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[NECAF – UFLA] – A Colheita se Aproxima: É Hora de Tomar alguns Cuidados.

Giovani Belutti Voltolini Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – UFLA; membro do Grupo de Estudos em Herbicidas, Plantas Daninhas e Alelopatia – GHPD e Núcleo de Estudos em Cafeicultura – NECAF. E-mail: giovanibelutti77@hotmail.com

Dalyse Toledo Castanheira Doutoranda em Agronomia – Fitotecnia pela Universidade Federal de Lavras – UFLA; membro do NECAF e GHPD. E-mail: dalysecastanheira@hotmail.com

Thales Lenzi Costa Nascimento Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – UFLA; membro do NECAF e GHPD. E-mail: thaleslenzic@gmail.com

Ricardo Nascimento Lutfala Paulino Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – UFLA; membro do NECAF e GHPD. E-mail: ricardo.lutfalap@gmail.com

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A cafeicultura possui grande importância na agricultura nacional, possuindo influência direta nas relações socioeconômicas do país. Sobretudo, os manejos realizados na lavoura cafeeira são determinantes para a viabilidade de cultivo, assim como para elevada produção e qualidade dos frutos.

Dentre os manejos realizados, as atividades de pré e pós – colheita vêm se destacando na obtenção de cafés de qualidade, principalmente, quando relacionadas com assepsia da planta e dos frutos, visando a menor incidência de fungos e bactérias.

Importância do manejo pré–colheita

As atividades que antecedem a colheita do café são de grande importância no decorrer da safra, visto que as mesmas garantem a sanidade da lavoura, assim como a eficiência na realização desta prática.

Normalmente, estas práticas começam a ser realizadas nos meses de abril e maio, dependendo da cultivar utilizada, pois algumas possuem maior precocidade na maturação. Sobretudo, o início da colheita também é uma decisão que pode influenciar na qualidade do grão, pois se a colheita for iniciada muito cedo, a incidência de grãos verdes será grande, assim com a de grãos secos, se o café for colhido muito tarde. Portanto, cabe atenção especial por parte dos cafeicultores para que não haja prejuízos na qualidade do café.

Atualmente, algumas técnicas vêm sendo empregadas na cafeicultura visando à realização do manejo pré – colheita, sendo a arruação, o controle de plantas daninhas, assim como a realização de pulverizações foliares a base de fungicidas ou produtos que atuem como preventivos no aparecimento destes patógenos.

Produtos utilizados na pré–colheita

Alguns produtos são utilizados via pulverização foliar no cafeeiro buscando a eliminação de possíveis fontes de disseminação de fungos e bactérias. Neste sentido, a utilização de produtos a base de cloro e cobre ganham destaque devido a assepsia que os mesmos proporcionam a planta.

Estes tipos de microorganismos prejudicam a qualidade dos frutos devido aos processos fermentativos que os mesmos desencadeiam. É por meio desta fermentação que surgem os principais tipos de grãos que afetam a qualidade sensorial do café, sendo os grãos ardidos e os grãos pretos.

Os resultados obtidos por meio da pulverização com estes produtos no cafeeiro são muito positivos, onde a ocorrência de grãos prejudiciais a qualidade do fruto é muito pequena. Entretanto, as condições climáticas podem interferir na eficácia do controle, sendo que temperaturas medianas associadas com umidade elevada fazem com que o produto seja menos eficiente. Neste caso, a dosagem pode ser alterada, buscando a potencialização no controle pelo uso destes produtos.

Manejo da lavoura na pós-colheita do café

Sem sombra de dúvidas a colheita do café, sendo esta manual ou mecanizada, acarreta diversas injúrias às plantas do cafeeiro. Estas injúrias são realizadas tanto nas folhas como nos ramos, e são provenientes do atrito tanto das hastes das colhedoras como das mãos dos trabalhadores, no caso de colheita manual.

Tais injurias servem como porta de entrada para diversos microrganismos que podem ou não ser prejudiciais fitopatogenicamente ao cafeeiro, em outras palavras, podem contribuir para o desenvolvimento de diversas doenças, tais como, podridão da Phoma, Antracnose e Bacterioses. Além deste dano direto a sanidade das plantas, os microrganismos podem ainda se aproveitar de restos de cultura, como folhas e frutos de café, que persistiram no solo após a varrição, contribuindo também para o desenvolvimento de pragas, como por exemplo, a Hypothenemus hampei (Broca-do-Café).

