O Instituto Agronômico (IAC) lançou dez cultivares — seis de feijão e quatro de mandioca nesta terça, 30 de novembro de 2021, na Sede do IAC, em Campinas. Os grãos são destinados aos mercados interno e externo e uma das cultivares, a IAC 2154, é inédita no Brasil. As raízes se destacam pela excelente qualidade e produtividade. Uma delas, a IAC 6-01, tem o maior teor de betacaroteno do mercado, equivalente a 800 UI de vitamina A — em média as cultivares têm, no máximo, 240 UI de vitamina A. Os lançamentos foram feitos durante a comemoração dos 130 anos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, com a presença do vice-governador Rodrigo Garcia, e do secretário Itamar Borges.
“Com essas dez novas cultivares, somamos 26 lançamentos de cultivares IAC de junho deste ano até agora, resultados que ressaltam o vigor e a eficiência do centenário IAC”, diz o diretor-geral do Instituto, Marcos Guimarães de Andrade Landell.
As novas cultivares de feijão são duas de tegumento branco, três de coloração vermelha e uma de tegumento rajado arredondado. Inédita no Brasil, a cultivar IAC 2154 de tegumento branco e com grãos pequenos já atrai o interesse de algumas empresas para a fabricação de farinha de feijão branco, muito utilizada na culinária americana e também nacional. O grão de tegumento branco é conhecido no mercado internacional como feijão Navy Beans. “Essa denominação se deve ao fato de ser muito utilizado pela marinha americana, na forma de feijão enlatado, para a alimentação de soldados”, explica Chiorato. Os ingleses também consomem esse feijão na forma de molho, durante o café da manhã.
Outra cultivar de feijão branco intenso e com poucas estrias é a IAC 2157. Seus grãos são bem pesados e em formato alongado e tubular. Essas características a qualificam para o mercado internacional. É conhecido como Alúbia, tipo muito cultivado na Argentina. “O IAC trabalha há anos no desenvolvimento de uma cultivar de tegumento Alúbia e tivemos êxito com a cultivar IAC 2157, que tem ciclo precoce e é muito produtiva”, resume o pesquisador do IAC, Sérgio Augusto Morais Carbonell.
Com coloração vermelha, a IAC 2152 tem alto potencial produtivo, com grão pequeno, semelhante ao do feijão carioca, que é bem aceito pelo brasileiro. Esse tipo de feijão é conhecido no mercado internacional como small red. Essa cultivar poderá ser utilizada para práticas de exportação, mas sua principal destinação é o mercado interno. “As regiões que já consomem esse tipo de feijão são o litoral de Santa Catarina, Sul de Minas Gerais e Leste do estado do Rio de Janeiro”, comenta Chiorato, pesquisador do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Outra de coloração vermelha é a IAC 2155, que tem excelente qualidade de grão. Conhecido como bolinha vermelho, esse tipo de grão é muito apreciado nos estados de Santa Catarina e Minas Gerais. “Também é muito comercializado a granel em mercados municipais e apresenta pequenos nichos de mercado”, diz Chiorato.
A IAC 2156 tem coloração vermelha, com formato longo e tubular. Conhecido como Dark Red Kidney, é muito apreciado em países europeus. Porém, grande parte de todo o feijão exportado pelo Brasil referente a esse tipo de grão é proveniente de cultivares crioulas, adquiridas de outros países e sem registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), de acordo com o cientista do IAC. Há tempos o Instituto Agronômico vinha trabalhando nesse tipo de grão e obteve sucesso com a IAC 2156 por apresentar excelente qualidade de grão, uniformidade na coloração vermelha, alta produtividade, resistência às principais doenças da cultura e ciclo precoce. “A cultivar já está em fase de produção, com interesse das principais empacotadoras nacionais. Está em andamento um trabalho para incentivar o consumo interno desse tipo de grão no Brasil”, comenta Carbonell.
Com tegumento rajado arredondado tipo cranberry, a IAC 2153 é voltada principalmente para a exportação por ser muito apreciada na Europa. Ela apresenta alta produtividade, grãos pesados e calibre que corresponde a 170 grãos em uma amostra de 100 gramas, de acordo com Chiorato. A IAC 2153 foi desenvolvida para substituir a cultivar IAC Nuance, lançada em 2015, que foi a primeira cultivar de tegumento rajado tipo cranberry desenvolvida no Brasil.
