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Os mitos envolvendo a pulverização eletrostática

A pulverização eletrostática é uma “velha conhecida” da agricultura. O início dessa história se deu na década de 1960. De lá para cá são mais de 60 anos, mas ainda ouvimos muitas perguntas sobre o funcionamento da técnica e sua eficácia. Um dos pesquisadores mais conhecidos da área de tecnologia de aplicação, o Dr. Graham Matthews, da Universidade de Oxford, UK, trabalhou com aplicação eletrostática no Brasil em 1987, na cultura do algodão, fazendo demonstrações com um equipamento chamado Eletrodin (muito conhecido na época), que havia sido desenvolvido poucos anos antes nos Estados Unidos. Aliás, naquela época o bicudo do algodoeiro ainda era uma novidade no Brasil.

Voltando à questão da transferência de carga elétrica às gotas da pulverização (pulverização eletrostática), as dúvidas que ainda existem se devem provavelmente pelas particularidades de utilização da tecnologia. Não se pode generalizar e achar que toda pulverização eletrostática é igual. Ou que todo equipamento de pulverização eletrostática é igual. Afinal, nem todos os sistemas são iguais (aliás, isso faz toda a diferença). Por exemplo, há aqueles que unem a transferência de carga com assistência de ar (e há particularidades entre os sistemas também), a voltagem pode mudar, bem como a velocidade e uniformidade de distribuição do ar, dentre outras características. Portanto, é importante saber utilizar e conhecer cada sistema e suas particularidades.

Visão interna de um pulverizador na cultura do algodão

Também deve-se entender sobre o índice de área foliar da cultura, as características da copa (ou dossel da cultura), o volume e a velocidade do ar, entre outros fatores. Além do potencial de aumentar a deposição, quando usados da maneira correta, o carregamento eletrostático mais a assistência de ar pode reduzir também o potencial de deriva comparado a uma aplicação convencional equivalente.

Em uma pesquisa feita pela AgroEfetiva em 2019, utilizando um pulverizador Uniport 3030 Eletrovortex, da Jacto, que une assistência de ar mais transferência de carga elétrica às gotas da pulverização, foram obtidos resultados positivos na deposição de calda com fungicidas na cultura do algodão. O trabalho foi feito em Campo Novo do Parecis, MT, utilizando a taxa de aplicação de 60 L/ha. Foi utilizada a ponta ATR 80-2,0 (Jacto), a 5,7 bar de pressão produzindo gotas muito finas (MF), com a máquina se deslocando a 22 km h-1. A integração das tecnologias (assistência de ar + transferência de carga) aumentou a deposição em todos os extratos da cultura (superior, médio e inferior) comparado ao sistema desligado (sem carregamento ou ar).

O maior ganho em deposição, comparando a utilização da assistência de ar mais transferência de carga com uma aplicação convencional, foi no terço médio, local que possui a maior área foliar nas plantas de algodão. Esse ganho foi equivalente a 116% de aumento, seguido do terço superior e inferior, com 18,7% e 22,2%, respectivamente.

Imagem de pesquisadores na cultura do algodão

Para o bom uso da ferramenta e uma correta compreensão sobre sua real utilidade e eficácia, é importante haver um bom serviço de assistência técnica por parte dos fabricantes e técnicos e, evidentemente, nunca se deve “generalizar” a pulverização eletrostática. Cada projeto de máquina possui suas particularidades. As dúvidas existentes podem ser causadas por esses motivos. Por isso, a pesquisa e a difusão do conhecimento são tão importantes.

O artigo completo (com a descrição da pesquisa) sobre esse tema pode ser visto em:

https://www.agroefetiva.com.br/revista-plantio-direto-assistencia-de-ar-em-conjunto-com-a-transferencia-de-carga-eletrica-na-deposicao-de-fungicidas-na-cultura-do-algodao.

Texto é assinado pelos pesquisadores Fernando K. Carvalho, Vitor Romani, Ulisses R. Antuniassi, Rodolfo G. Chechetto e Alisson A. B. Mota

Fernando K. Carvalho1, Vitor Romani2, Ulisses R. Antuniassi3, Rodolfo G. Chechetto1; Alisson A. B. Mota1

1Engenheiro Agrônomo, Pesquisador, AgroEfetiva, Botucatu/SP. fernando@agroefetiva.com.br

2Engenheiro Agrônomo, Botucatu/SP

3Engenheiro Agrônomo, Professor Titular, FCA/UNESP, Botucatu/SP, Brasil. ulisses.antuniassi@unesp.br

FONTE: AgroEfetiva – Leandro Rocha –  leandro@viasdigitais.com.br 

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