A colheita do café, que normalmente é realizada no período de maio a setembro, constitui despesa expressiva para o cafeicultor e pode representar cerca de 30 a 40% do custo de produção em decorrência da demanda elevada de mão de obra, especialmente em regiões montanhosas com restrições para mecanização. Nesse contexto, é imprescindível que as atividades relacionadas à colheita sejam planejadas para reduzir seu custo e permitir que o café colhido atinja o máximo do seu potencial de qualidade, tendo assim maior valor agregado e mais opções de comercialização.
Assim, para realizar a colheita com mais eficiência, é recomendável a adoção das seguintes boas práticas agrícolas e de gestão: verificar instalações, equipamentos, materiais e pessoal necessários para a colheita; manter as plantas daninhas controladas sob as copas dos cafeeiros, facilitando a colocação dos panos de colheita, se for o caso; programar o início da colheita dos talhões com maturação dos frutos mais precoces, e depois colher os frutos médios e tardios; vistoriar a colheita para impedir excessos no arranquio de folhas, quebra de ramos e permanência de frutos na planta; transportar no mesmo dia o café colhido para o processamento e/ou secagem, evitando amontoar ou deixar o café secar na lavoura; e efetuar o repasse, recolhendo frutos que ficaram na planta ou no chão após a colheita, evitando o desenvolvimento da broca-do-café na lavoura e sua futura infestação.
Com relação especificamente a qualidade do café, deve-se considerar que a colheita de frutos maduros é um fator que determina o potencial de qualidade, pois os grãos com desenvolvimento pleno contêm mais sólidos solúveis e açúcares que agregam atributos sensoriais positivos à bebida. Estas características são favoráveis para que, durante o processo de torra dos grãos, ocorram reações físico-químicas necessárias para a obtenção de características desejáveis de aroma, sabor, acidez, corpo e doçura. Nesse sentido, é desejável realizar a colheita com o máximo de frutos maduros.
Dessa forma, deve-se minimizar a colheita de frutos verdes e de frutos que ultrapassaram o ponto de maturação ideal, apresentando aspecto passa com sinais de senescência, pois os frutos verdes pesam menos e produzem defeitos que depreciam a bebida; e os frutos passas são mais sujeitos à ação de microrganismos responsáveis pelas fermentações, com produção de álcoois e ácidos que podem interferir de forma negativa na qualidade caso estas fermentações ocorram de forma incontrolável e prolongada.
Assim, mais detalhes para que o cafeicultor possa determinar o ponto de colheita e esclarecer outras dúvidas desse tema podem ser obtidos na publicação da EMATER-MG – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais intitulada MANUAL DO CAFÉ – Colheita e Preparo, a qual está disponível no Observatório do Café, do Consórcio Pesquisa Café que é coordenado pela Embrapa Café.
Além disso, vale destacar que diferentes operações de colheita são executadas de acordo com a mecanização adotada – ou a ausência de mecanização – na lavoura cafeeira. Quando não há mecanização da colheita, a derriça do café é feita manualmente. Nesse caso, os custos são mais elevados e, em algumas regiões, podem inviabilizar tal sistema de produção. A colheita é considerada mecanizada quando são utilizadas colhedoras automotrizes e tracionadas, as quais reduzem significativamente o custo com mão de obra. No entanto, essa opção exige investimento significativo do cafeicultor e não pode ser utilizada em lavouras com topografia muito inclinada, especialmente em regiões montanhosas.
Adicionalmente, existem opções de colheitas semimecanizadas que envolvem principalmente a adoção de derriçadoras motorizadas portáteis costais que podem ser utilizadas inclusive em áreas montanhosas; e, também, máquinas recolhedoras e trilhadoras do café que são adotadas conforme a condução do sistema de poda e de renovação da lavoura, cujos ramos podados contendo frutos são introduzidos nessas máquinas, as quais promovem a separação desses frutos.