Produtos utilizados na pós – colheita

Para prevenir tais problemas sanitários, algumas técnicas vêm sido utilizadas pelos cafeicultores, como a aplicação de defensivos agrícolas a base de cobre, ditiocarbamatos, anilidas, dicarboximidas e estrobilurinas, entre outros. É importante ressaltar a necessidade de se alternar o princípio ativo a fim de aumentar a eficiência.

Com relação a aplicação de cobre, este tem sido bastante citado nesta etapa da produção, uma vez que o efeito cicatrizante associado ao efeito tônico promove uma maior retenção foliar, promovendo a recuperação da planta e reduzindo os inóculos de ferrugem e cercosporiose.

O cobre pode estar disponível na forma de calda bordalesa, óxido, hidróxido, oxicloreto, óxido cuproso, sendo formulados como pó molhável (WP), suspensão concentrada (SG) ou granulado dispersível (WG).  Independentemente da formulação é recomentado a aplicação 800 gramas de cobre metálico por hectare, variando a dosagem do produto comercial de acordo com a sua concentração.

Modo de Aplicação

Os defensivos cúpricos são poucos solúveis em pH 7,0, o qual é recomendado para sua aplicação, por este motivo deve-se evitar a mistura com produtos que promovam a queda do pH, uma vez que a solução se torna mais ácida a solubilidade do cobre, o que pode acarretar a intoxicação das plantas. No caso do café, essa toxidez não é muito observada devido a sua elevada tolerância a este elemento.

As aplicações devem ser realizadas imediatamente após a colheita, quanto mais rápida a aplicação, maior a eficiência. Como os produtos à base de cobre são de ação de contato, os equipamentos devem estar bem regulados e promover uma distribuição uniforme do produto por toda área foliar. Tais cuidados estão diretamente ligados com a eficiência no controle dos patógenos.

A utilização de tal técnica tem propiciado uma menor incidência de doenças, principalmente a ferrugem do café, causada pelo fungo Hemilia vastatrix. Com a adoção deste manejo a incidência desta doença em específico tem sido facilitado, devido a menor incidência no início do período chuvoso.

Vantagens do uso de cloro estabilizado

A finalidade da utilização do cloro estabilizado é para a assepsia dos equipamentos ou locais por onde o café passará, visando a não contaminação do mesmo durante as etapas pré e da pós-colheita do café. A utilização do cloro estabilizado é fundamental na medida de controle e prevenção da contaminação microbiana, pois este atua como fungicida e bactericida de contato, largamente utilizado no seguimento de hortifruti e também para a desinfecção em pós-colheita.

Pode substituir com vantagens os produtos comumente usados no controle de fungos, bactérias e vírus. Essa descontaminação é realizada, pois, os microrganismos contaminantes que causam danos originados pela infestação nos grãos, podem afetar de forma severa a qualidade fisiológica e a qualidade sanitária, ainda em alguns casos, inibindo por completo ou reduzindo a capacidade de germinação, que indiretamente relaciona com a qualidade dos grãos e um produto de pior qualidade no final do processamento.

A infestação por microrganismos está sujeita à ação de alguns fatores externos os quais podem reduzir as chances de sua transmissão, como por exemplo, o tratamento com agentes desinfetantes. Por isso é recomendado o tratamento dos grãos com agentes químicos que auxiliam na redução do número de fungos.

Uso de Hipoclorito de Sódio

O hipoclorito de sódio constitui uma das fontes de cloro com possibilidade de utilização como esterilizante químico. É um produto químico muito empregado para esterilização. Sua utilização em larga escala é devido ao seu vasto espectro, além de ser um produto de fácil aquisição e de baixo custo.

A utilização na pós-colheita do café é muito importante, sendo que o cloro pode ser utilizado em vários setores. Para os produtores que utilizam os lavadores mecânicos e ainda os descascadores com desmucilador, ou seja, para aqueles que utilizam o processamento via úmida é recomendado à utilização a cada quinze (15) dias de uma solução de hipoclorito a dez por cento (10%) para a desinfecção de todo o equipamento.

Então, conforme a figura 1, para uma bomba costal de vinte (20) litros é recomendado colocar dois (2) litros de água sanitária dentro da bomba costal e posteriormente completar com água o volume total da bomba costal de capacidade de vinte (20) litros.

Essa solução faz a desinfecção dos microrganismos que possivelmente podem se alojar nos equipamentos e contaminar os grãos de café possibilitando cafés de pior qualidade. Ainda, a utilização desta solução no terreiro pode ser de grande utilidade, sendo aplicada antes da esparramação do café para a etapa de secagem.

Figura 1. Esquema da solução de hipoclorito para desinfecção em equipamentos e terreiros.

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