Café

Culturas como café e mamão são mais produtivas consorciadas com a braquiária

Com o avanço de novas técnicas de manejo do solo, somado a preocupação com a sustentabilidade, as práticas de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ganham novas possibilidades, adequando a porção da pastagem, como a braquiária na formatação de projetos agropecuários e agroflorestais.

O pasto é um dos componentes mais importantes da grande maioria dos sistemas de integração e já é bem conhecido neste cenário sendo usado em rotação com soja e milho. Contudo, conforme destaca a engenheira agrônoma e técnica de sementes da Sementes Oeste Paulista (Soesp), Andreza Cruz, os sistemas de integração ditos não tradicionais e que fazem uso da pastagem podem aproveitar o aumento de produtividade também.

Conheça abaixo alguns modelos de consórcio que podem ser aplicados com sucesso na fazenda:

Cafeeiro + braquiária

O consórcio do cafeeiro com braquiária parece ser uma tendência na cafeicultura. Nesse sistema, a forrageira é manejada na entrelinha do cafeeiro, respeitando uma distância de 1 metro de cada lado da linha, para não haver competição com o cafeeiro. Esse sistema de produção é utilizado para permitir um aporte de material orgânico sobre o solo, melhorando os atributos físicos, químicos e biológicos, inclusive em profundidade, pela ação das raízes das plantas em rotação ou consorciada.

Segundo a agrônoma, “nesta integração, o resíduo é lançado como palhada durante o corte da braquiária, aumentando a produtividade do café através da supressão de plantas daninhas, proteção do solo contra o impacto direto da chuva, evitando erosão; proteção do solo contra o aquecimento, diminuindo sua temperatura; retenção da umidade no solo, redução da evaporação de água; e aumento do teor de matéria orgânica no solo, melhorando ciclagem de nutrientes, entre outros benefícios”, explica.

Em estudo da Coffee & Climate, uma iniciativa público-privada que incentiva a produção sustentável de café, enquanto a produtividade do cafezal somente com controle químico foi de 26,4 sacas por hectare (ha), a soma da Brachiaria brizantha na entrelinha resultou em 27,8 sacas/ha, ou seja, aumento de 2,05 sacas/ha. Observou-se que as parcelas com culturas de cobertura tiveram uma renda líquida de R$ 7.266/ha, já o tratamento controle foi de R$ 6.423. Isso representa um aumento de 13,12% na renda líquida/ha.

Em estudo de 2013, os pesquisadores da USP/Esalq Carlos Francisco Ragassi, Adriene Woods Pedrosa e José Laércio Favarin, em solo exposto ao sol, ou seja, sem a presença de palhada ou cobertura vegetal, o crescimento da planta é prejudicado pela temperatura do solo e, também, pela evaporação de até 15 mil litros de água ha/dia. A deposição de 5 toneladas por ha de biomassa de braquiária ceifada na entrelinha fornece o equivalente a 70 kg nitrogênio (N) e 8 kg de potássio (K2O) por ha, segundo este estudo.

De acordo com a técnica da Soesp, neste sistema é possível realizar o plantio da pastagem com antecedência, deixando a brachiaria já formada, e, após isso, realizar o plantio do café. No entanto, normalmente as lavouras são renovadas em julho/agosto e a nova semeadura já será realizado em novembro. “O produtor pode optar nesse caso, por plantar a braquiária o quanto antes, podendo ser realizada a semeadura após a abertura do sulco, ou antes da abertura”, destaca Andreza.

É muito importante atentar-se em manter a linha do cafeeiro sempre limpa, realizando capina manual ou aplicação de defensivos, respeitando a distância de 1 metro de cada lado da linha. E quando for realizada a roçada, a palhada da brachiaria deverá ser cortada e lançada na linha de plantio do café, ou seja, para baixo da “saia do café”.

Mamoeiro + braquiária

Por apresentar um ciclo relativamente curto, em média de dois a três anos de vida, o mamoeiro pode ser consorciado com diversas culturas permanentes, as quais serão formadas a um custo relativamente baixo, reduzindo assim gastos com a irrigação e adubação. “Assim como ocorre com o café, as coberturas vegetais desempenham papel bastante importante, considerando-se que a parte aérea das plantas utilizadas, como a braquiária, após a ceifa, funcionam como uma excelente cobertura do solo, aumentando o estoque de matéria orgânica”, conta a técnica da Soesp.

Além disso, nesse sistema é possível colocar animais de pequeno porte, quando usada uma cerca elétrica ou rede elétrica, com pastejo em faixas. Ao fazer o consórcio do mamoeiro com a braquiária, o produtor de mamão conseguirá atingir os mesmos objetivos anteriormente relatados para a consorciação com o café.

Frutiovinocultura (integração de frutas com criação de ovinos)

A possibilidade de integrar a criação de animais com o cultivo de espécies arbóreas, sejam elas frutíferas ou não, tem despertado o interesse de muitos produtores, pela possibilidade de diversificar seus produtos. Uma dessas possibilidades é a criação de ovinos com árvores frutíferas. Nesse caso, deixando nutrientes pela urina e fezes, melhorando as condições químicas, físicas e biológicas do solo, se adequando às necessidades da fruta cultivada.

“Esse tipo de integração é caracterizado pela subdivisão da área cultivada em várias parcelas, que serão pastejadas em rotação por um número controlado de ovinos. Esse sistema permite a manutenção dos animais na área da fruteira por 7 a 9 meses do ano, deixando a área livre no período de maior vulnerabilidade, como floração e frutificação”, orienta Andreza.

Porém, para o sucesso desse sistema, é fundamental que a pastagem seja bem rotacionada, para que haja a maior eficiência de pastejo pelos animais. Vale lembrar que os ovinos têm preferências pelas cultivares do gênero Panicum spp. (Panicum maximum cv. Aruana e Panicum maximum cv. BRS Tamani).

Já as forrageiras do gênero Brachiaria brizantha também podem ser usadas para o pastejo de ovinos. Mas, Andreza lembra que há a necessidade de ajustes no manejo das forrageiras quanto à altura de entrada e saída dos animais do piquete, onde um técnico pode auxiliar o produtor.

A escolha da espécie frutífera também é importante. O coqueiro e a mangueira são bastante indicados, assim como a videira e a goiabeira, porém essas espécies são mais restritivas, exigindo um manejo mais cuidadoso. “Para baratear e tornar mais eficiente o manejo, é interessante utilizar a cerca elétrica como ferramenta”, finaliza a engenheira agrônoma.

Soesp – A Sementes Oeste Paulista está sediada em Presidente Prudente (SP), e há 34 anos atua no mercado oferecendo sementes de pastagem. Sua matriz conta com infraestrutura voltada à produção, beneficiamento, comercialização e desenvolvimento de novas tecnologias tanto para pecuária como para agricultura de baixo carbono. A empresa desenvolveu a tecnologia Soesp Advanced, uma semente diferenciada no mercado, que traz diversos benefícios no plantio e estabelecimento do pasto, além de se adequar perfeitamente ao sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Acesse www.sementesoesp.com.br.

FONTE: Rural Press Kassiana Bonissoni
kassiana.ruralpress@gmail.com

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