Abelhas

Nova espécie de abelha recebe nome de professor do ICB

Fernando Silveira, que morreu em 2022, foi vinculado à pós-graduação em Zoologia e estudava conservação de abelhas e biodiversidade

Uma nova espécie de abelha, descrita em artigo publicado na revista EntomoBrasilis, recebeu o nome do professor Fernando Amaral da Silveira, que morreu no ano passado e era vinculado à pós-graduação em Zoologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais.

A homenagem foi feita por colegas como o professor Thiago Mahlmann Lopes, doutorando no Programa de Pós-graduação em Entomologia do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa). A nova espécie se chamará Ceratina (Calloceratina) silveirai – Mahlmann & Oliveira, 2023.

“O professor Fernando foi uma pessoa maravilhosa e sempre nos encantou com seu conhecimento ímpar, particularmente sobre as abelhas”, afirma Thiago Mahlmann. “Resolvemos homenageá-lo dando o nome de uma nova e belíssima espécie. Queremos, com isso, eternizar o nome de alguém que tanto fez pela ciência brasileira.”

No artigo Taxonomia de espécies sul-americanas de Ceratina (Calloceratina) Cockerell, 1924 com comentários sobre novos grupos de espécies propostos para este subgênero (Hymenoptera: Apidae: Xylocopinae), os pesquisadores descrevem e ilustram duas novas espécies do gênero Ceratina (Calloceratina) Cockerell, 1924. Ceratina (Calloceratina) mourei e Ceratina (Calloceratina) silveirai formam o grupo de espécies silveirai, que é muito distinto dentro do subgênero C. (Calloceratina).

Foram redescritas e ilustradas as espécies Ceratina (Calloceratina) chloris (Fabricius, 1804) e Ceratina (Calloceratina) triangulifera (Cockerell, 1914), e foi proposto para elas o grupo de espécies chloris. O artigo apresenta o diagnóstico para o subgênero Calloceratina e propõe uma chave de identificação para as espécies sul-americanas.

Holótipo Feminino de Ceratina (Calloceratina) triangulifera Cockerell. (A) cabeça em vista frontal; (B) habitus lateral; (C) etiquetas anexadas à amostra. Barra de escala (B) = 5,0 mm. (Créditos: T.Mahlmann)
Macho de Ceratina (Calloceratina) triangulifera Cockerell. (A) cabeça em vista frontal; (B) T7; (C)S5; (D)S6; (E) cápsula genital. Barra de escala: = 1,0 mm. (Créditos: T.Mahlmann)
Lectótipo Feminino de Ceratina (Calloceratina) chloris (Fabricius). (A) cabeça em vista frontal; (B) habitus lateral; (C) etiquetas anexadas à amostra. Barra de escala (B) = 5,0 mm. (Créditos: T.Mahlmann)
Macho de Ceratina (Calloceratina) chloris (Fabricius). (A) cabeça em vista frontal; (B) T7; (C)S5; (D)S6; (E) cápsula genital. Barra de escala: = 1,0 mm. (Créditos: T.Mahlmann)

O PROFESSOR E A DESCOBERTA
O professor Fernando Amaral da Silveira morreu no dia 7 de agosto de 2022. Ele era um dos líderes do Laboratório de Sistemática de Insetos do ICB e trabalhava com abelhas ameaçadas de extinção, estudando aspectos como a flutuação da abundância e da riqueza de espécies desses insetos. Há cerca de 13 anos, Silveira descobriu, na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, uma nova espécie de abelha, a Actenosigyne mantiqueirensis

À época, havia apenas outra espécie desse gênero conhecida, a Actenosigyne fulvoniger, endêmica no Brasil e encontrada no sul do país. Um tempo depois, uma terceira espécie foi descoberta no Parque do Itatiaia, no Rio de Janeiro.

Silveira era conhecido pelos colegas como bem-humorado, socialmente orientado, crítico sensível e paciente, relembra Thiago Mahlmann. Ele publicou diversos textos científicos e quatro livros de literatura:  Encruzilhadas (2016), Contos de outros mundos (2017), Espelho virtual (2019) e Cândida e outras vidas (2022). Antes de morrer, trabalhava em um livro de contos e em uma novela.

Fernando Silveira em edição do Boletim UFMG em 2002

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