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CATI completa 55 anos fazendo história na história do agronegócio paulista

A história começou em 1942, com a implantação das Casas da Lavoura, se consolidou em 1967, com a criação da CATI.

O agro de São Paulo é inovador e sustentável. E na base dessa pirâmide, a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), órgão responsável pelas ações de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) na Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, sedimentou uma história de compromisso com o desenvolvimento rural nos âmbitos social, econômico e ambiental. Cumprindo a sua missão de promover o desenvolvimento sustentável, de forma participativa, transformando políticas públicas em programas, projetos e ações práticas de fortalecimento dos produtores rurais e do agronegócio, a CATI completa 55 anos hoje, dia 20 de junho de 2022.

“Ser catiano é mais que um trabalho; é uma missão, cumprida com muito orgulho!”. Essa é uma frase que simboliza a dedicação dos mais de 1.037 servidores que integram os corpos técnico e administrativo da instituição, que, junto com outras centenas já aposentados – apesar de inúmeros desafios e dificuldades -, construíram e mantêm viva a chama da extensão rural paulista.

“A CATI tem um corpo técnico altamente comprometido e capacitado, que há mais de cinco décadas tem levado informações relevantes para os produtores rurais paulistas. Essas informações são fundamentais para que o agro paulista se mantenha diversificado, forte e inovador. É uma grande alegria comemorarmos esse aniversário em um momento de grandes investimentos e novo s programas da Secretaria de Agricultura e Abastecimento e do Governo do Estado de São Paulo. Temos uma história fantástica e estamos construindo as bases para que a CATI e as demais instituições ligadas à Secretaria de Agricultura continuem fazendo a diferença no agro nacional”, afirma Francisco Matturro, secretário de Agricultura e Abastecimento de SP.

Ao longo desses 55 anos de história, é possível observar a evolução da extensão rural e a importância de sua atuação, em especial, junto aos produtores de pequenas e médias propriedades rurais do Estado de São Paulo. “Nesse período, muitas mudanças aconteceram: de comportamento, de atitude, tecnológicas, relacionais, estruturais, de produção e de comercialização. Quando a CATI foi criada o conceito de agricultura era outro; os projetos eram desenvolvidos com foco no fomento rural e na produção, sendo preciso ressaltar que foi um dos ali cerces para o avanço da agropecuária no Estado, que hoje se destaca em diversos segmentos, com recordes de produção e comercialização, nos mercados interno e externo. No exercício de seu trabalho, a instituição acompanhou as transformações do campo, ajustando as ações, sem nunca perder a essência: promover o desenvolvimento sustentável, compromissada com a qualidade de vida das famílias rurais”, destaca Alexandre Manzoni Grassi, coordenador da CATI.

COMO COMEÇOU ESTA HISTÓRIA?

Muitos costumam dizer que elas são as portas de entrada do trabalho de extensão rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Mas ao analisarmos a história das Casas da Agricultura, é possível atestar que elas também são portas de saída: do conhecimento gerado pela pesquisa; de novas tecnologias de manejo, mecanização, comunicação; de boas novas que geram renda, emprego e qualidade de vida, materializados por meio de políticas públicas, crédito rural, programas e projetos, os quais nos últimos anos têm sido construídos ouvindo os anseios e identificando as necessidades dos agricultores familiares, público prioritário do trabalho realizado nessas unidades. Ou seja, elas são um Portal, por onde a realidade do mundo rural entra e as tecnologias, ações, projetos e políticas públicas da Secretaria da Agricultura saem para consolidar o desenvolvimento rural sustentável em São Paulo.

Mas para falar desse trabalho (grandioso), que hoje é realizado em todo o Estado, é preciso resgatar um pouco da história que começou em 1942. No livro Agricultura Paulista: uma história maior que 100 anos está relatado que, para a ampliação da rede de assistência técnica da Secretaria da Agricultura, seria fundamental a presença, em cada município, de um agente da agricultura, em estreita colaboração com as Comissões da Agricultura, que eram órgãos informativos dos fatos de ordem econômica e social de cada município do Estado. Surgiu então, nesse momento, a figura do agrônomo regional que teve como precursor, nos primórdios da Secretaria, a pessoa do inspetor dos distritos agrícolas.

