SOFIA LOHMANN
Graduanda no 7º semestre de Medicina Veterinária pela UCS
Plantonista na Clínica Veterinária de Grandes Animais UCS
E-mail: sofia.lohmann@hotmail.com
Facebook: https://www.facebook.com/sofia.lohmann/
Não existe um manejo de ordenha específico e definitivo para todas as propriedades leiteiras, já que cada uma apresenta particularidades quanto ao tipo de mão de obra, ao número de animais, ao tamanho da sala de ordenha e padrão genético do gado. Ainda assim, a aplicação dos princípios do adequado manejo de ordenha pode ser feita em todos os rebanhos.
O produtor deve saber que a contagem de microrganismos no leite vendido é proporcional à contaminação inicial, na ordenha e, dependerá também do armazenamento e temperatura em que o leite será mantido, podendo variar em decorrência de processos inflamatórios do úbere ou de enfermidades no rebanho.
Obtenção e conservação do leite: as 12 regras de ouro (De Laval)
Antes da ordenha
- Monitore regularmente a saúde do úbere:
- Higienize bem as mãos e faça uso de luvas.
- Verifique regularmente a saúde do úbere, utilizando teste CMT ou DCC, o contador de células somáticas.
- Mantenha um banco de dados de cada animal para melhor controle do rebanho.
2. Ordenhe os animais por lotes:
- Inicie a ordenha primeiro com os animais saudáveis, novilhas, vacas recém-paridas e, em seguida, o rebanho principal.
- Deixe as vacas com mastite por último.
- Após o término da ordenha, não esqueça de higienizar o sistema.
3. Faça sempre o teste da caneca:
- Retire os 3 primeiros jatos de cada teto para verificar alterações no leite (como presença de grumos, pus ou sangue) e ajudar a estimular a liberação do leite.
- Faça uso de caneca de fundo escuro e nunca jogue os jatos diretamente no chão.
- Se identificar alterações no leite ou úbere, indicativos de mastite clínica, faça o descarte do leite e o tratamento do animal.
4. Higienize os tetos antes da ordenha:
- Faça o pré-dipping nos tetos, com produtos apropriados, aguardando 30 segundos de ação do produto nos tetos.
- Realize a secagem dos tetos de preferencia com papel toalha descartável (1 folha para cada teto).
Durante a ordenha
- Verifique o nível de vácuo:
- Selecione um nível de vácuo e sistema de pulsação apropriados para a fazenda e faça a instalação de acordo com as especificações do fabricante.
- Sempre verifique o nível de vácuo no início de cada ordenha.
2. Faça a colocação dos conjuntos no momento correto:
- As unidades de ordenha devem ser colocadas dentro de 60 a 90 segundos após o início da preparação dos tetos.
- Minimize entradas de ar durante a colocação dos conjuntos de ordenha.
- Verifique e ajuste, se necessário, o posicionamento dos coletores, evitando torções.
3. Evite a sobreordenha:
- A sobreordenha é considerada causa principal da hiperqueratose da extremidade do teto.
- Para saber o momento correto da retirada da unidade de ordenha, observe a diminuição do fluxo de leite ou utilize sacadores automáticos.
4. Garanta a remoção adequada do conjunto de ordenha:
- Quando a ordenha estiver concluída, o vácuo do conjunto de ordenha pode ser desligado manual ou automaticamente.
- Deixe que o vácuo do coletor reduza completamente antes de retirar a unidade.
- Não comprima o úbere nem force os coletores para baixo.
Após a ordenha
- Higienize os tetos após a ordenha:
- Faça o pós-dipping nos tetos para auxiliar no controle da mastite do rebanho.
- Ideal é que as vacas permaneçam em pé por um período de aproximadamente 30 minutos após a ordenha, até o fechamento do canal do teto.
2. Realize a higienização do equipamento de ordenha:
- Limpe as superfícies externas do equipamento.
- Após cada uso, enxágue e limpe, manual ou automaticamente, todos os componentes do sistema usando produtos adequados na temperatura apropriada.
- Utilize detergentes apropriados seguindo a dosagem recomendada no rótulo.
- Faça a sanitização 30 minutos antes da próxima ordenha usando produtos apropriados.
- Drene bem o equipamento.
3. Resfrie o leite adequadamente:
- Verifique as temperaturas de resfriamento para certificar-se de que estão sendo alcançadas temperaturas adequadas durante e depois de cada ordenha.
- Temperaturas de refrigeração adequadas inibem o crescimento bacteriano.
4. Monitore regularmente a qualidade do leite e do equipamento de ordenha, assim como os dados sobre o desempenho da ordenha:
- Analise regularmente todas as informações sobre qualidade do leite, composição do leite e desempenho de ordenha e compare-as com dados históricos.
- Substitua as teteiras e componentes de borracha de acordo com as recomendações do fabricante. Borracha sobreusada apresenta rachaduras e porosidade que influenciam no desempenho da ordenha e aumenta o risco de acúmulo de bactérias. Tais problemas podem levar ao aumento da duração da ordenha e ao aumento da CBT.
