AFONSO PECHE FILHO
Engenheiro Agrônomo, Pesquisador Científico do
IAC – Instituto Agronômico
www.iac.sp.gov.br
O conceito de gerenciamento trata das questões relacionadas com a gestão de recursos de qualquer natureza, sejam eles naturais, tecnológicos, humanos ou financeiros. Gerenciamento pode ser definido como um conjunto integrado de atividades para otimização de recursos disponíveis.
A saúde do solo é definida como a capacidade continuada do solo de funcionar como um ecossistema vital que sustenta a vida e a produção de plantas, animais e seres humanos. O gerenciamento da saúde do solo foca o uso de recursos para estabelecer a manutenção da vitalidade produtiva contínua, sem passar pela degradação.
O fundamento básico que norteia a condição vitalícia da produtividade do solo é a manutenção de sua biodiversidade. O solo é um conjunto de organismos vivos e somente coisas “vivas” podem ter saúde. No gerenciamento de qualidade o solo é visto como um ecossistema vivo e não um sistema inerte tratado somente com fertilizantes químicos.
Cuidar da vida ecossistêmica reflete uma mudança fundamental na maneira de manejar e cuidar dos solos nas diferentes regiões agrícolas do país. O gerenciamento da saúde do solo cuida de fornecer as necessidades básicas da vida, alimentação, abrigo e água. O solo com saúde executa as funções necessárias para produzir alimentos, energia e fibras de forma racional e rentável.
Na moderna agricultura tropical, todas as atividades gerenciais cuidam para preservar um meio de cultivo unindo bilhões de bactérias, fungos e outros microorganismos que formam a base de um eficiente ecossistema simbiótico.
O solo é um ecossistema que pode ser gerenciado para promover o desempenho fisiológico necessário para a planta buscar nutrientes, absorver e reter a água, chegar ao ponto colheita com alta produtividade. O gerenciamento da saúde permite o solo de filtrar e impedir potenciais poluentes tecnológicos, além de aumentar o armazenamento de água.
Um solo com saúde apresenta pleno desempenho em pelo menos cinco funções essenciais:
Regulação de água – O solo saudável efetivamente contribui para o ciclo hidrológico além de permitir aeração, evaporação e armazenamento de água em subsuperfície.
Manutenção da vida vegetal e animal – A condição de bem estar do solo permite enorme diversidade e a produtividade dos seres vivos.
Filtragem e tamponamento de poluentes em potencial – Os minerais e microorganismos no solo são responsáveis por filtrar, tamponar, degradar, imobilizar e desintoxicar materiais orgânicos e inorgânicos, incluindo subprodutos agrícolas e poluentes atmosféricos.
Ciclagem de nutrientes – Carbono, nitrogênio, fósforo e muitos outros nutrientes são armazenados, transformados e reciclados no solo.
Estabilidade física e suporte – A estrutura do solo fornece um meio para as raízes das plantas, para a vida animal e suporte para estruturas e atividades humanas.
Na prática o gerenciamento da saúde do solo significa promover uma ativação positiva do sistema de produção. Investir na qualidade física e biológica da cobertura, no uso restrito de agrotóxicos pelo manejo integrado de pragas, doenças, mato e nematoides e no uso de produtos biológicos. É fundamental buscar a biodiversidade vegetal na rotação de cultura, além da qualidade na correção e fertilização mineral. Nunca deixar de monitorar, corrigir e avaliar as condições de vida no solo.