O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina (em volume). Sua vantagem competitiva deve-se, principalmente, ao custo de produção do bovino brasileiro, que é um dos mais baixos do mundo. Para ampliar ainda mais a sua participação no mercado internacional, os pecuaristas brasileiros precisam adequar sua produção de carne aos padrões estabelecidos pelos importadores.
Entre os quesitos de qualidade, a maciez, a quantidade e o tipo de gordura intramuscular influenciam o sabor e a suculência da carne, bem como seu valor nutricional.
Pesquisa iniciada há cerca de 8 anos na ESALQ e na Embrapa Pecuária Sudeste visa identificar justamente quais são os genes que regulam todas aquelas características na carne do gado Nelore, que compõe a maior parte do rebanho de corte nacional.
Após anos de investigação, tal objetivo foi finalmente alcançado. Num trabalho que acaba de ser publicado no periódico científico BMC Genomics (https://doi.org/10.1186/s12864-018-4871-y), os pesquisadores identificaram centenas de genes responsáveis pelo sabor, maciez e qualidade da carne de bovino.
“Em termos mundiais, nossa pesquisa é a primeira se consegue identificar os genes que regulam a qualidade, o sabor, a quantidade e o tipo de gordura na carne em bovinos. Não há outros grupos – no Brasil ou no exterior – com resultados similares. A pesquisa foi feita com gado Nelore. Até o momento não existe nenhum estudo semelhante para quaisquer outras raças bovinas,” afirma o geneticista Luiz Lehmann Coutinho, coordenador do Centro de Genômica da ESALQ.
A pesquisa busca acelerar o melhoramento genético do gado Nelore, para a produção de carne de melhor qualidade. Como consequência, espera-se que os resultados deste trabalho possam, no médio prazo, resultar na elevação dos lucros dos pecuaristas brasileiros.
“Nosso objetivo final é, daqui cerca de três anos, oferecer aos pecuaristas brasileiros a oportunidade de melhorar seus rebanhos e lucros, com vistas à produção de carne que seja ao mais macia e gostosa ao paladar do consumidor, e também muito mais saudável,” afirma Coutinho.
“No que diz respeito ao consumidor final, que aprecia carne, o objetivo da pesquisa é tornar um corte nobre como por exemplo o contra-filé, mais gostoso, suculento e saudável,” diz Coutinho.
O trabalho de seleção de 30 de touros e 2 mil vacas da raça Nelore com as características desejadas para a pesquisa, e que geraram os 800 novilhos dos quais se coletou amostras de carne e sangue para a investigação genética, ficou sob a responsabilidade da pesquisadora Luciana Correia de Almeida Regitano, da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP). Regitano também atua como docente do programa de Pós-graduação em Genética Evolutiva e Biologia Molecular da Universidade Federal de São Carlos (UFScar)
Toda pesquisa genômica do projeto ficou sob a responsabilidade de Luiz Lehmann Coutinho, do Centro de Genômica da ESALQ.
CONTATO
Luiz Lehmann Coutinho
Centro de Genômica – Departamento de Zootecnia
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) – USP
Avenida Pádua Dias, 11 – Piracicaba/SP
tel: 19-34294434
cel: 11-998193-3790
email: llcoutinho@usp.br
Luciana Correia de Almeida Regitano (EMBRAPA)
Embrapa Pecuária Sudeste
Rodovia Washington Luiz, Km 234 s/nº, Fazenda Canchim, 70 – São Carlos – SP
cel: 16-99713-4476
email: luciana.regitano@embrapa.br