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[José Donizeti Alves] – Você está preparado para a bienalidade da produção de café?

JOSÉ DONIZETI ALVES

Engº Agrº, Profº Depto Biologia e do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia Vegetal / UFLA

 

Com a colheita em andamento, é certo que na maioria das lavouras de café arábica será colhida uma excelente safra, algo variando em torno de 41 a 45 milhões de sacas, cujos limites inferior e superior, refletem as previsões de órgãos ligados a produção ou comercialização do café, respectivamente. Outra certeza é a de que, em resposta a bienalidade do café brasileiro produzido a pleno sol, a safra 2019 será bem menor que a atual. Estresses bióticos e abióticos acentuam naturalmente essa bienalidade.

As causas das flutuações da safra em anos consecutivos se devem à particular característica da espécie arábica de não “conseguir” equilibrar as relações fonte-dreno. Por conta disto, depois de uma grande safra as lavouras ficam desfolhadas, as folhas remanescentes apresentam-se deficientes em nutrientes minerais, as ponteiras dos ramos secam, um grande volume de raízes absorventes morre e as plantas ficam mais vulneráveis à pragas e doenças.

A causa primária de tudo isto é a força dos drenos (frutos) que leva ao esgotamento das reservas de carboidratos nos ramos, caules e raízes e a pequena capacidade de reposição desses compostos pelas fontes (folhas). Paradoxalmente, essas anomalias fisiológicas são acentuadas pelo manejo das lavouras brasileiras que privilegia grandes diferenciais de produção entre anos consecutivos, em vez de safras médias satisfatórias todos os anos.

Frente a atual situação é preciso minimizar a bienalidade com práticas que amenizem o estresse fisiológico e que estimulem o metabolismo do cafeeiro auxiliando o pegamento da florada e a manutenção dos frutos na planta. Para tanto, atenção especial deve ser dada ao manejo nutricional, evitando adubações de acordo com a carga pendente, adubar sempre com base em resultados de análise de solo e de folhas e, atentar para a escolha da fonte de adubo mais apropriada para atender aos objetivos no curto, médio e longo prazo.

O mesmo deve-se dizer do modo e da época de aplicação do adubo, sempre em solo corrigido com calcário e gesso. Irrigação, adensamento, sombreamento, controle preventivo de pragas e doenças e manejo do mato entre outros, também devem fazer parte do pacote tecnológico. Além disto, uma boa estratégia para diminuir a bienalidade é o parcelamento do plantio ano a ano, quando da implantação da lavoura.

Alternativamente, se a escolha de manejo for pela manutenção da bienalidade, é preferível que ela seja radical adotando-se o sistema de safra zero nos talhões de carga alta, seguido de um manejo relacionado, especialmente no tocante a desbrota, nutrição mineral e controle de pragas, doenças e do mato.

Na atual conjuntura da moderna cafeicultura mundial (cujas palavras de ordem são reduzir custos e aumentar a competitividade e qualidade) e a preferência do cafeicultor por altas produções mesmo com bienalidade, a soma dessas ações (safra zero com manejo relacionado) tem-se mostrado a forma mais eficiente de garantia e permanência sustentável na atividade.

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