Embrapa Café e a Epamig estão desenvolvendo pesquisas com 16 tipos de cultivares de café
Escolher a cultivar certa pode garantir o sucesso ou decretar o fracasso dos cafeicultores. Atentos a isso, a EMBRAPA Café e a Empresa Mineira de Pesquisa Agrícola (EPAMIG) estão desenvolvendo pesquisas com 16 tipos de cultivares de café arábica para identificar quais melhores se adaptam a cada região produtora de Minas Gerais.
Os primeiros resultados do trabalho estão sendo apresentados a produtores rurais e técnicos em todo o estado. A região das Matas de Minas tem oito unidades demonstrativas, uma delas fica em Viçosa (MG) e recebeu nesta terça-feira (28/5) cerca de 60 pessoas, entre produtores rurais, técnicos, professores e estudantes, em um Dia de Campo realizado com apoio do Sistema Faemg Senar.
Os pesquisadores da Epamig Gladyston Carvalho e Vinícius Andrade destacaram a importância do melhoramento genético para o avanço da cafeicultura e apresentaram dados que mostram o impacto financeiro, para o produtor, do uso das tecnologias disponíveis nas sementes.
Aumento da produtividade e redução de custos com defensivos agrícolas e outros manejos usados no controle da ferrugem e de nematoides foram destaques. “Com a saca de café custando R$ 900, o produtor pode economizar R$ 7.900 por hectare com a escolha certa da semente. Esse resultado está na genética da planta”, afirmou Vinícius.
Na área visitada em Viçosa, o melhor desempenho em produtividade foi a IPR 103, com uma produção estimada de 132 sacas por hectare. “Essa primeira estimativa é resultado da análise de duas plantas e já mostra o potencial e o primeiro desenvolvimento da cultivar na área”, disse Gladyston. Ele salientou ainda que “o produtor precisa acreditar e apostar na pesquisa e na extensão para evoluir. O futuro nas Matas de Minas é muito promissor”.
O proprietário da fazenda que recebe o experimento, Ernesto Santana, declarou a satisfação em ver o desenvolvimento da pesquisa e, principalmente e “receber pessoas interessadas em evoluir a cafeicultura”.
NOVAS PERSPECTIVAS
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Viçosa, Carlos Eduardo Andrade, acompanhou o evento com alegria e especial atenção. Com sua experiência como cafeicultor e extensionista, afirmou que esse estudo de cultivares dá novas perspectivas para o aumento da produtividade e da renda dos produtores das Matas de Minas. “A pesquisa de mãos dadas com a extensão é o que o produtor precisa para crescer na atividade”.
O gerente do Sistema Faemg Senar em Viçosa, Marcos Reis, complementou dizendo que a presença da instituição nesses eventos é fundamental para alinhar o conhecimento dos técnicos de campo e instrutores dos cursos com as pesquisas, tecnologia e inovação que os produtores podem acessar.
Marcos Aurélio da Silva, cafeicultor na cidade de Teixeiras (MG), destacou que a importância da busca pelo conhecimento foi a principal lição aprendida no Dia de Campo. “Os pesquisadores compartilharam muitas informações interessantes, e essa troca com outros produtores e professores abre o leque de possibilidades e amplia a visão sobre o nosso desenvolvimento na cafeicultura”, salientou o produtor, que é atendido pelo programa ATeG Café+Forte e esteve no evento acompanhado pelo técnico de campo Gustavo Nogueira.
Gustavo, que acompanha produtores de Araponga (MG), São Miguel do Anta (MG), Canaã (MG) e Teixeiras (MG), acredita que os profissionais e produtores presentes no evento serão multiplicadores do debate e dos resultados apresentados, que beneficiam a todos. “O café é uma cultura perene. Temos lavouras de 30 anos e o produtor precisa conhecer a melhor variedade para a sua localidade, como essa pesquisa nos mostra”.
O técnico ainda reforçou um importante apontamento dos pesquisadores que reforçou a importância de otimizar a colheita e pós-colheita tendo nas propriedades lavouras de cultivares de maturação precoces, intermediárias e tardias em proporções de 40, 45 e 15%, respectivamente.
Estão sendo avaliadas cultivares desenvolvidas por diferentes instituições participantes do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa. São elas: Catiguá MG2; MGS Paraíso 2; MGS Catucaí Pioneira; MGS Ametista; MGS Aranãs; H-29-1-8-5; MGS Turmalina; Obatã Amarelo IAC 4739; IAC 125RN; IPR 100; IPR 103; Acauã Novo; Arara; Catucaí 2SL; e Guará.
Os resultados da pesquisa serão conhecidos em quatro anos. “O próximo passo é construir junto à extensão rural uma orientação e um sistema de manejo para as novas cultivares”, concluiu Gladyston.