Nesse contexto, então, o ano de 1942 marca o início da descentralização da assistência técnica entre os órgãos ligados à Secretaria da Agricultura, que é consolidada com a criação das Casas da Lavoura, que se tornaram a base de todo o trabalho de assistência técnica aos agricultores e de difusão de tecnologias. Com essas unidades, de acordo com relatos históricos, foi possível encurtar as distâncias que levassem ao conhecimento sobre a produção agropecuária e fomentar a introdução de novas culturas em solo paulista.

Quando foram criadas, a maioria das Casas da Lavoura, as quais não foram estabelecidas em todos os municípios em um primeiro momento, não tinha edificações próprias. Muitos técnicos ficavam em locais alugados ou cedidos pelas prefeituras.

Placa Comemorativa da inauguração da 1ª Casa da Lavoura no interior do Estado, no município de Jacareí (SP).

O primeiro edifício construído para abrigar uma Casa da Lavoura no interior do Estado foi o de Jacareí (atual Casa da Agricultura de Jacareí, ligada à CATI Regional Pindamonhangaba), inaugurado em 7 de setembro de 1943, em um terreno doado pela prefeitura municipal. “Somente uma minoria, como é o caso das Casas da Lavoura de Jacareí, e de Casa Branca, inaugurada na década de 1950 (que atualmente integram, como Casas da Agricultura, as CATI Regionais Pindamonhangaba e São João da Boa Vista, respectivamente), funcionava em prédios próprios”, explica Ypujucan Caramuru Pinto, diretor do Departamento de Comunicação e Treinamento, que frequentava a Casa da Agricultura de Casa Branca na adolescência, para comprar sementes para o avô.

A maioria das edificações das Casas da Agricultura, que hoje integram a rede CATI, está datada da década de 1960, mais precisamente entre os anos de 1960 e 1962, quando o governador Carvalho Pinto destinou recursos do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo (Ipesp) para a construção.

Em seu início, as Casas da Lavoura não possuíam programação ou metodologia bem definidas, por isso as características pessoais de cultura, iniciativa e liderança dos técnicos encarregados eram determinantes para o sucesso das ações.

Fotografia antiga da fachada da Casa da Lavoura de Taubaté (SP).

No dia 20 de junho de 1967, data do Decreto n.° 48.133 (publicado na gestão do governador Roberto Abreu Sodré e assinado pelo secretário de Agricultura e Abastecimento, Herbert Levy), marca a criação da CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica e Integral.

Com a criação da CATI, órgão no qual se centralizam as ações de assistência técnica e extensão rural, as Casas da Lavoura passam a se chamar Casas da Agricultura, com ampliação de suas funções, expressa no novo nome, haja vista que o termo agricultura está relacionado a tudo o que envolve o meio rural.

Nesses anos todos, trabalhos importantes foram realizados nas décadas de 1960, 1970 e 1980, tais como campanha para expansão da soja; Pró-álcool; Pró- feijão; combate à febre aftosa, à peste suína africana, ao cancro cítrico; classificação de produtos agropecuários; produção de sementes básicas; campanha de armazenamento comunitário; difusão da tecnologia do silo subterrâneo; Plano de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira (PDPL); criação do Método CATI de Renovação de Pastagens; Plano de Renovação Cafeeira (o qual promoveu a renovação da cafeicultura em São Paulo, após a grande geada de 1975 que dizimou milhões de pés de café). Para ampliar o alcance das informações, a CATI utilizava intensamente meios de comunicação diversos: rádio (levava ao ar o programa Atualidades Agrícolas, por uma rede de emissoras regionais, que recebeu um troféu da FAO, como o melhor programa agrícola do Brasil); implementou o primeiro programa da TV brasileira voltado ao meio rural (também Atualidades Agrícolas; cuja primeira transmissão aconteceu em 1973, pela retransmissora da Globo de Bauru e, posteriormente, pela TV Tupi); materiais gráficos diversos, carros com equipamentos audiovisuais; revista e jornal.

No final da década de 1990, destacou-se o trabalho com Microbacias Hidrográficas, o qual consolidou um novo enfoque extensionista baseado na participação e no protagonismo dos agricultores.

CRONOLOGIA DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL EM SÃO PAULO

1887 – Criação da primeira Estação Agronômica do País. Contratação do cientista e professor alemão Franz Wilhelm Dafert, para conduzir a implantação. Nascia o Instituto Agronômico, de Campinas, cidade escolhida por ser o ponto mais central da atividade da Província de São Paulo.

1892 – Ações dirigidas ao fomento agrícola e para a defesa fitossanitária das culturas.