- Faça a manutenção regular do sistema de ordenha, de acordo com as recomendações do fabricante.
Normativas e legislação:
Com a criação do Plano Nacional da Qualidade do Leite (PNQL), em 1996, pelo MAPA e com apoio de órgãos de ensino e pesquisa, houve muitos debates e discussões para implantar novos regulamentos técnicos e os critérios para produzir leite. Este foi o ponto de partida de uma série de normativas e portarias que viria a culminar com a criação do Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite (CBQL) pela Instrução Normativa (IN) 37.
Com a publicação da IN 51 foram definidos parâmetros técnicos sobre a qualidade do leite (regulamentos técnicos de produção, identidade e qualidade dos leites tipos A, B e C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o regulamento técnico da coleta de leite cru refrigerado e seu transporte a granel).
Antes da criação e da publicação da IN 51 não existiam parâmetros para contagem de células somáticas e de contagem bacteriana total para o leite C, somente aos leites A e B – conforme consta em www.agricultura.gov.br
A CCS deve ser alcançada com o tempo, tentando baixar cada vez mais as concentrações. Outros fatores a serem corrigidos são assistência e capacitação técnica e divulgação de informações de modo mais abrangente, devendo chegar a todos os produtores, oferecendo conhecimento com clareza, não só sobre as mudanças, mas também o modo correto de se adaptar as exigências da IN 51.
No Brasil a produção de leite manteve o crescimento por décadas, porém, nos últimos anos, o aumento do volume foi muito pequeno. O Sul foi a região que apresentou a maior taxa de mudança e responde por 35,1% da produção nacional. O Sudeste é a segunda região em produção, com volume que totaliza 34,0% do total.
Complicações de uma ordenha mal sucedida
A mastite bovina é a inflamação da glândula mamária, é uma doença contagiosa causada por bactérias de fácil transmissão entre as vacas. A doença inflamatória pode surgir por fatores ambientais no animal e decorrentes do manejo inadequado na ordenha.
A mastite pode se apresentar de forma clínica e entre os sintomas estão: a secreção de leite com grumos, pus ou aspecto aquoso, tetos e úbere com vermelhidão, inchados, duros, doloridos e quentes. Os animais podem ainda apresentar febre, perda de apetite e morrer nos casos mais graves. O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos e testes da caneca de fundo preto, onde se observa a presença de grumos no leite.
A mastite subclínica induz grandes perdas econômicas, pois não produz sinais clínicos no animal, o úbere, tetos e leite se encontram normais, ou seja, o produtor não vê que o animal tem a doença e com isso, o animal não é tratado precocemente. Essa mastite pode ser detectada através do California Mastitis Testis- CMT. Lembrando que a alta CCS (contagem de células somáticas) diminui o tempo de prateleira do leite, pois diminui os teores de gordura e proteína, consequentemente diminuindo a porcentagem sólida do leite.
Pode ser diferenciada pelo agente etiológico na forma contagiosa ou ambiental; sendo a contagiosa mais comum durante toda lactação e ambiental, que ocorre principalmente no pré-parto e início da lactação.
O uso de antibióticos tem como função principal auxiliar a defesa do hospedeiro, eliminar os agentes patogênicos e reduzir as consequências negativas da infecção. É também a medida fundamental para a cura dos casos de mastite clínica, os antimicrobianos são usados em vacas leiteiras para o controle, a prevenção e a diminuição da disseminação da doença que é altamente contagiosa entre o rebanho.
No tratamento, o uso dos antibióticos consiste em atingir e manter concentrações adequadas do principio ativo no local da infecção por um período de tempo suficiente para eliminar o agente causador da patologia. Porém, quando os antibióticos não são usados de maneira correta podem influenciar o aparecimento de microrganismos resistentes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- 12 regras de ouro De Laval
Disponível em: http://www.delaval.com.br/-/Recomendacoes-sobre-a-producao-de-leite/As-12-regras-de-ouro-da-ordenha/; - LEITE: Os principais pontos de uma rotina de ordenha.
Disponível em: http://iepec.com/leite-os-principais-pontos-de-uma-rotina-de-ordenha/; - Desafios do setor agropecuário, produtores de leite e normas de limpeza.
Disponível em: http://www.weinberger.com.br/blog/desafios-do-setor-agropecuario-produtores-de-leite-e-normas-de-limpeza/; - Desafios e oportunidades da produção sustentável de leite- Equipe Balde Cheio Embrapa.
Disponível em: http://www.fapeg.go.gov.br/wp-content/uploads/2016/04/Alexandre-Berndt-Desafios-e-oportunidades-da-produ%C3%A7%C3%A3o-sustent%C3%A1vel-de-leite.pdf - Desafios da produção leiteira por Daniela Miyasaka S. Cassol.
Disponível em: https://www.ourofinosaudeanimal.com/blog/desafios-da-producao-leiteira/
FONTE: Revista SmartGado
http://blog.smartgado.com.br