IAC lança duas de mesa duas cultivares de mandioca de indústria altamente produtivas
O Programa de Melhoramento de Mandioca do Instituto Agronômico (IAC) lança duas cultivares de mandioca de mesa: a IAC 6-01 e a IAC 28-00. O objetivo das pesquisas realizadas durante 20 anos é disponibilizar ao mercado mandiocas com alta produtividade e baixo tempo de cozimento das raízes tuberosas, além de resistência à bacteriose, principal doença da cultura, e adaptadas ao sistema de produção.
IAC 6-01 tem quatro vezes a média de teor de betacaroteno e coloração amarelo ouro após cozida
A IAC 6-01 reúne qualidades que agradam aos consumidores e aos agricultores. Para o consumidor, a IAC 6-01 oferece polpa amarela, com teor de betacaroteno equivalente a 800 UI de vitamina A — em média as cultivares no mercado têm, no máximo, 240 UI de vitamina A. O betacaroteno é uma das formas de se obter naturalmente a vitamina A.
“Além desse incremento na qualidade nutricional do alimento, a IAC 6-01 ainda tem cozimento rápido, inferior a 35 minutos. Ou seja, traz o pacote completo para conquistar apreciadores em varejões e mercados”, comenta José Carlos Feltran, pesquisador do IAC.
Para os agricultores, a nova cultivar atrai pelo potencial produtivo superior a 30 toneladas por hectare, sendo colhida 12 meses após o plantio. As raízes têm formato cilíndrico regular, com plantas compactas de porte alto: primeira ramificação tem em torno de 0,60 cm.
IAC 28-00 destaca-se pela excelente qualidade das raízes cozidas
Com alta produtividade — tem potencial produtivo superior a 35 toneladas por hectare. As raízes têm formato cônico cilíndrico regular e a película da raiz é de cor marrom claro, com polpa creme. A colheita é feita 12 meses a partir do plantio, em uma planta compacta de porte alto, tendo a primeira ramificação altura em torno de 0,60 cm. Para o consumuidor, a boa notícia é o cozimento rápido: em menos de 30 minutos já está pronta para ser saboreada.
“Após 20 anos de pesquisas, chegamos a duas cultivares de mesa que reúnem qualidades para gerar renda aos produtores e agradar muito aos consumidores”, diz Feltran.
As avaliações do material começaram em 2001 e foram feitas em várias regiões paulistas, incluindo São José do Rio Pardo, Monte Alegre do Sul, Pindamonhangaba e Engenheiro Coelho. “Nesses experimentos constatamos estabilidade e capacidade produtiva dessas duas cultivares de mesa do IAC”, diz o pesquisador do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
IAC 90 tem alto rendimento industrial e excelente qualidade na produção de farinha e de fécula
A cultivar de mandioca para indústria IAC 90 destaca-se pela alta produtividade, com potencial produtivo superior a 25 toneladas por hectare, com um ciclo. Outro destaque está na casca das raízes claras e com polpa branca. Segundo Feltran, essas características, somadas ao alto teor de matéria seca nas raízes, são muito apreciadas pela indústria de farinha e fécula. “A película clara e o alto teor de matéria seca, que nesta cultivar é de cerca de 36%, proporcionam alta qualidade e alto rendimento industrial na produção de farinha e de fécula”, afirma.
IAC 118-95 é uma das mais produtivas do mercado
A cultivar IAC118-95 de mandioca para indústria é uma das mais produtivas do mercado. Seu potencial produtivo é superior a 30 toneladas por hectare com um ciclo. Tem caractéristicas muito apreciadas pela indústria de farinha e fécula por apresentar película da raiz creme claro e polpa de cor branca muito intenso, além de alto teor de matéria seca nas raízes — cerca de 40% de matéria seca. Esse pacote tecnológico proporciona elevada qualidade e alto rendimento industrial na produção de farinha e de fécula. “Tanto a IAC 90 como a IAC 118-95 têm raízes longas de formato cônico cilíndrico regular e pouca presença de fibras, perfil que é apreciado pelo mercado”, afirma Feltran.
As duas cultivares de mandioca IAC para indústria resultam de pesquisas iniciadas na década de 1990. Os experimentos, feitos em Assis (SP), Santa Maria da Serra (SP), Presidente Prudente (SP) e Martinópolis (SP), no interior paulista, permitiram constatar a estabilidade e a capacidade produtiva dos novos materiais em diferentes ambientes e épocas. Os materiais estão registrados junto ao Registro Nacional de Cultivares do Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (RNC/MAPA).