Cana de Açúcar

Manejo pré-seca na cana-de-açúcar potencializa produtividade em períodos de estiagem

Técnica permite que a planta mantenha atividade metabólica durante o período seco, reduzindo perdas causadas pela falta de água

O Brasil lidera a produção mundial de cana-de-açúcar, com mais de 9,75 milhões de hectares cultivados, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De ciclo longo e sujeita a estiagens no inverno, a cultura enfrenta adversidades que podem afetar seu rendimento. Nesse contexto, o manejo pré-seca surge como estratégia fundamental para reduzir os efeitos da escassez hídrica. 

A prática consiste em preparar a planta antes que o estresse ocorra, explica Pedro Afonso, Supervisor de Desenvolvimento de Mercado Norte da BRANDT Brasil, empresa de inovação tecnológica em fisiologia vegetal, biossoluções e tecnologia de aplicação. “O manejo deve ser feito na transição entre o período chuvoso e o seco, quando ainda há umidade suficiente no solo para garantir a absorção dos nutrientes. O objetivo é induzir a cana a acumular água e reservas necessárias para suportar a estiagem”, orienta. 

De acordo com a Conab, a safra 2024/25 chegou a 676,96 milhões de toneladas, representando queda de 5,1% em relação ao ciclo anterior. A redução é atribuída à combinação de chuvas escassas e altas temperaturas na Região Centro-Sul, responsável por 91% da produção nacional. Apesar disso, o volume colhido é o segundo maior da série histórica da Companhia. 

Nutrientes estratégicos

O manejo pré-seca envolve algumas etapas essenciais: preparação fisiológica da planta, manutenção do crescimento, estímulo hormonal e fornecimento de energia. “Cada fase requer nutrientes específicos. É necessário oferecer elementos que mantenham o metabolismo ativo, mesmo sob restrição hídrica”, ressalta Afonso.

Segundo ele, o potássio regula a abertura dos estômatos e favorece o uso eficiente da água. O fósforo compõe o ATP, molécula responsável pelo armazenamento e transporte de energia nas células. O magnésio é o elemento central da clorofila, enquanto o boro estabiliza as membranas celulares, protegendo-as contra os efeitos da desidratação.

A aplicação de aminoácidos também integra esse manejo. “Eles são precursores de enzimas antioxidantes que combatem os radicais livres gerados pelo estresse e atuam como osmorreguladores, substâncias que ajudam a planta a controlar a perda de água e manter a hidratação celular, evitando o ressecamento excessivo”, completa. 

Afonso ressalta que o manejo deve ocorrer antes da planta entrar em estresse. “Não existe um valor fixo de umidade do solo ou do ar para iniciar o manejo. A ideia é agir preventivamente, durante a transição de um ambiente úmido para seco, enquanto ainda há umidade suficiente para a planta absorver os nutrientes. O momento ideal depende do histórico de chuvas, tipo de solo, região e se a cana é de primeiro ano”, explica o especialista. 

Além disso, ele ressalta que sinais como o amarelamento da planta aparecem durante o estresse e ajudam o produtor a avaliar se o manejo está sendo eficaz. “O chamado efeito Stay Green, que mantém as folhas verdes e a atividade fotossintética, é o principal indicador de um manejo bem-sucedido”, conclui.

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