Ações abrangem desde gestão da propriedade até tecnologias que elevam produtividade da lavoura; segundo dia de feira também teve palestras e instituições de referência na agropecuária.
Gestão de riscos, biodefensivos e monitoramento da propriedade são algumas das soluções apresentadas pelas startups que marcaram presença no Pavilhão de Exposições Frísia, em Carambeí (PR), no Espaço Startup. A terceira edição da Digital Agro reuniu as principais agtechs do mercado. A americana Indigo, que foi uma das primeiras a alcançar o status de “unicórnio das agtechs” e atualmente é avaliada em US$ 3,5 bilhões, é uma das patrocinadoras do Espaço.
A AgBiTech, startup australiana, atua no mercado de biodefensivos e investe em pesquisa e inovação para o manejo inteligente de pragas agrícolas. O SURTIVO Plus, uma pré-mistura que controla uma ampla variedade de lagartas, foi a solução levada pela empresa para a feira. A CowMed desenvolveu um sistema de monitoramento de vacas. Por meio das coleiras desenvolvidas pela startup, o produtor consegue acompanhar em tempo real a ruminação, atividade e ócio dos animais e ainda recebe alertas e avisos de manejo pelo aplicativo.
A Gestão Integrada de Recebíveis do Agronegócio (GIRA) também levou suas soluções ao evento. Ela oferece uma solução para a gestão de risco, visando auxiliar nos recebíveis durante todo o processo, a fim de garantir o planejamento correto e uma execução segura. A solução possibilita ainda a diminuição dos riscos daquela operação viabilizando o acesso ao mercado de capitais.
Kuhlmann atua no monitoramento agrícola. O software desenvolvido cruza dados de todos os atores da cadeia – produtor, bancos, tradings, empresas de defensivos químicos e fertilizantes – e fornece informações que auxiliam os envolvidos a terem uma visão real e transparente da situação.
A terceira edição da Digital Agro também apresentou inovação quando o assunto é gestão da propriedade. É o caso da AgriWin, que integra os dados financeiros do produtor, como notas fiscais e despesas internas, ajudando a controlar os gastos e lucros da fazenda. O sistema é atualizado automaticamente todos os dias e permite atualizações em tempo real pelo produtor com a plataforma de forma dinâmica.
A Azship também é uma startup focada na gestão, mas em outra esfera: a logística. A plataforma oferece facilidades para os diversos agentes envolvidos no processo, desde o embarcador até o transportador, com serviços como cotação de frete e catálogo de transportadoras e motoristas, com acompanhamento da carga em tempo real, proporcionado uma tomada de decisão mais ágil.
Já a YouAgro desenvolveu um aplicativo, disponível para Android e iOS, para promover interações entre pessoas envolvidas com o agronegócio, desde o produtor até o consumidor.
Palestras
O segundo e último dia da Digital Agro 2019 (13 de junho) também contou com a presença de estudiosos e instituições de referência na agropecuária. Kevin Kimle, diretor do Departamento de Empreendedorismo e Economia Agrícola da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, abriu a programação do dia falando sobre inovação e sustentabilidade na agropecuária. Kimle fez uma retomada histórica das mudanças ocorridas na indústria alimentícia desde 1920.
“Apesar de termos vivenciado muitas mudanças até hoje, o que deve acontecer nos próximos dez anos vai mudar completamente os padrões atuais de produção e certamente vai determinar quais empresas vão sobreviver à essas mudanças”, ressaltou Kimle.
Em “Inteligência, gestão e monitoramento territorial aplicados aos desafios da agropecuária brasileira”, Lauro Rodrigues Nogueira Junior, integrante do departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Territorial, apresentou o trabalho desenvolvido pela instituição para o monitoramento da produção agropecuária brasileira.
“O agronegócio brasileiro alimenta 1,5 bilhão de pessoas no mundo, é um setor gigante e que precisa de uma boa infraestrutura e de investimento. Entre os anos 1976 e 2018, os ganhos de produtividade pouparam 128 milhões de hectares do desmatamento. Uma amostra do que a tecnologia pode fazer pela agropecuária mundial”, salientou. Nogueira também apresentou o Projeto Carponis: um satélite brasileiro de alta resolução operado pela Embrapa que deve ser lançado em breve.
Benedito João Gai Neto, coordenador-geral de Articulação para Inovação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), apresentou os objetivos e iniciativas do Mapa para fomentar a inovação no Brasil e destacou a realização do 1º Fórum Regional de Inovação Agropecuária promovido em Carambeí (PR), no dia 11 de junho, e a importância de formar uma pauta qualificada para avançar nesse campo.
“Nós temos muita tecnologia disponível para o campo, mas temos dificuldade em difundir esse conhecimento. Por isso estamos criando programas de difusão para levar essa tecnologia até o consumidor final. E apesar de criarmos uma grande demanda por inovação para esse campo, pouca tecnologia é produzida aqui. Não temos dúvida de que, com a ajuda de todos, em pouco tempo o Brasil se tornará um grande desenvolvedor de novas tecnologias para o campo”, finalizou.
Sobre a Frísia Cooperativa Agroindustrial
Fundada em 1925, a Frísia é a cooperativa mais antiga do Paraná e segunda do Brasil. Localizada na região dos Campos Gerais, tem sua produção voltada ao leite, carne e grãos, principalmente, trigo, soja e milho. A cooperativa é resultado da união do trabalho de todos os cooperados e colaboradores; da diversificação da produção, englobando a produção leiteira, de grãos e de proteína animal; e da alta qualidade do que é feito e comercializado, com animais de excelente genética, rastreamento e investimento em tecnologia, infraestrutura e mão de obra. Os valores da cooperativa são:
Fidelidade, Responsabilidade,Intercooperação, Sustentabilidade, Integridade e Atitude (FRISIA).
Sobre a Fundação ABC
A Fundação ABC é uma instituição de pesquisa agropecuária que realiza trabalhos para desenvolver e adaptar novas tecnologias, com o objetivo de melhorar as produtividades de forma sustentável aos mais de cinco mil produtores rurais filiados às cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal, além dos agricultores contribuintes.
O trabalho da fundação abrange uma área de 467,2 mil hectares, além de uma bacia leiteira de mais de 678 milhões de litros/ano. A instituição também realiza projetos de pesquisa com empresas privadas, por contratos de cooperação técnica, e mantém vínculos com empresas de pesquisa pública. A sede é em Castro (PR) e os cinco campos demonstrativos e experimentais ficam estrategicamente espalhados pela área de atuação.