Abelhas são insetos polinizadores têm capacidade de desenvolver memória olfativa, associando o ambiente onde coletam o pólen e o néctar de flores.
Treinar abelhas? Seria este um novo esporte? Opa, quase isso! Uma corrida para melhorar o transporte do pólen por parte das abelhas, um estudo de polinização guiada. A Apta Regional, instituição de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, iniciou o treinamento desses pequenos e importantíssimos insetos, a partir de um composto sintético, com a finalidade de aumentar a produtividade do cafeeiro em mais de 18%.
A pesquisa inédita desenvolveu as moléculas sintéticas que se assemelham ao aroma da flor do cafeeiro, e fizeram o treinamento de abelhas, visando à polinização guiada em culturas tropicais, para fins de aplicação comercial da tecnologia. Apesar dessa tecnologia ser utilizada em culturas de clima temperado, a pesquisa da Apta Regional é inovadora nas culturas tropicas e no uso com as abelhas nativas.
A equipe de pesquisadores é formada por Maria Imaculada Zucchi da Apta Regional de Piracicaba, e pelos especialistas em polinização Marcela Barbosa da USP, e em ecologia comportamental, João Marcelo Aguiar, da Unicamp, ambos da startup PollinTech, participante do Programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Segundo Zucchi, existem empresas hoje atuando no mercado, apenas com o aluguel de caixas de abelhas, para o aumento da polinização e produtividade. “Nossa tecnologia envolve o desenvolvimento de um mimético e o treinamento de abelhas para polinização monofloral, desta forma, com aumento certeiro de produtividade.”
Este trabalho trará influência direta na produção. A Startup já está na fase de teste de campo com a cultura do café. “Pretendemos desenvolver o aroma mimético, agora, para abacate, citros e açaí”, detalha Zucchi
O impacto será muito expressivo para a cultura do café, inicialmente de 18 a 30%, além da sustentabilidade na produção, pois pode ser utilizada em uma área menor para aumento da produção.
As pesquisas apontam que futuramente será possível o aumento de produtividade para outras plantas alogamas (fecundação cruzada), e outras culturas agrícolas.
Zucchi explica que os maiores desafios na agricultura estão em aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos alimentos com valor agregado e diminuição dos custos.
O mercado com foco em agricultura regenerativa, café especial e sustentabilidade, segundo Zucchi, carece de tecnologias sustentáveis que resultem em alimentos com maior teor de ácidos graxos, como o óleo de girassol e de canola, quando polinizado por abelhas. Do mesmo modo, cafés com notas sensoriais incrementadas, como é o caso do café brasileiro, quando polinizado por abelhas.
E os produtores buscam por essas tecnologias que contemplem esse complexo de soluções integradas, obtendo um produto de qualidade com pouco investimento.
Os métodos utilizados para o estudo são o treinamento de abelhas, busca de mimético das flores de café e polinização guiada.
Seu dia
Famosas pelo mel e de extrema relevância econômica e ecológica, as abelhas desempenham um papel fundamental na agricultura, recebendo reconhecimentos como o Dia Nacional da Abelha, comemorado no dia 03 de outubro.
APTA Regional
A APTA Regional, Instituição de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo – ICTESP é uma das sete instituições de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA). São 18 Unidades Regionais de Pesquisa e Desenvolvimento no estado de São Paulo, nas áreas de agronomia, zootecnia, pesca continental, sanidade vegetal, sanidade animal e agregação de valor em produtos de origem animal e vegetal, sistemas integrados de produção e segurança alimentar. O maior hub descentralizado de pesquisa do agronegócio, com soluções tecnológicas aplicadas na agricultura e na pecuária paulista. As tecnologias geradas, ao longo de anos nas unidades de pesquisa, possibilitam à Instituição seguir como alicerce para a agricultura paulista, sendo referência em diversos setores da agropecuária.