O feijão Carioca é o mais consumido no Brasil. Desenvolvido pelo Instituto Agronômico (IAC) na década de 70, vem sendo melhorado desde então. As qualidades agronômicas, industriais e culinárias incorporadas pela pesquisa do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, levaram o Carioca a ser cultivado em todos os estados brasileiros.
A mais nova cultivar deste feijão é a IAC 1850, que representa a 50ª cultivar de carioca desenvolvida pelo Instituto e que será apresentada na Agrishow 2019, de 29 de abril a 3 de maio, em Ribeirão Preto (SP).
A cultivar IAC 1850 apresenta tolerância ao escurecimento do grão, importante atributo para toda a cadeia de produção, inclusive para o consumidor, que não quer um feijão escuro. Segundo o pesquisador, os grãos da cultivar IAC 1850 mantêm coloração clara por um período ao redor de 90 dias, permitindo ao agricultor verificar qual a melhor época de comercialização dos grãos em função dos preços repassados pelo mercado consumidor.
A IAC 1850 tem alto potencial produtivo, alcançando acima de 4.500 quilos, por hectare. Esse resultado foi confirmado em vários experimentos realizados em diferentes ambientes de cultivo no estado de São Paulo e outros. Atualmente a cultivar está recomendada para cultivo nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. “A extensão de cultivo está em fase de solicitação para outros estados da federação brasileira”, afirma Alisson Fernando Chiorato, pesquisador do IAC.
Além desses atributos, a IAC 1850 apresenta porte semiereto adequado para colheitas mecânicas com ciclo semiprecoce, girando em torno de 88 dias da semeadura à colheita dos grãos.
“Para esta cultivar, o maior potencial produtivo foi obtido em populações ao redor de oito plantas finais por metro linear utilizando-se de um espaçamento de 50 cm”, explica. Essa população de oito a nove plantas tem se mostrada ideal porque reduz a competição entre as plantas na linha de cultivo.
Essa cultivar também tem tolerância às principais doenças que acometem a cultura, como a antracnose, causada pelo patógeno Colletotrichum lindemuthianum e também para a murcha de fusarium, causada pelo patógeno Fusarium oxysporum.
O pesquisador recomenda que em áreas com forte ocorrência de Fusarium oxysporum a população seja de 10 a 11 plantas finais, por metro linear. “Esse maior número de plantas é para compensar a morte de possíveis plantas ou o menor crescimento delas por conta do fusarium”, esclarece.
Para as doenças da mancha angular, crestamento bacteriano e murcha de Curtobacterium, a cultivar apresenta-se moderadamente resistente. “Isso significa que essas doenças ocorrem pouco na IAC 1850, com menor incidência e a planta se desenvolve, mas requer aplicações químicas preventivas”, explica.
As sementes da IAC 1850 já estão sendo comercializadas. Em São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás há lavouras comerciais e também destinadas à produção de sementes.
A pesquisa foi desenvolvida de 2014 a 2018 no IAC, com recursos do Governo do Estado de São Paulo, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de parcerias privadas.