com os outros veículos.
- Ovos: coletar os ovos separados e fumigar na saída dos aviários. Os ovos devem ser transportados e manipulados em separados na granja e no incubatório. Ovos sujos e de cama devem ser eliminados enquanto não se tenha o resultado final do laboratório.
Conclusões:
Quando estabelecemos os pontos críticos de controle de um Programa de Biosseguridade de granjas e estes são monitorados corretamente, verificamos que o êxito é observado quando diminuem os problemas sanitários, os índices de mortalidades, os gastos com medicamentos e a melhora na qualidade dos produtos, como ovos férteis e os pintinhos produzidos.
Os procedimentos de limpeza, de desinfecção, de desinfestação, de desratização e os demais devem descrever a realidade prática das atividades da granja, e para isso os funcionários devem participar com sugestões para a criação destes procedimentos. A biosseguridade deve fazer parte da cultura da empresa a tal ponto que todos possam contribuir para o sucesso do programa.