Acordo entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado com a Nestlé vai permitir também pesquisa para ampliação de novos tipos de leites e cafés.
Evitar o uso de canudos plásticos virou uma grande discussão mundial nos últimos meses, tanto que grandes redes de alimentação anunciaram a busca por alternativas para dar fim ao acessório. Os canudos representam 4% de todo o lixo plástico encontrado no mundo e ainda são um desafio, visto que a vida útil de um deles é de, em média, 4 minutos – tempo suficiente para uma pessoa terminar a bebida. No entanto eles são feitos de materiais que demoram até 200 anos para se decompor.
Um vídeo que circulou nas redes sociais no ano passado, de biólogos da Costa Rica retirando um canudo de dentro da narina de uma tartaruga marinha, talvez tenha sido o símbolo máximo do prejuízo para o ecossistema.
Para tentar viabilizar soluções, o governo o Estado de São Paulo assinou hoje, dia 1º de abril, na nova sede da Nestlé em São Paulo, um Protocolo de Intenções da empresa com os institutos de pesquisa vinculados à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, a APTA. O governador do Estado, João Doria, esteve presente no evento ao lado do secretário de Agricultura e Abastecimento, Gustavo Junqueira, com o objetivo de fortalecer cada vez mais a integração entre os agricultores no campo e a indústria de alimentos.
De acordo com o governador João Doria, a parceria entre o Governo Estadual e a empresa é muito importante para a geração de novos empregos e investimentos ao Brasil. “Contem com o Governo do Estado, os institutos de pesquisa e nossa capacidade indutora, que acredita e aposta na livre iniciativa. Nosso governo é liberal porque entende que quem mais gera empregos no Brasil é o setor privado, que precisa ser respaldado por governos que sejam desburocratizantes e desestatizantes. São Paulo acredita na livre iniciativa por ser motivadora da nossa economia”, afirmou.
Segundo o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado, a pasta enxerga os canudos plásticos como um grande desafio. “As pesquisas podem fazer com que São Paulo saia à frente com novas tecnologias. O tema é uma preocupação para atender às demandas dos consumidores que, principalmente, buscam alternativas mais sustentáveis”, afirma o secretário Gustavo Junqueira.
O estudo também quer promover o desenvolvimento de embalagens sustentáveis, que, tenham etiquetas de rastreamento para ajudar o fluxo de informações e evitar o desperdício de alimentos.
A parceria abre uma importante oportunidade de desenvolvimento em outras áreas do agronegócio paulista.
O projeto pretende alavancar o desenvolvimento da cadeia de leite orgânico no Estado, que já envolve mais de 30 fazendas, com um enorme potencial de expansão. Leites com valor agregado são uma questão importante para os produtores para valorizar o produto como alimento saudável e seguro.
“A pesquisa é também uma oportunidade para o desenvolvimento da cadeia do leite orgânico ou outros tipos de leite, como o A2A2, que tem melhor digestibilidade e está crescendo no mercado, destinado também a consumidores que têm intolerância à beta-caseína A1, substância presente no leite”, afirma o secretário Gustavo Junqueira. Uma vantagem para o mercado paulista, que pode ser reforçada com essa parceria, é que o Brasil está entre os cinco maiores produtores de leite no mundo, e, com isso, pode estar à frente destas pesquisas, que abre novas possibilidades no mercado global.
Em 2018, a produção leiteira em São Paulo foi de aproximadamente 1,7 bilhão de litros, um aumento de 7% em relação ao ano anterior.
Com o Instituto Agronômico, o IAC, será estabelecida uma cooperação de projetos de inovação ligados ao cultivo do café e à fabricação de outros produtos com a mesma matéria-prima, como o café naturalmente descafeinado, que facilita o consumo do produto às pessoas com problemas de ingestão de cafeína, já que o produto em questão não possui resíduo químico.
Uma pesquisa recente realizada por uma agência global de Inteligência de Mercado mostra que 71% dos brasileiros querem mais opções de cafés premium e de altas qualidades. Por isso a importância da pesquisa em diversas regiões do Estado de São Paulo, como Alta Mogiana, tradicional produtora de café que reúne 15 municípios paulistas. Já na região de São João da Boa Vista (SP), a área é conhecida por ser climaticamente boa para o grão, com produtividade alta e de qualidade.
Os planos de investimento da Nestlé nessas três áreas são consistentes: R$ 680 milhões em tecnologia e inovação até 2020. “A parceria com o governo do Estado de São Paulo é um marco para a Nestlé no Brasil a fim de acelerarmos projetos inovadores e programas de Criação de Valor Compartilhado”, afirma Marcelo Melchior, CEO da Nestlé Brasil.
Ele ressalta, ainda, a importância de São Paulo para a empresa, Estado que abriga a primeira fábrica no País, em Araras, fundada há 98 anos. “Temos, no Estado, 11 unidades industriais e centros de distribuição, onde são produzidos itens de marcas icônicas como NESCAFÉ, KITKAT, NESCAU, NINHO, NESTLÉ PURINA, MUCILON, FARINHA LÁCTEA, produtos de Nutrição Infantil e também os Culinários“, aponta.
Há 98 anos instalada no Brasil, a Nestlé fundou sua primeira fábrica em Araras (SP), em 1921. Uma pesquisa mostra que a empresa está presente em 99% dos lares brasileiros. Hoje no estado são 11 unidades que empregam em torno de 12 mil funcionários diretos.