1900 – Criação de Distritos Agronômicos com inspetores agrícolas que tinham a missão de levantar as necessidades das lavouras, realizar conferências, atender consultas de lavradores, instalar campos de experiências e demonstração. (Pinto, 2000) Época marcada em termos econômicos, políticos e sociais pela hegemonia dos grandes proprietários fundiários. Nessas condições, a orientação à lavoura dirigiase a um público restrito. (Bergamasco,1992)

1911 – Reestruturação da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Criação da Diretoria da Agricultura composta pelo Serviço de Inspeção e Defesa Agrícola (Sida) e pelo Serviço de Distribuição de Sementes (SDS).

1914 – Criação do ensino itinerante com carros-escola dotados de mostruários de máquinas e instrumentos agrícolas, publicações e sementes para distribuição.

1927 – Diretoria da Agricultura é transformada em Diretoria de Inspeção e Fomento Agrícola (Difa).

1935 – Extinção da Diretoria de Inspeção e Fomento Agrícola. Criação do Departamento de Fomento da Produção Vegetal (DFPV).

1942 – O Departamento de Fomento da Produção Vegetal é incorporado pelo Instituto Agronômico. Por meio dessa fusão, nasce o Departamento da Produção Vegetal (PDV). A função de fomento agrícola passa à Divisão de Fomento Agrícola (DFA).

1942 – São criadas as Casas da Lavoura, que constituíram a base de todo o trabalho de assistência técnica aos agricultores e difusão de tecnologias. (No período de 1927 até 1942 acontece a consolidação da organização da Assistência Técnica oficial à agricultura paulista, de caráter fomentista, articulada com a pesquisa).

1949 – Efetivação do Departamento de Engenharia e Mecânica da Agricultura (Dema), criado em 1947. Com o objetivo de atender às necessidades da agricultura em termos de mecânica, irrigação e drenagem e combate à erosão.

1958 – Criação da Divisão de Assistência Técnica Especializada (Date), com a função de prestar orientação técnica especializada aos profissionais ligados à rede assistencial, com setores de informação no que se refere à comunicação rural e ao planejamento dos programas de assistência técnica, que Oliveira, em obra de 1984, define como “um conjunto de esforços que tem por objetivo aumentar a produção e produtividade do setor agrícola de um país, prescindindo, de certa forma, de considerar o elemento humano como objetivo do processo”.

1960 – Criação do Centro de Treinamento de Campinas (Cetrec).

1967 – Nesse ano, a Secretaria passa por uma reformulação, que promove a centralização de vários de seus departamentos e divisões em três coordenadorias e duas empresas de economia mista, sendo a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp) e a Companhia Agrícola Imobiliária e de Colonização (Caic); e as coordenadorias: Coordenadoria de Pesquisa Agropecuária (CPA), Coordenadoria da Pesquisa de Recursos Naturais (CPRN) e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), instituição responsável pela assistência aos produtores paulistas. A partir desse período, as Casas da Lavoura passam a se chamar Casas da Agricultura.

A CATI NA ATUALIDADE

Em sintonia com as transformações do agro mundial e as demandas da sociedade, alicerçada na revolução digital, a instituição tem uma estrutura com uma ampla capilaridade, que inclui 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural; mais de 500 Casas da Agricultura; 18 unidades de produção da CATI Sementes e Mudas além de departamentos e centros localizados na sede, em Campinas. Toda essa estrutura contribui para uma atuação decisiva em prol do agro paulista.

Com uma rede de extensionistas (técnicos e administrativos), a instituição gera e difunde conhecimento, tecnologia e inovação. Entre outras ações, executa políticas públicas que geram renda, emprego e fixação das famílias no campo com qualidade de vida; capacita produtores rurais em gestão da produção e do negócio rural; viabiliza o acesso dos pequenos e médios produtores ao crédito rural, elaborando projetos de financiamento; executa programas que promovem segurança alimentar, inclusão social e melhora no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); incentiva a produção em harmonia com o meio ambiente, com projetos e ações voltados à conservação dos recursos naturais (solo e água) e regularização ambiental das propriedades rurais (Cadastro Ambiental Rural – CAR e Programa de Regularização Ambiental – PRA), com reflexos para toda a sociedade.

