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ARTIGOSCana de Açúcar

[Arnaldo Luiz Corrêa] – Mercado do Açúcar – 29/10 a 02 de Novembro 2018

ARNALDO LUIZ CORRÊA
Gestor de Risco para o mercado agrícola de commodities e Diretor da Archer Consulting – Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltda.
www.archerconsulting.com.br

PETRÓLEO E REAL VÃO INDICAR A TRAJETÓRIA FUTURA

O mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana com o vencimento março/2019 cotado a 13.42 centavos de dólar por libra-peso, mostrando claramente a dificuldade que o açúcar enfrenta em conseguir se estabelecer acima dos 14 centavos de dólar por libra-peso.

Os fundos estão aparentemente zerados, ou ligeiramente comprados, e, portanto, podem escolher em qual lado do barco vão preferir ficar. Muito embora as atuais discussões sobre os fundamentos do açúcar estão mais construtivas, em especial quando se fala em redução do tão propalado superávit e um consenso de que a safra indiana de açúcar será bem menor do que os 32.8 milhões de toneladas de açúcar que se falava anteriormente (hoje, muitos traders dão como certo 2 milhões de toneladas de açúcar a menos), não podemos esquecer que o movimento dos fundos long-short foi sincronizado.

Ora veja, em um mês açúcar e café subiram 11% (devido a liquidação dos fundos, pelo menos no açúcar) enquanto petróleo e gasolina caíram 15% e 20% respectivamente. Caso haja qualquer questão no Oriente Médio de provoque uma alta no petróleo e os fundos não indexados resolvam refazer suas posições de compra, faria sentido que eles detonassem novamente os mercados futuros de açúcar e café vendendo ambos novamente, de maneira agressiva?

Analistas do mercado de petróleo alertaram, na primeira semana de outubro, que os fundos estavam mudando o sentimento altista que até então apresentavam em relação à commodity e, consequentemente, iniciaram um processo de liquidação dessas posições compradas, praticamente devolvendo ao mercado toda a alta observada desde meados de agosto, quando o petróleo WTI se moveu de 65 dólares por barril para cerca de 77 dólares por barril. Nesta sexta-feira fechou a 63 dólares por barril.

Foi no início de outubro que vimos o preço do barril do petróleo alcançar seu maior nível de preço equivalente em reais, combinando o real pressionado a 4,0200 e o petróleo no mercado internacional batendo 84.98 dólares por barril. Assim, em reais tínhamos 341.62 reais por barril. Nesta sexta-feira o petróleo Brent fechou a próximo de 270 reais por barril. Uma queda de 21% do pico observado há um mês.

Essa redução substancial do preço do petróleo vai atingir o valor de realização da Petrobras, ou seja, o preço de origem na refinaria estabelecido pela estatal brasileira do petróleo. Se apenas compararmos o preço médio do combustível ao consumidor, tomando por base mais de 100 países, veremos que hoje a gasolina deveria custar na bomba R$ 3,9690 o litro. Na última semana, o preço médio em São Paulo, segundo a Novacana, era de R$ 4,8670 o litro. Isto é, em tese há espaço para uma redução de 18%.

A mudança nos preços dos combustíveis para o consumidor, em especial quando existe espaço para redução, normalmente é mais lenta, mas ela virá. Da mesma forma, o ganho obtido pelo etanol hidratado de importante fatia do mercado que pertencia à gasolina no período em que a esta estava muito cara para o consumidor, só será perdido se o petróleo despencar ainda mais no mercado internacional a ponto de fazer o hidratado perder competitividade com a gasolina.  Mas, o petróleo despenca….

O ponto é que não podemos dizer que o mercado se consolidou. Nuvens pesadas podem voltar a escurecer o cenário sucroalcooleiro. Real firme e petróleo em queda são uma combinação que afetaria a disposição das usinas de manterem o mix atual de produção para a próxima safra, isto é, a chave vira para o açúcar aumentando a oferta deste produto uma vez que o etanol perde competitividade com a importação de petróleo mais barata em reais. Real firme com petróleo em alta nos manteria com mais segurança no atual intervalo de preços de 13 e 14 centavos de dólar por libra-peso.

Para alcançar níveis mais altos de preço o mercado o mercado precisa de substancial mudança no cenário fundamentalista (safra indiana, percepção de safra no Centro-Sul abaixo do volume deste ano, crescimento extraordinário da demanda interna de açúcar e combustível no Brasil) ou de alterações na oferta de petróleo no mundo, ou ainda questões relacionadas a clima. Ou, melhor dos mundos, uma combinação adequada de todos esses fatores.

Enquanto isso não ocorre, convém não perder oportunidades de fixação de preços para a safra 2019/2020, buscando o nível conveniente de preço em acordo com seu apetite ao risco e em linha com a remuneração do acionista. A compra de uma put (opção de venda) com preço de exercício abaixo do mercado e a venda concomitante de uma call (opção de compra) com preço de exercício acima do mercado, estrutura conhecida como fence, pode também ser indicada.

Muito cuidado com estruturas mais complicadas cuidadosamente desenhadas para arrancar dinheiro do seu bolso travestidas de operações de custo zero. Lembre-se de que não existe almoço de graça. Gestão de risco responsável é meio caminho para o sucesso.

Estão abertas as inscrições para o XXXI Curso Intensivo de Futuros, Opções e Derivativos em Commodities Agrícolas, que ocorrerá nos dias 19 (terça), 20 (quarta) e 21 (quinta) de março de 2019, no Hotel Paulista Wall Street, na Bela Vista, em São Paulo (SP). Para mais informações, mande e-mail para priscilla@archerconsulting.com.br . Recomendamos que antes de fazer o curso, o participante leia o livro Derivativos Agrícolas, que pode ser encontrado no iTunes, Amazon, Livraria Cultura ou no site www.estantevirtual.com.br

Bom final de semana.

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