A Universidade Federal de Lavras (UFLA) tem previsão para iniciar em janeiro de 2019 a primeira etapa de um projeto de extensão para promover a Agroecologia e agricultura familiar em solo afegão. A iniciativa, denominada “Criação de hortas domésticas auto-sustentáveis com tecnologias econômicas / socioambientais da Agroecologia”, será realizada por meio de um acordo de cooperação internacional entre o Brasil e o Afeganistão. O trabalho é coordenado pelo professor do Departamento de Engenharia (DEG) Gilmar Tavares, e conta com o patrocínio da Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. O projeto ainda aguarda financiamento do governo afegão.
Após uma capacitação em extensão rural de uma equipe de assessores do governo federal afegão realizada na UFLA no mês de outubro, formou-se um grupo de trabalho permanente com o objetivo de implementar os conhecimentos para melhorar “a segurança alimentar das famílias afegãs socialmente vulneráveis e gerar emprego e renda dignos para a população de baixa renda, beneficiando, principalmente, os mais pobres”, explica o professor do DEG.
Criação de hortas auto-sustentáveis
A primeira etapa de trabalhos no país vai buscar capacitar cerca de 800 famílias de oito regiões para trabalhar em hortas domésticas e produção de hortaliças, com o intuito de criar emprego e renda para essas famílias. De acordo com o professor coordenador do projeto, o objetivo é expandir o conhecimento sobre a Agroecologia em todas as regiões. “Vamos capacitar essas famílias e incentivá-las a divulgarem o conhecimento aos vizinhos, em um processo de expansão do conhecimento que chamamos de espiral crescente”, conta Gilmar, que pretende visitar o projeto no segundo semestre de 2019.
Após o encerramento da primeira etapa, previsto para dezembro de 2019, o grupo buscará a ampliação do projeto para desenvolver um programa de segurança alimentar para o Afeganistão, buscando ofertar merenda escolar de forma contínua com produtos da agricultura familiar, obtidos de maneira agroecológica sustentável.
Projetos similares têm sido desenvolvidos em países africanos, como o “Vozes da África”, que desde 2007, desenvolve soluções socioambientais para auxiliar na produção de alimentos na República Democrática do Congo. Iniciativas agrocoecológicas também já foram expandidas para Myanmar e Moçambique, aliando promoção social e preservação ambiental nas comunidades. “Acreditamos que este é um caminho econômico e socioambiental viável para combate à fome, miséria, desnutrição, tráfico de drogas e outros flagelos sociais”, revela Gilmar.