“Ao lado das atribuições cotidianas, atualmente trabalhamos a gestão do território rural, de forma abrangente no contexto do desenvolvimento rural sustentável, para garantir que haja harmonia entre produção e conservação do meio ambiente. Hoje, são mais de 300 mil propriedades que contam com a atuação dos nossos extensionistas, os quais têm realizado seu trabalho em relacionamento estreito com milhares de produtores rurais e representantes de todos os segmentos do agro, público e privado, levando em consideração a diversificação de explorações agropecuárias – uma das principais características e vantagem comparativa do Estado de São Paulo – e as questões ambientais”, ressalta Grassi.

A SEDE DA CATI, EM CAMPINAS (SP)

A Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), criada em 1967, tem sua sede instalada em Campinas (SP) e como foco de atuação promover o desenvolvimento sustentável, com geração de renda, emprego e melhoria de qualidade de vida para as famílias rurais paulistas. Está localizada em um conjunto de prédios com linhas modernas e retas, cuja construção teve início na década de 1960, período em que a Secretaria de Agricultura e Abastecimento iniciou uma reforma administrativa, que culminou com a fusão de Centros e Departamentos voltados à assistência técnica e ao desenvolvimento da agropecuária paulista.

Demarcada a atual avenida Theodureto de Almeida Camargo (travessa da Avenida Brasil), parte da Fazenda Santa Eliza pertencente ao Instituto Agronômico (IAC), de Campinas foi desmembrada, sendo uma das parcelas do terreno liberada para a implantação das Unidades do Departamento de Mecanização e Engenharia Agrícola (Dema). Com a extinção do Dema e a criação da CATI, o terreno passou a pertencer à Instituição.

No primeiro prédio, inaugurado em 1966, atualmente está instalado o Centro de Comunicação Rural (Cecor) e o Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM). O presidente da República da época, Humberto de Alencar Castello Branco, foi o personagem central na inauguração desse prédio.

A seguir foi construído o prédio do Centro de Treinamento de Campinas (Cetrec), hoje denominado Centro de Treinamento (Cetate); a seguir foi inaugurado o prédio que abrigava a Divisão de Assistência Técnica Especializada (Date), que foi reestruturada sendo incorporada pela Divisão de Extensão Rural (Dextru), prédio que atualmente, pertence à Coordenadoria de Defesa Agropecuária. Depois foram inaugurados os prédios que hoje abrigam o gabinete do coordenador e as unidades administrativas; o do Centro de Convivência Infantil (CCI), onde também estão instalados os alojamentos masculino e feminino da CATI, bem como o refeitório; o complexo de garagem e almoxarifado; e o prédio onde atualmente estão instalados o Centro de Informações Agropecuárias (Ciagro), o Escritório de Desenvolvimento Rural e a Casa da Agricultura de Campinas.

Construção do prédio do CETATE (Centro de Treinamento da CATI), em 1967.

Parque da CATI

Uma profusão de cores, aromas e encanto para a alma, assim pode ser descrito o Parque da CATI, que em um belo planejamento paisagístico, inseriu em uma área urbana uma rica flora, com espécimes de árvores raras e um corredor ecológico para uma fauna de pássaros e pequenos roedores.

Antes da formação do Parque, visando à inauguração do complexo, foi efetuado um trabalho paisagístico, em uma parceria da CATI e da Prefeitura Municipal de Campinas, no sentido de criar uma área gramada nos arredores dos prédios. Relata à história, que no período antecedente à cerimônia de inauguração em 1966, foram assentados diversos caminhões de grama, tendo resultado estético ficado satisfatório e conveniente para cumprir o seu propósito.

A partir de então, o engenheiro agrônomo Hermes Moreira de Souza, conhecido como o construtor de florestas, elaborou um projeto de arborização e iniciou o plantio intensivo de diversificadas essências florestais e frutíferas, o que foi preponderante para estabelecer o rico padrão botânico do Parque da CATI. O intenso e contínuo plantio de árvores por parte do agrônomo, foi continuado por outros profissionais da CATI, comprometidos com a conservação da área, que se tornou um pulmão verde entre o conjunto de concreto. Atualmente, a instituição tem investido em renovar a identificação das espécies arbóreas e sua a manutenção.

A área total do terreno ocupado pela CATI é de 130.285 m², dos quais 52.400 m² são ocupados pelo Parque, que está assentado sobre solo de terra roxa, o melhor do Estado, segundo técnicos da instituição, especialistas em conservação do solo.

Parque da CATI, anexo à sede e ao CETATE, em Campinas (SP).

FONTE: Adaptado de vários artigos publicados por Cleusa Pinheiro – Jornalista – Centro de Comunicação Rural (Cecor/CATI) – cleusa@cati.sp.gov.br

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